1. our fingerprints....

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1° fase

Remus Lupin

Me lembro exatamente cada detalhe do dia em que eu tive que amadurecer mais cedo do que qualquer criança normal, e tudo contra a minha vontade. Lembro de tudo porque o denomino o pior dia da minha existência, e muitas pessoas acham que eu estou exagerando quando digo isso, mas ninguém sabe um terço do que eu passei, e como foram agonizantes aquelas horas de tortura.

Eu deveria ter por volta dos sete anos, e havia acabado de chegar em casa da escola, quando um homem desconhecido agarrou o meu braço e me puxou para dentro da minha casa, me amarrando em uma das cadeiras, ao lado dos meus pais. Com ele, haviam outros dois homens, e aquele não parecia ser um tipo de trote, apesar de eu ainda achar que não passava de uma brincadeira de halloween, e que os meus pais estavam me pregando uma peça. Um dos homens começou por mim, se abaixou em minha frente e lentamente deslizou a ponta afiada da faca pela minha coxa, fazendo um corte superficial, mas que ainda sim doeu.

'É só uma brincadeira. É só uma brincadeira. É só uma brincadeira'. Eu repetia várias vezes na minha mente.

O homem deixou a faca de lado e levou as mãos para a barra do meu short, que fazia parte do uniforme escolar. Eu não entendia o que estava acontecendo, mas sabia que não era algo bom quando os meus pais começaram a chorar desesperados, pedindo que fizessem com eles e que me deixassem em paz, mas os homens não ouviram, e foi então que eu me senti a pessoa mais suja do mundo e também a pior dor, nem era comparada a ralar o joelho brincando no parquinho, aquela dor era como a minha alma deixando o meu corpo. Eu senti que ia morrer. Quando o primeiro homem acabou de me molestar, eu achei que finalmente me deixariam em paz, mas ainda tinha os outros dois, e eles não pararam mesmo me vendo gritar, e nem quando me viram sangrar.

Eu não tinha mais forças quando decidiram torturar a minha mãe, mas tive que ter, porque eles pareciam ter de sobra enquanto, sem um pingo de remorso no olhar, eles fizeram sua marca na pele da minha mãe, com a mesma faca que usaram para cortar minha perna. Ver minha mãe chorar me fazia querer chorar também, mas eu simplesmente não consegui, não sei exatamente porque não sentia nenhuma emoção, nem mesmo quando meu pai gritou ao ouvir o barulho do tiro e uma bala entrou na testa da minha mãe. Eu estava imóvel, não consegui fazer nada, mas o meu pai sabia exatamente o que fazer, e foi então que ele levantou da cadeira com as mãos desamarradas, e jogou a cadeira no cara que estava com a arma. Os outros dois estavam tentando me pegar, mas os carros de polícia começaram a chegar do lado de fora, e pela primeira vez eu olhei ao redor, em cima da mesa estava o radiozinho que o meu pai usava para se comunicar com os outros policiais.

Sua profissão finalmente conseguiu defender a sua própria família. Pelo menos metade dela.

Não me lembro de nada depois que fomos levados direito para um hospital, e nem depois disso, apenas de me mudar para Austin com o meu pai, e recomeçar a vida lá. Ele largou o trabalho, virou alcoólatra e começou a abusar de mim, me culpando pelo que aconteceu, e eu fui completamente consumido pelo trauma, e mesmo depois de anos, eu não consegui superar. Alguns dizem que me tornei frio demais, porém eles não entendiam, e eu nem me daria o trabalho de tentar explicar.

Ao menos consegui fazer amigos, e juntos éramos considerados os piores, até mesmo saímos nos jornais algumas vezes por fazer coisas adolescentes como incendiar algum lugar de propósito. Nunca descobriram o que fazemos, e só machucamos quem merece realmente, mas ainda sim éramos temidos, quando na verdade somos apenas um grupo de adolescentes unindo suas dores do passado. Chegamos a ser denominados "os herdeiros do inferno".  Juntos somos tão fortes, e não apenas força física. Eles me trouxeram de volta a vida, quando eu já tinha morrido, e agora posso me sentir eu novamente, pelo menos enquanto estou com eles.

   Neste momento mesmo nós estávamos sentados espalhados pelo galpão que gostamos de chamar de toca, enquanto discutiamos sobre o que fazer esse final de semana. Tínhamos muitas opções de festas, porque por algum motivo, as pessoas sempre nos chamavam, mesmo sem nos conhecer. Mas, ainda sim, estávamos pensando em fazer algo diferente do de sempre. Talvez sair da cidade.

── O que acham de acampar? ── sugeri, passando um dos braços pelos ombros de Sirius, que estava ao meu lado. ── Tem uma floresta irada perto da cabana dos meu pai. Podemos deixar os carros lá, e seguir para dentro da mata ── continuei.

── Eu acho que é uma ótima idéia ── Sirius foi o primeiro a responder, olhando diretamente para mim.

── É claro que acha, o Remus tá te comendo. Vai concordar com tudo que ele disser ── Peter disse, revirando os olhos.

── Aposto que queria estar no lugar do Sirius. Olha só o Remus, quem não quer ser fodido por ele? ── James respondeu, não desviando a atenção das cédulas de dinhero que estava contando.

── Não queremos saber com quem vocês transam ou deixam de transar ── disse Regulus. Alterado. ── A idéia do Remus é muito boa. Se tiver muita comida eu tô dentro ── completou.

Todos pareciam precisar disso, principalmente aquela que não se pronunciou, e por mais que não tivesse dito nada, eu sabia que aquilo era um sim, e só não queria render o assunto.

── Ótimo. Saímos sábado pela manhã. Eu e o Remus pegamos vocês ── Sirius encerrou o assunto, sorrindo para mim em seguida. ── Na verdade, eu e o Remus nos pegamos agora ── murmurou para que apenas eu o ouvisse, antes de pressionar os seus lábios sobre os meus.

  Minha mão engatou na curvatura do seu pescoço e iniciamos um beijo lento, que foi interrompido por uma almofada que veio em nossa direção.

── Se não vão me deixar participar, poderiam ao menos chegar em casa primeiro ── Lily se pronunciou pela primeira vez desde que iniciamos a conversa. ── Fala sério, eu já estou há cinco dias sem dormir com ninguém ──

── Você é uma puta, Lílian ── Peter disse, olhando diretamente para a de cabelos ruivos.

  Sendo impedida de dar uma resposta, Lily bufou frustrada e se reencostou onde estava sentada, enquanto Regulus tomava a palavra, se colocando no meio da rodinha que formavamos. Ele estava com o notebook em mãos, e uma expressão nada agradável.

── "Pela quinta vez, os policiais foram alertados sobre um mau cheiro perto da floresta Northwest. Não sabe ao certo do que estamos falando, mas as buscas continuam, mesmo com a possibilidade de ser apenas algum animal morto" ── proferiu com ênfase durante toda frase.

── Porra, Black... ── Sussurrou James. ── O que a gente vai fazer, caralho? ── perguntou aflito.

Porra. Porra. Porra.

Nossas digitais...

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Hey, guys! Tudo bom?
Então, esse capítulo está sendo narrado na primeira pessoa porque eu escrevi ele faz um tempo, mas só queria avisar que os próximos estarão na terceira pessoa, eu acho melhor assim.

Beijinhos<3
Vejo vocês em, por enquanto, Austin!

Devaneios de cigarros || WOLFSTAROnde histórias criam vida. Descubra agora