Maiara me convenceu a sair de casa e comprar coisas para a bebê. Andando pelos corredores vejo uma roupinha de panda e outra de dinossauro. Rio e as pego, pondo no carrinho. Maiara me olha incrédula.
- Você vai vestir ela de dinossauro? - Perguntou.
- O quê? É fofo, e engraçado. - Rio, brincando com ela. - Não é, bebê? Mini-dinossaura. - A menina ri junto comigo.
A mulher nega e continua andando. Pedi para que ela pegasse o que achasse melhor para a bebê, já que eu não fazia a mínima do que comprar. Enquanto ela olhava as coisas sérias, eu pegava as besteiras.
- Marília! - Ela chamou minha atenção. - Para de gastar tanto dinheiro assim. Agora você tem uma filha!
- Mas era só um pipo em forma de panda. - Argumento, fazendo bico. - Ela gostou do pipo. Larga de ser chata.
- Acontece que você tem dois carrinhos cheios de compras, tirando alimentos e outras coisas que ainda tem que comprar.
Dou de ombros e ponho o pipo no carrinho.
- Ela gostou, eu vou comprar. - Bato o pé, andando com a bebê. - Olha, um canguru pra te carregar. - Falo para a bebê.
- Chega! - Disse alto. - Você não vai comprar mais nada! Acabou. Vamos pra casa. Chega de compras por hoje.
Como uma criança escondendo o biscoito no carrinho no dia de compras, eu coloquei o canguru. Mas ela viu, e tirou. Sai até o caixa batendo o pé, de cara fechada. Lua não gostou nadinha.
- Amanhã eu venho e compro. - Rebato.
Ela deu de ombros. Esperei aqueles dois carrinhos e meio passarem pelo caixa. Eu e Lua estávamos com a cara fechada. Maiara ria daquilo. Passei o cartão e pedi para que colocassem tudo no carro.
- Vamos comer. Tô com fome. - Digo de um jeito grosseiro.
- Eu espero aqui. - Ela disse, desviando seu olhar de mim.
- Eu perguntei onde você ficaria ou deixaria de ficar? Você é babá da bebê, tem que estar onde ela está! - Rebati, outra vez, batendo o pé.
- Eu vou tirar dinheiro de onde? Eu hein. Olha o lugar que você come, olha a minha condição.
- E o que tem haver? É só você comer.
- Eu nem sei se vou realmente conseguir esse emprego, muito menos pagar uma água nesses restaurantes aí.
Reviro os olhos com a sua ignorância.
- O que te faz pensar que a babá da bebê vai comer marmita quando se tem direito de comer como gente?
- A sua ignorância?! - Ela me olha. - E eu não vou comer marmita. Trago de casa.
Passo a mão no rosto, olhando para Lua.
- Tá vendo, Bebê? Eu tento ser legal, mas tá difícil.
- Espero vocês aqui.
- Entra na merda do carro. Perdi a fome. - Digo quase rosnando.
Ela da de ombros e pega a menina, indo até o banco de trás. Dei o sangue para por o bebê-conforto no lugar, mas consegui. Fui o caminho calada, ouvindo Lua rindo atoa. Meu celular tocou e eu atendi, era os parceiros de trabalho chamando pra um jogo.
- Preciso que fique com ela durante a noite pra mim. - Digo.
- Mas ela está em período de adaptação, é bom que a senhora fique com ela.
- Tem torneio de futebol hoje, Maiara. Contratei você exatamente para ficar com ela. - Digo curta e grossa; ela começou a rir.
- Você tá brava só por que eu não deixei você comprar o canguru?