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- Isso está delicioso. - Disse ao terminar de engolir um pedaço da kafta em meu prato.

Carlisle riu antes de responder:

- Você fala com tanto prazer, que eu acho que é a primeira vez que eu gostaria de poder sentir o gosto da comida humana.

- Queria poder fazer alguma coisa quanto a isso. - Beberiquei um pouco do vinho -Realmente valeria a pena.

- Está tudo bem. - Ele estendeu a mão por cima da mesa e eu encaixei a minha na dele - Ver você se apreciar é o suficiente para mim.

O restaurante, localizado na área mais central de Port Angeles, fervia naquela sexta-feira a noite. Sentados em uma mesa mais ao fundo, nossa conversa se misturava com as vozes alheias, deixando-nos confortáveis para falar sobre qualquer coisa. Não que Carlisle não tivesse chamado a atenção quando chegamos, fazendo algumas pessoas virarem o pescoço para poderem vê-lo melhor. Você não pode julgá-los, pensei, faria a mesma coisa no lugar deles. Oh, sim, eu faria. Mesmo ali, sentada tão perto dele, ainda tinha dificuldades para desviar meu olhar.

- Você se lembra? - Perguntei - Do gosto da comida?

- Não exatamente. - Ele encarou o meu prato -
Esse definitivamente não era o tipo de prato que eu costumava comer em Londres na minha juventude.

- Então restaurantes árabes não eram moda na época? - Ri, levando a taça aos lábios outra vez.
- Definitivamente não. - Sorriu - Minha família tinha uma boa condição naquele tempo, meu era pastor. Não lembro de passar fome, mas certamente não nos banqueteávamos como as pessoas fazem hoje em dia.

-Seu pai era pastor? - Não consegui disfarçar a surpresa.

- Sim. Irônico não? Foi o que levou a minha transformação, de certa forma. - Ergui uma sobrancelha em questionamento, incentivando-o a continuar - Ele me levou para caçar vampiros. Infelizmente, ou felizmente, dependendo do ponto de vista, daquela vez não eram pessoas inocentes. Eram, de fato, o que meu pai desconfiava. Acabei sendo mordido.
Não sei se de propósito..

- Como uma vingança ao seu pai. - Concluí.

- Por muito tempo imaginei que sim.

- É a razão pela qual se recusou a beber sangue humano? - O sorriso que ele deu não era mais tão feliz quanto antes - Me desculpe, eu não quis ser...

- Não, de forma alguma. - Ele apertou minha mão entrelaçada na dele - Eu sabia que essas perguntas chegariam. Eu mesmo enchi você com as minhas, nada mais justo que eu a responda agora.

- Você não precisa..

- Eu quero. - Era como se estivéssemos de volta a floresta novamente, com os papeis invertidos. E, inesperadamente, parte de mim ficou feliz. Eu gostava que Carlisle sentisse a mesma necessidade de dividir as coisas comigo, como eu sentia de fazê-lo com ele. - Essa foi a razão pela qual me tornei... vegetariano, como gostamos de nos intitular.
Continuou - Apesar das maneiras tortas de meu pai, ele me ensinou a ter fé e ser resiliente. E eu jamais conseguiria machucar alguém.

-Então tudo que me contou no hospital aquele dia... Todos os séculos que se dedicou a isso...
Foram fé e resiliência?

- Sim. Tenho fé que nós vampiros possarmos ser mais do que criaturas com um apetite insaciável por sangue. - Falou enquanto seu polegar desenhava círculos na minha mão - E para que possamos ser mais do que isso, inquestionavelmente precisamos de ter resiliência. - Sorriu.

- Você é um homem religioso, Carlisle? -
Inclinei levemente minha cabeça. Será que algum dia eu entenderia todos os pormenores dele?

- O que eu acredito é maior que a religião.
Afirmou - Você é?

eternity - carlise Cullen Onde histórias criam vida. Descubra agora