Cá estou eu, esperando minha mãe abrir a porta. Maiara finalmente aceitou meu convite, então eu disse que passaria para pegá-la às sete. Sei que posso contar com a minha mãe para cuidar da Lua,e também é a única em quem confio.
Quando a porta se abre, seus olhos imediatamente vão para a pequena, que dormia em meus braços de forma serena e segura, como um anjinho. Ela não esboçou qualquer reação, mas pude ouvir sua respiração descontrolada a cada segundo que se passava. Piscou diversas vezes tentando entender, então finalmente se confirmou que sim, havia um bebê em meus braços.
- Marília...
- É minha filha, mãe. - Digo com um sorriso no rosto. - Acredita? Eu tenho uma bebê.
- Minha filha... Eu... Eu nem sei o que dizer. - Seu sorriso vai de orelha a orelha.
Entro e me sento no sofá. Minha mãe pega um vinho e abre para tomarmos, sem tirar os olhos da Lua, ainda desacreditada.
- Filha, eu achei que você não poderia ter filhos.
- Eu também achei, mãe. Mas nunca fui atrás para saber realmente sobre isso. Para mim, era só um brinquedinho de prazer e tudo certo.
- Quantos meses ela tem?
- Seis. Ela nasceu no dia do meu aniversário, mãe. - Eu parecia uma criança, de tão animada em contar.
- Mas... Por que só me contou agora?
- Mãe, Lauana chegou em casa essa semana com a menina, depois sumiu, deixando ela comigo.
- Fez o teste de DNA?
Então eu olhei para a menina e suspirei.
- Não fiz e nem quero fazer, mãe. Ela é a minha cara.
- Filha. - Ela me olha desconfiada. - Faça o teste. Entre em contato com a mãe dessa menina.
- A mãe dela sou eu! - Digo com firmeza. - E ela não precisa de mais ninguém além de mim. Não tem porquê eu fazer, já me apeguei demais a ela. E se não for, o que eu vou fazer? Devolver ela para a merda de mãe que ela tem? Ou entregá-la a um orfanato onde ela vai sofrer até que alguém tenha a pena de adotá-la?
- Marília! - Me repreende. - Você nem sabe se essa menina é mesmo sua filha. Não se esqueça do que houve no passado, Mendonça.
Suspirei, abaixando a cabeça. Lua pegou em meu dedo, sorrindo. Lembrar do passado ainda me dói.
- Passado é passado, mãe. - Minha voz sai falhada, e ela percebe.
Ela pega Lua dos meus braços, a colocando no cantinho do sofá e rodeando ela de almofadas, deixando o controle com ela apenas para ela se distrair. Minha mãe se senta na minha frente, fazendo carinho em meu rosto. Deito a cabeça em seu peito, e volto a ser criança por alguns minutos, chorando toda minha exaustão em seu peito, sentindo seus carinhos.
- O passado é passado, querida. Mas lembre-se de que muitos se aproveitam do seu coração bondoso. Vá atrás de por seu nome na certidão dela, caso contrário, você vai ter que ir atrás da autorização da mãe da menina para fazer qualquer coisa, médicos, escola, viagens.
- Eu já providenciei isso, mãe. Falei com o meu advogado hoje pela manhã e vamos nos ver essa semana. Paguei uma fortuna para não ter que ir atrás de Lauana para ter sua autorização. Vou tirar o nome dela da certidão da Lua.
- A melhor coisa que você faz. Mas me diga, está toda arrumada, onde vai?
- Ah... - Me olho, me lembrando do meu compromisso. - Eu marquei de sair com...