𝟎𝟎𝟏.

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Gotham podia ser muitas coisas, mas para Evie era apenas um lembrete de tudo de ruim que já lhe havia acontecido na vida

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Gotham podia ser muitas coisas, mas para Evie era apenas um lembrete de tudo de ruim que já lhe havia acontecido na vida. Não conseguiu evitar os pensamentos negativos em sua mente por mais que quisesse. Estar de volta a cidade, depois de cinco anos se equiparava a abrir a tampa de uma caixa de memórias, entretanto, ao invés de conter bons momentos, só tinham péssimas recordações. A ideia de voltar sempre pareceu distante e surreal para ela, a morte mudou seus planos pela segunda vez e a trouxe de volta.

Através dos vidros embasados do carro, via-se as luzes da cidade como rastros amarelos e brancos, passando rapidamente por seus olhos escuros e hipnotizando-a com sua claridade. Muitas pessoas corriam com seus guarda-chuvas em mãos e perseguindo os táxis para fugir da chuva. Gotham nunca dormia, era impressionante como parecia tão movimentada de noite quanto era de dia. Mas a agitação da rua não era atraente para Evie. A garota preferia o silêncio.

Ouviu o motorista dizendo algo, porém sua cabeça estava em outro lugar. Logo reencontraria com sua mãe e não se sentia nada pronta para isso, não sabia nem se queria vê-la. Com um suspiro ela se recostou no encosto do carro e apoiou a cabeça no vidro frio da janela, tentando pensar em outra coisa durante o trajeto. O veículo começou a perder velocidade, parando no meio da via, com carros também parando dos lados e atrás deles. O homem apertou a buzina em um esforço inútil para acelerar o trânsito.

Evie decidiu fechar os olhos e tirar um cochilo. Estavam engarrafados e olhar pela janela já havia perdido a graça há um tempo. Valia mais a pena dormir um pouco e recuperar as energias antes de chegar em casa e ter que enfrentar a mãe.

O caminho de volta para casa teria sido melhor se tivesse conseguido relaxar, mas a ansiedade a manteve acordada e alerta durante todo percurso. Ficou agradecida pelo homem sentado no banco da frente estar tão ocupado frustrado com o trânsito que nem quis puxar assunto com ela. Detestava conversar com estranhos.

E ao chegar em "casa" a respiração que ela nem percebeu que estava prendendo saiu pelos seus lábios. O que havia de pesado no seu peito começou a subir e queimar tudo em seu corpo, se transformando em raiva. Observou do detalhe das janelas ao telhado avermelhado que tanto gostava na infância. Tudo ali lhe parecia triste e sem sentido nenhum. Tudo ali a deixava furiosa.

Balançando a cabeça, Evie abriu a porta do carro e tirou as malas do bagageiro, puxando as duas pelo caminho de pedra até a porta principal. A grande porta vermelha recém pintada parecia muito mais intimidadora agora do que quando era criança.

Tocou campainha e em dois minutos uma senhora com um rosto cansado e enrugado abriu a porta. Um pequeno sorriso escapou de Evie ao reconhecer Phillipa, a mulher do turno da noite que limpava a cozinha e a sala.

— Evie? — A mulher parecia surpresa ao vê-la parada diante dela. Com um sorriso a mais velha a puxou para um abraço apertado — Criança, o que faz aqui? Pensei que estivesse do outro lado do mundo.

Ghost | DAMIAN WAYNEOnde histórias criam vida. Descubra agora