Maiara Carla:
Estou deitada em seu braço, já que seu peito está ocupado. Seus dedos vagam por minha barriga, e vejo ela fazer carinho na pequena que dormia tranquilamente. Não colocamos filme. A TV está ligada, mas até agora ninguém colocou nada. Acho que foi a nossa melhor escolha. O silêncio é tão confortável. Apenas sentir seu carinho é a melhor forma de aproveitar sua companhia.
Ela olha para a menina de um jeito tão lindo. Seus dedos vagam com cuidado pelo rostinho da pequena, que respira fundo. Seus olhos brilham.
- Ela tem muita sorte. - Digo. Marília me olha. - Muita sorte em ter você como mãe.
- Eu não diria sorte. Eu não sei nem cuidar de mim. - Ri, mas está triste. - Eu não sei nada sobre meninas, como posso criar uma? Eu não sei nada sobre educação. Vai ser tão... Difícil. - Ela suspira pesado, fechando seus olhos.
Faço carinho em seu rosto, beijando seus lábios.
- Difícil vai ser. E muito. Mas você vai conseguir. Não precisa ter medo.
- Eu só tenho medo de ver ela crescer. - Ela me olha nos olhos, e só então posso ver que está segurando um tsunami em seus olhos. - Eu vou dar tudo de mim pra protegê-la, mas uma hora ela vai crescer. E se machucarem ela? E se ela precisar de mim e eu não estar lá?
- O mundo e as pessoas vão machucar ela. Isso acontece com todo mundo, é natural. Mas você vai estar lá para quando ela precisar de um colo para chorar.
- Como se educa uma criança? Tipo.. é só falar "isso pode", "isso não pode"?
- Não. O buraco é mais em baixo. Você precisa escolher qual educação quer dar pra ela. Se quer que ela aprenda na marra, ou na conversa, na prática, por si mesma...
- Eu detesto violência! - Ela nega rapidamente. - Eu vou pesquisar sobre como educar crianças. - Ri.
Ela pega seu celular, entra no aplicativo de mensagens e pesquisa por um contato.
"Me ligue assim que estiver livre." - Ela diz para o moço.
Em menos de segundos, seu celular começa a tocar.
- Eu já volto, linda. - Ela atende. - Alô?
Ela segura a bebê com cuidado, deixando o celular entre seu ombro e sua orelha. Com todo cuidado, ajeitou a bebê nos braços e saiu andando, conversando com o homem.
"Bred, eu sei que está no meiado do semestre, mas preciso dessa vaga [...] Ok, eu irei pagar sem qualquer problema, só preciso que encaixe-a em sua turma. [...] Esperarei pela carta."
Em poucos minutos, ela voltou. Está com um lindo sorriso nos lábios, ainda segurando a menina que dorme em seu peito.
- Com quem estava falando? - Pergunto.
- Ninguém importante. - Se senta na cama. - Jardim encantado... - Ela joga no ar, olhando para a pequena.
- Hã? - Murmuro confusa. Do nada?
- A festa de um aninho dela será do jardim encantado.
- Mas... Você já está pensando nisso?
- Sim? São só seis meses até lá. Está perto. Eu quero fazer tudo perfeito! Ela vai se vestir de borboletinha. - Diz fazendo carinho nos cabelos da pequena.
- Para quem não sabia nem o que sentir pela bebê, já estar planejando o aniversário é um passo impressionante.
- Não vou deixar passar em branco. Vai ser o melhor aniversário da minha vida! - Diz animada. - Comemorar o meu aniversário junto ao amor da... Junto a ela..
