Bônus alicera

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Mesmo prometendo a minha família que iria me afastar um pouco da rotina do hospital, porém o meu chamado era um tanto maior que minha vontade de agradar a eles.

E mais um dia de rotina, eu amava andar por esses corredores, ouvir o Bip me chamando pra correr até uma sala. Não que a dor a desgraça alheia me deixasse feliz, porém saber que podia amenizar, podia dar a elas uma nova chance de viver a vida então eu amava estar nesses corredores.

Alicera: Amanda querida, estou indo descansar um pouco, falar com minha família. Qualquer coisa me chama tá?!

Aviso minha enfermeira e sigo pro quarto de descanso. Peguei um plantão de 36 horas, já estava próximo a ir embora porém queria mandar mensagem pra minha filha. Mesmo cansada prometi à minha neta que iria no shopping com elas.

Fui acordada pelo som do telefone ao lado da pequena cama de descanso.

Alicera: Sim.

— Temos uma urgência na sala um, doutora. Penso que não se salva.

Sentei-me imediatamente na cama, infelizmente alguns profissionais ou por motivos de viverem tantas coisas dentro das paredes de um hospital, ou por falta de sentimentalismo mesmo acabam falando de uma forma seca, sem expectativas. Porém se Amanda, minha enfermeira que escolhi a dedo, pela competência, profissional excelente está falando isso, então o caso é sério.

Alicera: Está bem. Vou já para aí.

Olhei para o relógio de pulso, eram 15:15 da tarde. Deitei-me às 14:45, porém acredito que apaguei. Afinal estava a mais de 24 horas acordada, atendendo fiz cirurgias. Saio da cama e dirijo-me ao elevador.
Em poucos minutos mais tarde, estava entrando na sala um a meio da sala, na mesa de exame, encontrava-se o paciente coberto de sangue.

Alicera Que temos aqui?

Pergunto para Amanda.

_ Paciente mulher, Branca vinte e poucos anos, vítima de tiros. Dois precisamente, um no ombro esquerdo, e outro no abdômen. Bala alojada entre o coração e veia cava superior. Ela perdeu muito sangue. O cirurgião assistente pediu para lhe dar mais uma unidade de sangue.

Ela ia falando enquanto me preparava com as vestimentas para começar a cirurgia.

_ O nome da paciente segundo os policiais que a trouxeram: Aurora costa santos.

Ela falou o nome e na hora me corpo todo se arrepiou e congelei no local, senti meu coração parando de pulsar lentamente, o ar me faltar como se fosse parar agora mesmo e infartar. Amanda sabia desde do início que era a minha filha ali.

_ Alicera, você não tem condições de fazer essa cirurgia. Acabei de ser informado, estou lhe substituindo pelo Dr Randolph. Ele irá assumir a cirurgia.

Parecia que meus ouvidos voltavam a funcionar lentamente, quando ouço Barker o diretor do hospital falando que eu não iria fazer a cirurgia.

_ Alicera, amiga, desculpa só vi agora o nome da paciente quando atualizaram a ficha.

_ Dra alicera.

Ouço Barker me chamar novamente.

Alicera: Eu estou apta a fazer a cirurgia Dr. Barker, não se preocupe.

_ Dra acho melhor...

Alicera: eu estou falando, e enquanto discutimos a paciente está correndo riscos.

Não desistiria eu iria lutar mais que tudo pela minha filha.

Olho para os monitores de parede saturação de oxigênio, dióxido de
carbono, temperatura, estimuladores musculares, estetoscópio precordial, ECG, pressão arterial automática e alarmes desligados. Tudo estava em ordem. O anestesista apertou o punho de medição da pressão arterial no braço de aurora e depois colocou uma máscara de borracha sobre o rosto dela. Pego no bovie e começo a cauterizar as veias.

O Lado Feio Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora