𝙰𝚞𝚛𝚘𝚛𝚊 ♚

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Simplesmente aquele momento que eu preferiria não existir. Preferiria que tudo a minha volta se abrisse e eu entrasse em um bolha e não sair de lá nunca mais. Burra, idiota, inconsequente, tudo que possam me chamar eu sou. Como em pleno século 21. Eu cometo a burrice de engravidar, aos 16 anos? Só uma pessoa burra, inconsequente, que tem merda na cabeça se presta a esse papel. Como uma criança, que muitos podem dizer que não é mais criança, vai cuidar de uma outra? Meu pai simplesmente vai me matar, e acredito que seria a melhor coisa que aconteceria.

Alicera: Não vou ser a mãe compreensível, a mãe boazinha que lhe dará tempo para absorver a notícia não. Eu quero que entenda, que tenha noção da sua irresponsabilidade, de ambos, não só sua mais do garoto. E quero, exijo Aurora, que me diga, quem é o pai do bebê? Vocês não vão esperando que estarei lá para reparar o erro de vocês. Quero dizer, a irresponsabilidade de vocês, porquê filho não é um erro. Aí aurora, tanto que eu conversei com você minha filha, tanto que te dei conselhos. Cadê o garoto que nunca se prontificou a ir lá em casa, ou se quer conversar comigo? Independente de você dizer que foi você que pediu para ele não ir, ou que ele tenha medo do seu pai. Você deveria tê-lo levado para conversar comigo. Sou tão ruim assim que nem tenho o direito de saber quem é o parceiro da minha filha? Esse cara só usou dos seus sentimentos. Do seu corpo.

Minha mãe fala e sinto o tom de desapontamento, de tristeza em sua voz. Mordo a bochecha por dentro sentindo o gosto de sangue, não quero chorar. Mais é difícil, saber que estraguei toda a minha vida por uma inconsequência minha. Que meu pai já vivia dizendo que eu só dava desgosto, e agora ainda mais será seu desapontamento comigo. Encosto a cabeça no vidro gelado, enquanto estavam parados no trânsito.

Alicera: Me desculpa minha filha. Eu...

Ela suspira cansada, frustada não sei bem. Continuo olhando pro nada.

Alicera: Vamos Conversar com seu pai e...

Ela não termina de falar e seu celular começa a tocar.

Alicera: Tua tia me ligando.

Ela fala e já vai atendendo a chamada, e conectando no viva voz.

Alicera: Oiê alí...

_ Alicera pelo amor de Deus, não vem pro morro, fica onde vocês estão. O Diego pediu para ligar para avisar, eles estão sem comunicação. Estão invadindo. Estou com o Ravy na clínica aqui em Ipanema, ele tentou falar contigo mais não conseguiu. Alicera?!

Alicera: Diz.

E na hora não sei como, ela parou o carro no acostamento, e meu coração faltou sair pela a boca. A cara da minha mãe era puro medo.

Alicera: Alínea, vou desligar, tô indo pra aí.

Eu sinto minhas pernas temerem, um frio percorrendo minha espinha, meu ventre se contraindo, um medo me tomou. Meu pai, meu irmão, minhas amigas e se elas. Sou dispersa dos meus pensamentos com a voz da minha mãe me chamando, e sua mão segurando as minhas mãos.

Alicera: Aurora, respira minha filha, sabe que não pode ficar nervosa, respira, mantém a calma.

Aurora: Mãe, e o meu pai, o Samuel...

Alicera: Chega, não pensa nisso, não pensa nisso. Eles vão ficar bem, seu pai é cria daquele morro, ele sabe todas as rotas de fuga. Ele não vai se entregar assim não. Aurora, se acalma.

Faço o que minha mãe manda, mais não tava conseguindo me manter a calma, o mundo tava se abrindo aos meus pés, meu coração estava sendo esmagado.

...

Chegamos ao apartamento da minha tia que ficava acima da clínica dela, e meu irmão corre ao avistar mamãe. Minha tia veio ao nosso encontro e nos abraça.

Alicera: Teve alguma notícia?

Alínea: Nada. Tô tentando falar com todo mundo. Mais até agora nada.

Alicera: Shirley, as meninas, e os outros cadê?

Alínea: Estão bem! Eles conseguiram sair. Estão em segurança.

Caminho em direção ao sofá, e me jogo me encolhendo. Minha vida simplesmente não poderia ficar pior. Essa porra de invasão, e ao mesmo tempo essa gravidez. Meu Deus, o que mais pode dá errado.

_ Mais o que você sabe alínea?

Ouço a voz da minha mãe ao longe.

_ Vamos conversar a sóis. Aurora, minha linda,e empresta o seu celular bebê.

Minha tia me pede, ela me encara esperando a minha resposta. Pego no bolso entrego o celular pra ela e volto minha atenção ao meu irmão que tava deitando em meu colo.

Não se quanto tempo fiquei inerte diante de toda a situação, não sabia ao certo o que estava acontecendo comigo. Não conseguia reagir em nada, só sentir medo, raiva de mim por ter me entregado assim de bandeja, porquê fui burra o suficiente para não me tocar na maneira que ele me tratava desde do início, algumas maneiras como ele agia, dava para perceber a real intenção dele comigo.

_ Aurora... Aurora, está me ouvindo?

Minha mãe me chama me tirando do transe.

Aurora: Sra.

Alicera: Vem comer alguma coisa minha filha. Precisa comer, já tem horas que você não comeu nada.

Ela fala de uma maneira carinhosa, mais ao mesmo tempo distante.

Aurora: Não estou com fome mãe. Não quero comer nada.

_ Eu quero mamãe.

Ravy pula do meu colo e corre em direção a cozinha.

Alicera: Aurora, você precisa comer. Não tem essa que não está com fome, você precisa agora mais que nunca.

Aurora: eu não quero mãe, por favor, não me força. Eu não estou com fome, eu não quero essa criança, não quero que meu pai morra nem seja preso nessa invasão. Não sei o que eu quero, eu tô ficando louca mamãe.

Começo a chorar e sentir o meu peito se apertando, falta de ar me consumindo. Ela se senta ao meu lado e me puxa pra abraçar.

Alicera: Para, não fala isso. Você não pode falar essas coisas. Não estou feliz por você ter feito o que fez. Mais não pode se comportar assim agora. Nada vai acontecer ao seu pai, assim que tudo isso passar você vai e eu vamos conversar com ele e vamos resolver essa situação, entendeu?

Não respondo, apenas me permito chorar em seus braços.

O Lado Feio Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora