𝑷𝒓𝒐́𝒍𝒐𝒈𝒐.

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A moça se debatia loucamente, lutando para manter sua vida e para se soltar do agarre do homem, que a puxava pelos braços e mais para dentro da mansão

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A moça se debatia loucamente, lutando para manter sua vida e para se soltar do agarre do homem, que a puxava pelos braços e mais para dentro da mansão.

A casa estava escura e fria, não era habitada há anos, e agora era apenas um ninho de maldade, onde tudo de ruim nasce e floresce.

Os cabelos pretos da mulher estavam desgrenhados em um completo caos, um pequeno corte se encontrava em seus lábios e supercílio e em seus pulsos ainda se via a marca vermelha das amarras. Ela chorava, chorava e chorava, mas de nada adiantava. Ela rezava, rezava e rezava, mas nenhuma resposta obtinha.

Ela percebeu quando uma luz fraca se infiltrou pelas pálpebras fechadas.

Velas.

Por que velas? Não havia eletricidade?

O brilho da chama dançava alegremente, como se estivesse rindo de sua situação. Ela se debateu novamente, porém o homem apertou com mais força seus braços. Sentia as pernas sendo arranhadas pelo piso de pedra. Estava com frio.

Por que ela? Se perguntava chorosa.

Não havia feito nada de ruim a ninguém, nunca quis incomodar, nunca passou por cima de ninguém, nem quando isso ia lhe garantir o seu sonho.

Quem se irritou, a um ponto tão extremo, para fazer isso com ela?

Seja lá quem for, ela não tinha a intenção.

Ou talvez tenha sido uma péssima decisão sair durante a tarde, talvez devesse ter ficado em casa. Talvez não devesse ter esbarrado naquele homem. Talvez não devesse tê-lo ajudado. Talvez não devesse ter sido tão gentil.

A culpa tomou seu coração. Havia feito algo errado. Tinha que ser isso.

Tudo tinha uma explicação, e ela esperava conseguir uma quando saísse dali.

Tinha que sair.

Puxou o ar com mais intensidade quando uma pedrinha um pouquinho maior raspou a pele já ralada. A morena se remexeu, tentado fugir da dor.

E enquanto balançava a cabeça para tirar o cabelo do rosto, viu os quadros nas paredes do corredor. Eram coisas grotescas, cheias de dentes afiados e olhos felinos, encarando-a como uma espécie de refeição. As pinturas lhe despertaram tanto horror que ela jurou ver uma delas se mexer.

As lágrimas quentes seguiam um rastro ininterrupto até o queixo, onde pingavam para o colo. A moça só queria ir embora para casa. Sair dali. Mas isso já parecia uma ideia distante e fantasiosa.

Seu corpo se enrijeceu quando ele parou de repente. Ela olhou para cima, tentando ver o que estava acontecendo e observou a face do homem sem dizer uma palavra, temendo atrair a atenção dele para si. Entretanto, nada havia do no rosto dele senão a mais pura e fria crueldade, e na hora em que ele se virou para ela, sabia que seu destino estava selado.

A morte.

O choro silencioso da mulher continuou caindo enquanto ela aceitava tristemente o fim de sua caminhada neste mundo. Seu trágico final. A infeliz realidade.

Ela queria implorar, queria gritar alto o suficiente para alguém ouvir. Mas quem escutaria? Ninguém conseguiria escutá-la de onde estava.

Além do mais, se sentia culpada.

Se sentia merecedora de um fim tão horripilante.

Não deveria falar com estranhos e descumpriu a regra mais importante.

Ela merecia sofrer. Talvez na próxima vida fosse mais esperta.

E quando o homem a jogou dentro da sala mal iluminada, ela não reagiu, apenas permaneceu caída no chão com o corpo mole e exausto, doído por ter ficado encolhida dentro da mala do carro e por ter sido arrastada.

Reparou em uma marcação no chão, vermelha como o sangue, e que estava no centro dela. Ela encarou o encapuzado, que acendia uma última vela e a posicionava no chão a sua frente. Ele tirou algo do suporte na parede às suas costas e se aproximou dela, parando ao seu lado e se abaixando.

A confusão tomou sua mente antes de ser atingida pela dor latejante em suas costelas. A adaga na mão dele agora estava suja com seu sangue. O homem encapuzado uniu os dedos e os pressionou contra o corte, trazendo mais dor a ela.

A figura sombria fechou a porta e desenhou um símbolo nela com o próprio sangue, depois, espalhou um pouco sobre o rosto dela.

A mulher tremia loucamente, de frio, de dor, de medo. Uma sensação terrível tomou conta dela quando ele se aproximou, agachando-se ao seu lado e beijando sua testa.

— Eu lhe concedo este sacrifício, Eversor.

A voz dele era rouca, como se se fosse pouco utilizada e com um sotaque estranho que causava arrepios dentro dela. A letra R era puxada e marcada, o E estendido e o T era pronunciado de maneira curta. Lembrava vagamente um sotaque francês.

— Immolo animam meam sordidam in nomine tuo, virtutem innocentium ad voluptatem tuam conspurco, neco ad explendam famem tuam

Ele disse algo que ela não pode compreender. Gritava olhando para cima, como se chamasse algo.

Dono autem tibi hoc donum, do tibi dominum meum, et ad probationem devotionis mee, petens tantum ut meam inhonestam mortalitatem apud te serves. Aeternum me servum tuum constitui.

Parecia ter acabado de falar pela forma como parou e a encarou. O círculo vermelho se acendeu ao seu redor, mas a moça não tinha mais forças para tentar fugir dele. O corte que ele fez em sua costela doía tanto que mal conseguia se mexer.

E quando ele se acercou, trazendo a lâmina consigo, fechou os olhos, imaginando o terrível desfecho de sua vida.

Não foi como ela imaginou que seria. Foi lento, extremamente doloroso, frio e solitário, com uma adaga cravada em seu peito. Ela sentiu a dor excruciante acompanhada das lágrimas embaçando sua visão, antes de sucumbir ao vazio, ao escuro, sendo observada por seu assassino.

A criatura estava chegando. Ele podia sentir o cheiro fétido no ar anunciado sua vinda.

A sensação sempre era esquisita, mas ele jurou guardar esse mundo e protegê-lo das almas vis que o corrompiam. Elas precisavam morrer, queimar pela eternidade em um dos sete infernos. E ele garantiria isso.

Ninguém escaparia da punição

Ghost | DAMIAN WAYNEOnde histórias criam vida. Descubra agora