Capítulo 9

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Pov Christopher

Eu não sairei vivo dessa.

Não quero assustar a minha equipe, mas está uma bagunça aqui dentro. Estou vendo tudo branco, algumas silhuetas e o símbolo enorme.

Não acho que isso tenha reversão. Mas está tudo bem, eu estou tranquilo.

Minha mente vai e vem, não sei explicar ao certo. Mas sentir o toque deles me mantém nessa realidade. Principalmente o toque do meu filho.

Eu não queria deixá-lo novamente, não queria que ele sentisse frio de novo.

Mas eu sei que ele está em boas mãos, sei que o Thiago, a Liz, o Joui e o Arthur cuidarão bem dele para mim.

Eu não podia deixar que nenhum deles viesse no meu lugar, seria injusto.

Meu filho é jovem, eu o amo e ele é tudo o que eu tenho de mais precioso. Ele tem tanto o que viver e aprender, aprender a se abrir com os outros, a confiar em si mesmo e ver que não sentiremos frio enquanto cobertos de carinho pelos outros.

Joui é um menino tão iluminado e aventureiro. Ele ainda tem muitas pessoas para alegrar, como o meu filho por exemplo. Tem vários lugares que ele não foi e várias aventuras que ele ainda não desbravou.

Arthur é tão doce, e um verdadeiro rockstar. Existem várias musicas que ele não tocou, e vários lugares que ele ainda não se apresentou.

Liz é uma pessoa forte e complicada, que mesmo sendo jovem presenciou coisas terríveis. Ela merece aproveitar sua vida, aprender que demonstrar afeto abertamente não é uma fraqueza e ter a chance de construir uma família com o homem que ela ama.

Thiago é como o pai dele, corajoso e dá a vida por quem ele ama, Arnaldo ficaria orgulhoso. Ele tem a Liz e os meninos para proteger e cuidar, ele é a estrela guia. E eu sei que ele e a Liz tem muito o que viverem juntos, dá para ver que o que não lhes falta é amor.

Eu por outro lado, já vivi bastante. Criei a minha família com a mulher da minha vida, tive um filho que eu amo com todo o meu coração, fiz sucesso na minha carreira, vivi inúmeras aventuras, viajei para muitos lugares, fiz vários amigos, me diverti, expressei abertamente o que eu sentia...

Eu já não sou tão jovem quanto eles, nem tenho tantas experiências novas para vivenciar. Não posso deixar eles perderem a chance de viver tudo que eles tem direito. Só se vive uma vez, e ninguém devia ir embora sem aproveitar ao máximo sua única vinda a terra.

Da mesma forma que "amar é deixar ir" amar também é partir.

Não vou negar, está sendo difícil para mim. É difícil dizer que está tudo bem e mentir para eles que eu vou sair dessa.

Eu estava os guiando por aquele labirinto, revendo todas as minhas memórias e pensando em tudo que vivenciei até aqui.

Eu ouvia o que parecia ser uma pulsação, e quanto mais andávamos, mais alto ela ficava.

Depois de alguns minutos andando, nós encontramos a entrada de uma caverna.

Eu conseguia sentir que estávamos perto do fim de santo berço. Seja lá o que estivesse me atraindo, era a chave para acabar com isso tudo.

De tempos em tempos eu sentia minha percepção de realidade se distorcer e meu corpo parecia não ser meu corpo.

Me concentrei no pessoal, e com certa dificuldade consegui voltar a mim novamente.

— Pai? — Meu filho puxou minha mão. — O que aconteceu?

— Nada filho. — Menti. — Let's go guys, o que nós  procuramos está lá dentro.

Efeito Borboleta | LizagoOnde histórias criam vida. Descubra agora