- Lilith... Lilith acorde... Vamos, diabinha... Acorde... - a voz de Anna parecia estar debaixo da água, chamando pela jovem que tinha seu corpo caído num lugar desconhecido. Lilith podia sentir a terra batida sob ela, podia ouvir passos e o som do fogo queimando nas tochas nas paredes, mas o que a fez abrir seus olhos, foi o cheiro de podridão insuportável.
- o que... Anna? ANNA! - Lilith falou ainda sentindo uma tontura horrível. Ela tentou se levantar, mas caiu de joelhos ao tentar dar o primeiro passo.
- Não, querida... Não se levante... Olha para sua perna, está vendo a corrente? - a voz de Aroa fez Lilith querer chorar.
- S-Sim... - Lilith falou erguendo a barra suja de seu vestido, vendo a corrente grossa, de ferro presa em sua perna. Ela imediatamente tentou tirar o ferro de seu corpo, mas era em vão, seus olhos se encheram de água, enquanto suas mãos tremiam tentando arrancar a corrente de seu tornozelo. - Eu não consigo tirar ela! Aroa, eu não consigo tirar! - Lilith chorou para sua irmã, e apesar de não conseguir vê-la, sabia que ela tinha aquela expressão de desespero.
- Está tudo bem, diabinha... Está tudo bem... - Anna falou, num tom de tentativa de conforto, mas era obvio que não tinha efeito ali.
- Onde... Onde vocês estão? - Lilith perguntou, já que não podia ver nada, além de três paredes de pedra fria, e uma parede feita de ferro enferrujado, mas apesar das grades serem abertas, ela não via nada além de outra parede de pedra mais à frente. Ela olhou ao redor, procurando por algo que pudesse ajuda-la a sair dali, mas não tinha nada além de feno cobrindo os cantos, e um balde que fedia muito.
- Estamos aqui querida... - Aroa respondeu a jovem, seu tom era choroso tal qual o de Lilith.
- Aroa esta do seu lado direito, e eu do esquerdo, diabinha... E Marie está do meu outro lado... Marie, faça algum barulho pra Lilith saber que você esta bem... - Anna falou, e Lilith pôde ouvir o barulho da corrente de metal balançando no ar, era Marie dando seu sinal.
- O que... O que vai acontecer com a gente? - Lilith perguntou mesmo que no fundo, já sabia a resposta.
- O caveleiro falou que ia chamar o Padre para nos julgar... Talvez pela manhã. - Anna falou num tom tenso, e cheio de medos.
Elas sabiam onde estavam, o porão da igreja, onde as bruxas ficavam antes de suas mortes, aguardando os Líderes da Inquisição para receberem as suas sentenças.
- Alguém está machucada? - Lilith perguntou se erguendo de novo, mas não ousando dar um passo, afinal, a corrente ainda estava em seu tornozelo.
- Não querida... Ele só bateu em você... Como você está? - Aroa falou, Lilith podia ouvir o som da corrente vindo do seu lado direito, como se Aroa também tivesse se posto em pé.
- Ah... Eu não sei dizer... Minha cabeça doí, mas não esta sangrando mais... Meu estômago esta dolorido. - Lilith falou colocando sua mão em seu rosto, sentindo o sangue seco em seu toque.
- Isso é bom... Está sentindo alguma outra coisa? - Anna perguntou também se erguendo.
- Não... Eles também bateram em você... Como você esta? - Lilith perguntou preocupada com a irmã mais velha.
- Eu estou bem... Ou ele é fraco demais, ou não sabe bater. - Anna respondeu com um tom como se estivesse rindo, fazendo todas soltarem um pequeno riso igual.
Entretanto, esse riso morreu no mesmo instante que ouviram passos se aproximar delas.
- Padre, essas bruxas estavam vagando pela noite... Felizmente conseguimos prende-las antes de se encontrarem com o Diabo. - uma voz conhecida por elas falou, era o mesmo cavaleiro de antes.
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O Gosto Vermelho
RandomEssa é uma história de dor, de perda, de raiva, ódio e vingança e claro, amor. Uma história onde uma besta se apaixona por uma rebelde que quer apenas fazer aqueles que a feriram queimar. A história onde o Diabo deveria ter medo da Bruxa. (Essa his...