Lilith estava sentada sobre a mesa de madeira, os candelabros iluminavam seu redor, além da lareira acesa inundando a o cômodo com uma luz quente e alaranjada. As paredes frias de pedra pareciam se tornar mais aconchegantes com a luz das chamas queimando a madeira tocando suas superfície fria, entretanto, a luz da lareira parecia fazer o total oposto com as esculturas de pedra, as sombras dançantes faziam com que as estatuas se movessem na visão periférica de Lilith, o que simplesmente odiou. Naquele cômodo cheio de decorações diversas, havia uma que chamava ainda mais atenção da mulher, era mais um quadro de Arthur, agora ele estava deitado num fundo vermelho, com um tecido pintando de forma tão leve cobrindo seu corpo, como se em qualquer sopro de vento, o tecido iria voar para fora do quadro. Ele tinha a mesma feição pacífica do outro quadro, mas agora, seus olhos estavam fechados, como se estivesse dormindo tranquilamente. Lilith se perguntou se aquele quadro representava um momento específico na vida de Arthur, talvez uma noite com seu amado, ou um amanhecer que ficou para sempre gravado na memoria deles.
A mulher olhou atentamente para Dragomir em sua frente, ele tinha limpado sua boca suja do sangue de sua mais nova vítima, permitindo que ela visse melhor sua face. Sua mandíbula ainda era escondia pela barba, mas apesar disso, Lilith tinha certeza que era perfeitamente angular. Os olhos cinzas frios dele analisavam cuidadosamente sua pele, causando um arrepio percorrer seu corpo. Ela notava os cabelos ondulados dele presos por um pedaço de pano, deixando que mechas caíssem soltas como se se recusassem a serem presas, as orelhas pontudas dele estavam bem a mostra, deixando Lilith ainda mais intrigada. As mãos dele espalhavam cuidadosamente uma pasta semitransparente em sua pele vermelha e dolorosa, pasta que Lilith se recusou a passar, mas Dragomir a convenceu. Ela sentia os dedos frios dele massageando sua pele, seu toque tão frio e ao mesmo tempo, causava um calor tão delicioso em sua pele. Ele se movimentava com tanto cuidado, não deixando nenhuma célula passar sem que estivesse coberta pela pasta feita por ele. Lilith via os braços fortes dele se movimentando com tanta delicadeza, seu peitoral largo e forte coberto pela camisa de algodão fina e leve, que provavelmente não o protegia de frio algum... Mas ele sequer sentia frio?
Dragomir sentia os olhos de Lilith sobre ele, a cada segundo nunca deixando que ele fizesse um único movimento sem que ela visse. Ele podia praticamente ouvir as perguntas dela voando em sua mente. Podia ouvir seu coração batendo tão alto e forte em seu peito, sentia o cheiro do doce e delicioso sangue correndo por suas veias, o cheiro maravilhoso de sua carne, impregnada com suas diversas emoções, o cheiro suave de seu cabelo caído em seus ombros, descendo pelo seu peito como cascatas de ondas escuras e belas. Ouvia o barulho de sua língua umedecer aqueles lábios rosados e suculentos, ouviu sua outra mão apertar ainda mais a coberta em seu corpo, suas pernas balançando debaixo do tecido de lã, sentia o calor do corpo dela emanando como uma fogueira até o seu corpo frio e sem vida. Somente a presença dela fazia o coração dele bater fraco em seu peito, aquele envoltório de pedra que o recobria se rachava cada vez mais.
- Você deve ter perguntas... Se quiser eu posso responde-las. - Dragomir falou primeiro, interrompendo o estalar das madeiras na lareira, ouvindo o coração dela bater um pouco mais forte, enquanto ela pensava em qual seria sua primeira pergunta.
- Arthur... Ele se tornou uma besta como você? - Lilith decidiu que essa seria sua primeira pergunta, fazendo Dragomir sorrir de canto, ele realmente não esperava que Lilith começaria com as perguntas mais dolorosas para ele.
- Não... - ele negou com a cabeça, pegando mais da pasta a base de plantas e passando na pele ferida e vermelha de Lilith, massageando sua mão com cuidado e carinho.
- Só não? Sem explicação ou algo? - Lilith questionou como se estivesse irritada pela falta de explicações que Dragomir lhe deu. Ela viu ele parar de massagear sua mão, viu ele suspirar antes daqueles olhos cinzas de encontrarem com os olhos escuros dela.
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O Gosto Vermelho
RandomEssa é uma história de dor, de perda, de raiva, ódio e vingança e claro, amor. Uma história onde uma besta se apaixona por uma rebelde que quer apenas fazer aqueles que a feriram queimar. A história onde o Diabo deveria ter medo da Bruxa. (Essa his...