"Noé"

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Esse é o cap mais difícil de escrever pq fiquei imaginando o Noé lendo o Vanitas descrevendo cenas DELE então tipo????
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De todos os capítulos, esse deve ser meu favorito por vários motivos.

Devo dizer que quase me orgulho de ter conhecido Noé Archiviste, é um dos poucos méritos que tenho.

Para contextualizar o leitor - se é que há um leitor - logo após o casamento, teoricamente, vem a Lua de Mel, certo? Pois bem, não é meu caso.

Tecnicamente eu e Jeanne nunca tivemos uma Lua de Mel, por motivos óbvios. O que fizemos foi simular um, viajando até o campo e passando duas semanas lá. Não era exatamente um campo, na verdade, era mais um casarão no interior.

Lá morava, ou ainda mora, a "amiga" de Jeanne (mais tarde entenderá o porquê das aspas), Dominique. Não só ela, como também seu amigo Noé.

É nesse ponto que começa a história.

"Não acredito que fez isso!", Dominique disse várias vezes a mim e a Jeanne, "Isso...isso é loucura!"

"Que opções nós tínhamos?", tentou defender Jeanne,"Era isso ou nunca mais se ver novamente."

"Mas vocês podiam...podiam...Ah, por que vocês tinham que andar tanto juntos para início de conversa?! Não estavam cientes do risco?!"

"Você acha que pensei isso naquele momento, Domi? Acha que passou na minha cabeça que minha vida seria tão interessante para os outros discutirem sobre? Acha que se soubesse eu não teria tomado mais cuidado?", ela gritou, dava para perceber a chateação na voz dela, "Achei que me conhecesse!"

Jeanne saiu do quarto batendo as botas no chão de madeira fortemente, talvez desse para ouvir do andar abaixo.

"Você não a ama. Você não é como eu..você... Eu sei que você não a ama. Então...por que?"

"Foi o que ela disse."

"Se você realmente se importasse com ela, teria a deixado, sabendo que isso seria o melhor."

"Eu perguntei a ela qual opção era melhor. Isso é escolha dela, apenas dela. Você querendo ou não vai aceitar isso, porque se realmente se importa com a Jeanne, vai entender o lado dela."

"Você foi egoísta, isso sim. Tenho certeza que manipulou ela de algum jeito; a Jeanne que eu conheço não abriria mão da liberdade por causa de um ninguém como você."

Dominique foi atrás dela. Naquele momento sozinho, me dei conta da diferença entre Jeanne e eu e Dominique com Jeanne.

Dominique conseguiria abrir mão para que Jeanne fosse bem vista, ela estava disposta até a acabar com sua reputação - que é muito boa, já que sua família é bem vista por toda Paris. Enquanto eu, egoísta como sou, deixei a escolha na mão da Jeanne, já sabendo a resposta.

Querendo ou não, manipulei a resposta dela, talvez realmente houvesse outra alternativa, passar a mandar cartas talvez.

Contudo não seria a mesma coisa, não seria a mesma sensação de espera-la na praça, de pegar meu caderno de rabiscos e papear enquanto tento captar a beleza dela, perderia a graça e talvez esse deixasse de ser um momento de calma meu, já que, como dito, não posso ficar sozinho ou então aqueles pensamentos voltam.

Assinado, VanitasOnde histórias criam vida. Descubra agora