O Encontro

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Dragomir havia rodado o mundo em buscas de respostas sobre o que ele era, e qual o motivo de seu amado não ser como ele. Ele não encontrou muitas respostas, mas encontrou outros como ele, uns se diziam ser os Filhos do Ódio. Nasceram de um ódio tão grande, que o Diabo temia sua alma, e Deus tinha repudio de suas almas corrompidas, lhe transformando em criaturas de Caos, que serviam apenas para torturar os humanos na terra. Ele riu quando eles lhe contaram isso. Afinal, era completamente idiota. Como Deus teria repudio de sua alma, quando aqueles que o matou, puderam abraçar a morte de forma tão fácil? Por que Deus aceitaria aqueles tão cruéis em sua casa, e suas vítimas eram mandadas para a tortura eterna? Simplesmente não fazia sentindo. 

Os Filhos do Ódio não eram os únicos como ele, Dragomir havia descoberto que em diversos lugares, diversos impérios e reinos tinham bestas escondidas, vivendo em meio aos humanos. Eles não tinha uma explicação de como se tornaram as bestas que eram, mas acolheram Dragomir por eras, ensinando a ele controle de sua cede, permitindo que vivesse entre humanos de novo. Ensinaram a ele quais eram suas fraquezas, que o que dava a vida para humanos, matava sem dó ou piedade sua raça, o grandioso Sol. Ensinaram a ele a utilizar suas habilidades para seu próprio benefício, como a persuasão, que Dragomir não achou muito útil, afinal, ele sempre gostou de caçar seu próprio alimento, desde jovem, ele e Arthur entravam na floresta para aprimorar sua caça, então qual era a graça de comandar que seu alimento viesse até seu prato? 

Em algum ponto de sua história, Dragomir se cansou de buscar pelas respostas, cansou de se mudar de tempos em tempos, cansado de fugir quando sua cede se tornava demais, cansado de inventar histórias por sua falta de idade, cansado de ter seus olhos cinzas apontados nas ruas. Ele buscou o lugar perfeito, escondido em meio a uma floresta que a vila dizia ser amaldiçoada, que a luz do sol sequer podia tocar seu solo. Um lugar perfeito para uma Besta viver. 

Dragomir montou seu pequeno castelo, pegou cada pedra, modelou até que pudesse ser encaixada entre outras. Cerrou as madeiras de seu solo, esculpiu suas mobílias, costurou suas roupas, forjou sua própria casa do zero naquele perfeito lugar. 

O que Dragomir mais amava dali, era que poderia ver a montanha onde Arthur repousava da grande janela de seu quarto. Ele passava horas de seu dia olhando aquele monte, e quando estava nublado o suficiente, Dragomir iria passar seus dias ao lado de seu amado.

Dragomir gostava dali, ele fez um bom lar. Afastado o suficiente para que ninguém se aventurasse em suas terras por acidente, alto o suficiente para que pudesse ver o mundo ao céu redor, e escondido o suficiente para que ele não tivesse problemas com a humanidade. Ele podia ver a vila ao seus pés sacrificar pessoas na bandeja para ele se alimentar, e apesar de ainda sair para caçar na noite, ele não iria negar a comida dada de bandeja para ele. 

Mas o que ele mais amava, era que aquela floresta era tão densa e escura, que ele poderia sair durante o dia, poderia aproveitar a natureza ao seu redor, e por mais que não comesse sua carne, ele conseguia caçar animais e utilizar suas peles para seu próprio agrado. Dragomir se acostumou em sua própria casa, apreciando as pequenas flores em seu jardim, amando a vista nos céus, mapeando as estrelas e pintando seu redor com grandes e belíssimos quadros. Em dias apropriados, Dragomir se permitia até mesmo, se aventurar na vila, traçando seus próximos alvos, rindo de pessoas com pensamentos tão pequenos, assustando crianças com sua face monstruosa. 

Mas o que ele mais amava fazer, era poder abrir suas asas e voar pelo céu da noite, sentindo as nuvens passar por ele, a luz da lua brilhando em sua pele, as estrelas piscando para ele nos céus. Ali, sobre tudo o que o homem havia feito no solo, ali ele encontrava sua verdadeira paz, onde ele podia conversar com Arthur, sabendo que ele estava perto o suficiente dos céus para que seu amado ouvisse sua voz. 

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