O Renascimento

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- DRAGOMIR! - um cavaleiro gritou, vendo seu companheiro empalado no campo de batalha, sua armadura de nada valeu para impedir a lança dos conquistadores de invadir seu peito, perfurar seu coração e o deixar a beira da morte. 

- Arthur... - Dragomir falou abrindo seus olhos para ver seu companheiro de infância, aquele que lutou lado a lado por toda sua vida, aquele que chorava lágrimas grossas por perder alguém tão especial. - você... Você precisa ir... - ele falou usando o resto de suas forças para erguer sua mão, e tocar no rosto de Arthur. 

- Eu não vou a lugar algum sem você, Drag... - Arthur falou tirando seu próprio capacete, o jogando no chão, antes de cuidadosamente, retirar o capacete de Dragomir. - Estamos juntos nessa, não se lembra? Juntos. Sempre. - o homem respondeu, passando uma de suas mãos pelo o cabelo escuro de Dragomir, descendo seus dedos pelo rosto do homem, se perdendo no maxilar coberto pela barba escura e grossa dele. 

- Precisa ir... Mais estão chegando, Arthur... Precisa se salvar. - Dragomir falou em um suspiro fraco, ele podia sentir o gosto metálico forte em sua boca, podia sentir seu corpo perfurado lutar para que ele ficasse ao menos com os olhos abertos. Sua mente entretanto, só queria pausar o tempo, para poder observar o rosto de Arthur uma última vez, ver seus olhos azuis vívidos, seu nariz em formato de flecha, sua boca rosada, rodeada por sua barba loira, assim como seus cabelos. Dragomir só queria ver o rosto de seu amado pela última vez, e se deixar morrer com aquela imagem. 

- Eu não me importo... Não vou deixar você aqui... Não vou deixar você morrer sozinho! - Arthur retrucou. A cada momento que olhava para os olhos verdes de Dragomir, ele podia ver menos e menos vida, pouco a pouco, seu querido amado esta morrendo, e não havia nada que pudesse fazer. Suas credenciais para nada serviam ali, ser chamados de grandes soldados, o que valia se não podia salvar a vida de quem amavam? 

Dragomir sentiu a terra tremer sob seu corpo, sabendo que mais conquistadores cruéis se aproximavam rápido com seus cavalos. Ele sabia que Arthur tinha que fugir, mas também sabia o quanto teimoso seu amado era, e se Arthur não queria fazer algo, não havia nada nem ninguém que o convencesse a fazer. 

- Arthur... - ele chamou em um suspiro doloroso, seus olhos se encheram de água, que escorria por sua pele até se perder em seus cabelos. 

- Não! Não pense em dizer adeus... Não... Por favor, não ouse dizer adeus... - Arthur respondeu, ele sabia que não tinha como seu companheiro sair dali com vida, mas a ideia de ouvir a despedida dele... Aquilo Arthur não poderia suportar. 

- Meu amor... Eu já disse que fica lindo quando chora por mim? - Dragomir falou vendo um pequeno riso doloroso sair dos lábios de Arthur. O homem caído no chão, fechou seus olhos cansados, mesmo com sua mente gritando para ele lutar e deixar seus olhos abertos. Mas ele estava cansado demais. 

- Drag?! Drag?! Abra os olhos... Drag... Drag por favor, abra os olhos... - Arthur chorou abaixando seu corpo até que sua cabeça encostasse na de Dragomir, deixando suas próprias lágrimas cair na pele do homem. - Por favor... Eu não posso viver sem você... - Arthur falou com suas mão agarrando o corpo de Dragomir, implorando para que ele reagisse, que ele abrisse seus olhos e acordasse, que fizesse uma piada estúpida sobre a situação... Implorando pra que ele não tivesse que se despedir daquele que amava. 

Arthur podia ouvir os cavalos dos conquistadores mais perto ainda, ele ouvia o bater no metal das armaduras deles se aproximando, antes de poder finalmente ver os homens que condenaram o lugar onde ele e seu amado chamavam de lar. 

Os conquistadores vinham em cavalos grandes e escuros, carregando suas espadas e lanças, com as bandeiras de seus ordenadores. Aquele homens não tinham um pingo de compaixão, invadindo e proclamando terras como deles, e se alguém revisasse, que Deus tivesse piedade de suas almas. 

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