3. your heart

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Atualmente

Para alguém que quer tanto viver e tem pouco tempo de vida, a morte de outra pessoa passa a ser seu sonho, principalmente quando você precisa de algo que essa pessoa tem, e era exatamente esse o sonho de Lupin desde que ele se lembra.

Quando tinha acabado de fazer dez anos, os médicos descobriram que o seu coração já não bombeava sangue como deveria, e foi por esse motivo que ele passou a viver com um marcapasso que o ajudava a ficar vivo. Cada segundo da sua vida é como se fosse o último. Ele sabia que tinha muita sorte de não ter danificado o aparelho com tudo que viveu, mas ele também sabia que se não fizesse nada, estaria apenas esperando sua morte chegar.

Aos quatorze anos, Sirius começou a roubar uma boa quantidade de dinheiro da sua mãe e pagou antecipadamente uma cirurgia de transplante de coração para Remus, que ainda esperava na fila por um milagre. Os dias parecem se arrastar enquanto ele espera ansiosamente por uma ligação do hospital, no entanto, ele não se ajuda, está sempre correndo perigo.

    Sirius observava Remus enquanto eles tomavam um banho juntos depois de uma longa noite. O relógio marcava sete e meia, mas eles não estavam com pressa, gostavam de aproveitar a companhia um do outro sempre que tinham a oportunidade.

── Você é o único motivo pelo qual eu continuo vivo ── Sirius disse de repente, se aproximando do seu garoto e o abraçando, enquanto a água morna molhava seus corpos juntos. ── Se não fosse por você, eu já estaria morto, mas eu não posso morrer porque jurei te proteger. Você é minha razão para tudo, Mon cher…── sussurrou, sentindo os braços de Remus rodearem seu corpo.

── Você também é minha razão para tudo, Ma vie…── Remus sussurrou em resposta, beijando o ombro de Sirius.

Aquela foi a primeira vez que chegaram mais perto de dizer "eu te amo". Apesar de estarem juntos há anos, nunca disseram, pois Sirius dizia que o amor era para os fracos, e Remus dizia que o amor era um conto de fadas, mas no fundo, bem no fundo, os dois queriam ouvir tal demonstração desse sentimento.

── Não fique olhando para isso, Six. É horrível ── Lupin disse ao pegar Black olhando para o alto relevo do aparelho que estava dentro do seu corpo.

── Se te mantém vivo não é horrível, Moon ── respondeu, deixando um breve selar na pele do outro, onde se encontrava o marcapasso. ── O que acha que o pessoal diria se a gente se atrasasse mais alguns minutinhos? ── perguntou em um tom malicioso.

── Não…não mesmo. Por Deus, Six, você é insaciável! ── Remus respondeu, se afastando de Black e seguindo para a parte de fora do box do banheiro. ── Vamos logo, James já deve estar soltando fogo pelas narinas ── apressou o outro, puxando uma toalha e começando a enxugar seu corpo.

  Eles demoraram cerca de quarenta minutos até estarem vestidos e com as mochilas jogadas em seus ombros, seguindo para a casa de James. Na frente da residência já era possível ver Regulus, Lily, Peter e James escorados no carro dos Potter's. James estava nitidamente impaciente, assim como Peter, que quando avistou os dois que estavam chegando, seguiram para dentro do carro.

── Porra, que demora! Vocês marcam e são os últimos a chegarem ── James reclamou, atravessando o carro e entrando pelo lado do motorista.

Regulus se aproximou e entregou a chave do carro dele para Sirius, que ficaria responsável por levar o veículo.

── Vamos logo e deixem de falatório ── o Black mais novo reclamou, entrando no carro do irmão depois de destravá-lo. ── Manda a Lily pra cá! ── gritou para James, que estava no carro da frente.

Remus entrou pela porta do passageiro depois de deixar a mochila no banco de trás, e passou o cinto de segurança em frente ao seu corpo.

── Acha que vamos ser dados como desaparecidos também? ── Lupin brincou, ouvindo a risada vindo do banco do lado e da ruiva que estava entrando no carro e conseguiu ouvi-lo.

── Se as mídias ao menos se importassem com a gente, eles querem mais é que a gente morra mesmo ── Lily tinha razão, ninguém gostava daquele grupo, as pessoas tinham medo, só nunca foram presos porque nunca descobriram o que fazem.

── Tem razão, Lily. Essa é a graça de ser quem somos, podemos ficar fora por dias que nosso rosto não vai aparecer em nenhum jornal ── foi Sirius a responder. ── Agora vamos seguir viagem, é um longo caminho

E realmente foi.

Quando os dois carros adentraram o caminho da floresta para chegar na cabana do falecido Lyall, já era fim de tarde. Remus dormiu por três horas durante a viagem e ainda teve tempo de ligar uma música no som do carro e cantar com a ruiva quando pulou para o banco de trás. Agora estavam apenas em silêncio, querendo chegar logo ao seu destino para finalmente a noite começar.

── Ei, Sirius, qual a chance de você me emprestar o seu namorado só por essa noite? ── Lílian perguntou àquele que dirigia, e Remus, que estava ao lado dela, virou seu rosto rapidamente para encará-la.

── Já pode desistir, ruivinha, o Remus eu não compartilho com ninguém ── respondeu decidido, ainda com os olhos na estrada.

── Azar o dele então, pois se passasse uma única noite comigo, iria com certeza cogitar um trisal ── ela disse em um tom convencido, arrancando uma risada do garoto de óculos.

── Você é linda, Lily, mas eu sou monogâmico ── Remus respondeu e a ruiva riu.

── Tudo bem então, mas se deixarem de ser monogâmicos, estou a disposição

E em alguns minutos os carros pararam em frente a cabana de madeira. O céu já estava escuro e a brisa se tornou gélida, mas aquele não era um problema, eles gostavam do clima da noite sempre que iam acampar.

Começaram a descer dos carros e pegar as bolsas quando ouviram o chamado de Peter, que estava na varanda da cabana, encarando alguma coisa na parede de madeira. Remus começou a caminhar para perto e Sirius o seguiu, assim como os outros três. Ao se aproximarem e subirem pelos degraus da madeira rangente, puderam notar, com a ajuda de uma lanterna, a frase escrita em vermelho.

"Sei o que fizeram com Lyall Lupin"

E o final de semana deles havia acabado de se tornar o roteiro de um filme de terror.

Devaneios de cigarros || WOLFSTAROnde histórias criam vida. Descubra agora