por quê?

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Marília Mendonça

A campainha tocou assim que eu me joguei na cama. De tanta raiva e cansaço, decidi deixar tocar. Mas parece ser uma pessoa insistente demais. Aquele barulho me irrita! Levanto batendo o pé, como uma criança mimada, vou até a porta e abro. Arregalo os olhos quando vejo quem é.

- Lauana... O que faz aqui? - Digo surpresa.

A mulher tinha uma bebezinha nos braços e uma bolsa-maternidade no ombro. A menina dormia. Lauana foi uma das meninas que eu me relacionei há pouco mais de um ano, nosso rolo durou alguns meses, até que eu conheci outra menina. Ela estar ali me assusta, ainda mais uma hora dessa da madrugada.

- Estava te procurando. - Disse ela, com a voz ofegante. Parece ter corrido uma maratona. - Segura ela pra mim.

Sem nem perguntar se sei segurar uma criança tão pequena, ela colocou em meus braços. Arregalei ainda mais os olhos por quase deixar aquele toco de gente cair. Segurei ela forte, com medo. A mulher passou por mim e deixou a bolsa no sofá, pegou uma nota de cem que estava jogada na mesa e voltou até mim.

- Cuida dela. - Foi a última coisa que disse antes de sair correndo dali.

Corri atrás dela, esquecendo da menina nos braços, mas me lembrei logo quando ela começou a berrar no meu ouvido.

- Não... Não chora criancinha. - Entro em desespero.

Começo a balançar aquela criança enquanto volto para o meu apartamento. Fecho a porta e me sento no sofá, vendo que ela já estava mais calma. Deixei ela sentada no sofá e entreguei um objeto qualquer pra ela, peguei meu celular e comecei a tentar ligar para Lauana, que não me atendia.

O que eu vou fazer com uma criança? Eu não sei cuidar nem de mim direito. Ando de um lado para o outro sem saber o que fazer, pensando nesse mini ser humano... Que agora está se engasgando com alguma coisa que eu dei pra ela e quase caindo do sofá.

- Não morre... Não morre. - Entro em desespero.

Corri e levantei ela, abri sua boca a força e tirei uma peça da decoração que eu tinha dado pra ela e ela quebrou. Ela já estava roxa. De novo, começou a chorar. Por que ela não para de chorar? Fome... Ela tá com fome.

Seguro suas costas contra meu corpo com uma mão enquanto procuro com a outra alguma coisa para alimentar ela dentro da bolsa que Lauana deixou, e então encontro a mamadeira. Pego o celular e pesquiso como fazer mamadeira para um bebê.

Coloquei ela deitada no sofá, coloquei todas as almofadas que tinha ao lado dela e no chão, fui até a cozinha, enchi sua mamadeira, peguei quatro colheres de leite ninho e sacodi a mamadeira até misturar.

- Pelo menos de fome ela não morre. - Digo olhando a mamadeira e a sujeira que eu tinha feito de leite em pó.

Voltei até a menina que estava vermelha de tanto chorar, peguei ela de novo com muito medo de deixar ela cair, deitei ela no meu braço e coloquei o bico da mamadeira na boca dela. Ela começou a puxar o leite com força, bebendo rápido. Suspiro aliviada sabendo que aqueles gritinhos finos de bebê acabaram. Me sentei no sofá e fecho os olhos, ainda segurando a mamadeira. A paz novamente tomou o apartamento, até eu ouvir a menina se engasgar.

Olhei pra ela e ela estava toda suja de leite, tossindo.

- Aí, meu Deus! - Digo desesprada.

Tiro a mamadeira da boca dela e bato em suas costas para ver se melhora, e foi aí que eu tomei um belo banho de leite e baba de neném. Ela olhou nos meus olhos, resmungando. A vontade de chorar entalou minha garganta.

Baby Lua | Mailila Onde histórias criam vida. Descubra agora