A ressaca tá me matando. Lua grita enquanto brinca. Está feliz, não quer me soltar de jeito nenhum.
- Marília? - Ouço Maiara me chamar.
Vou até ela. Ela está parada de costas para mim, fazendo a mamadeira da pequena. Seus cabelos estão presos em um coque que já está bagunçado. Há alguns fios jogados por sua nuca e ombros. Ela está extremamente linda.
- Você trouxe sua carteira? - Pergunto me aproximando.
- Não. Deveria? Ainda estou em período de experiência. - Diz ainda focada em fazer a mamadeira da pequena.
- Traga amanhã. Você se importa caso durma aqui durante a semana?
- Dormir aqui? - Ela vira seu pescoço, me olhando. - Me importar, não me importo. Moro longe e seria um adianto pra mim. Mas..
- Então posso te ajudar a pegar suas coisas para trazer pra cá. Vou pedir para arrumarem o quarto pra você. - Pego um copo e vou até o bebedouro.
- Marília? - A olho, enquanto bebo a água. - Você sabia que período de experiência é trinta dias?
- Você tá trabalhando pra mim, eu quem dito as regras aqui. - Dou de ombros e ponho o copo na pia. - Amanhã assino sua carteira.
- E como sabe se faço um bom trabalho? Não tem uma semana que me conheceu.
- Mai... - Suspiro e me encosto na pia, cruzando os braços, a olhando nos olhos. - Enquanto eu estava na farra, sem nem querer saber dela, você esteve com ela. Você fez o que pôde para que ela ficasse bem. Se fosse outra, deixaria com qualquer um e sumiria. Ou até mesmo me denunciaria. Eu fui uma péssima mãe mas você esteve aqui com ela quando eu não estive. Eu preciso de mais?
Ela olhou para a pequena que brincava no tapete da sala. Robóticamente me aproximei dela. Meus dedos miraram em seu rosto, a assustando. Ela me olha ofegante. Sorrio.
- O que está fazendo? - Pergunta. Acompanho os movimentos de seus lábios.
- Só vendo o quão você é... bonita..
Isso é tão errado. Me envolvi com alguém que eu não faço a mínima de quem seja, a qual me deixou marcas na pele, mas estou vidrada em uma menina tão linda que me atrai tanto. Meu polegar desliza por sua bochecha vermelha. Ela está como um morango.
Miro minha outra mão em sua cintura, levando ela até a bancada e encostando cuidadosamente seu corpo ali. Não tiro meus olhos dos meus, exceto no momento em que entro com meus dedos por seus cabelos. Meus olhos caem para seus lábios, e os dela olham os meus fixamente.
- Lila.. - Ela sussurra.
Olho em seus olhos e, sem perceber, aperto sua cintura.
Lila..
Soa tão bem vindo de seus lábios. Lila.
- Uhum.. Lila. - Murmuro.
Seus lábios estão tão convidativos. Estão brilhantes, cheiram a morango. Rosinhas e brilhantes. Estão chamando pelos meus em silêncio. Sua mão encosta em meu peito, seus dedos agarram a minha blusa e me puxam contra ela. Em questão de segundos, tudo para. Fecho meus dedos e volta de sua cintura, trazendo todo seu corpo para o meu.
Fecho meus olhos assim que sinto seus lábios nos meus. Sinto meu corpo inteiro se arrepiar sentindo o gosto bom de seus lábios.
Ela me concede a oportunidade de provar de sua boca. Entro com a minha língua sentindo o frescor da sua. Uma de suas mãos entram por dentro da minha camisa, assanhando minhas costas, enquanto comanda o beijo. Eu não brigo para ficar no controle, ao contrário, quero que ela me diga seus paços. Faço carinho em sua bochecha. Ela arranha minha nuca com a ponta das unhas, o que me faz quase revirar os olhos. Está quase sem ar, mas não quer soltar meus lábios para encher os pulmões. Eu também não quero.