Um por um, eles vão despertando, apertando os olhos e fazendo caretas de dor. Assim que conscientes, o mesmo pavor que estou sentido também sucumbe à eles. Estamos todos engasgados com nossas vozes, indefesos e capaz sofrermos qualquer coisa que possa nos atingir, fisicamente e psicológico. Nessas horas, não há nada pior do que estar preso com uma ameaça rodeando-me.
A sala fede à água sebenta de esgoto. Acho que nunca estive em um lugar tão sujo e repugnante. E se estamos aqui é porque ninguém conseguirá encontrar a gente.
Mexer-se é inútil. Falar mais ainda. Só nos resta respirar desenfreados e começar à soar. Além de fedido, o espaço é abafado e quente.
De repente uma luz se projeta na parede ao nosso lado. O choque é imediato. Se não fosse pela fita adesiva, eu estaria boquiaberto. Nada, absolutamente nada preparou nós cinco para ver um banner com as imagens sem cores dos nossos rostos inexpressivos, com a seguinte legenda vermelha:
SE FODERAM.
Não teorizo. A resposta é na certa. Quem fez isso, sequestrou a gente e nos trouxe para cá para um acerto de contas, só pode ser...
- O que acharam da minha obra prima? - um homem vem se aproximando, calçando sapatos fechados que ecoam a cada passo. - Foda, né? Apesar de ela só fazer sentido agora, nada desmancha o prazer de estar vivendo esse momento. Os cinco na minha mão. Finalmente.
Passando por entre Edgar e León, o sujeito se revela trajando um elegante terno preto. Os olhos monólidos vão de face em face. O rosto claro jovial escancara um sorriso altivo. É um asiático, com o símbolo de uma foice tatuado no pescoço.
- Uma coisa é bem clara desde o início. "Mexer com os Foice é um mergulho sem volta pra superfície". Ou seja, você perde o ar e se afoga até morrer. O que fizeram vocês irem tão fundo? - com charme, ele passa a mão no cabelo preto em corte pompadour comb over e logo a enfia junto com a outra nos bolsos da calça social.
Troco olhares com León, Edgar, Gavin e Nathan, e fica bem claro para nós que o nosso destino está nas mãos daquele criminoso.
- Loucura, né? Vocês deviam estar muito loucos da cabeça, certo? Vamos começar pelo meu favorito. Anthony.
Ao apontar para mim, ele chega perto e desgruda cuidadosamente a fita da minha boca. Porém, ainda não me sinto confortável.
- Sabe - ele continua. - Eu tava ansioso pra te conhecer. Desde que venho te acompanhando, eu me identifiquei com você. Na sua idade, foi quando eu também me tornei um assassino.
- Como você sabe que eles e eu... - ouso perguntar, mas sou interrompido.
- Calminha, rapaz. Vamos chegar lá. Primeiro, responda-me, quem eram os três homens que invadiram sua casa em plena madrugada? - descaradamente, ele acaricia com aquela mão macia a minha cabeça, gerando-me mais incômodo.
- Ziff... Greg. E Sam.
- O que eles queriam?
- Roubar algumas coisas.
- Você tava sozinho?
- Meu padrasto tava comigo.
- E o que vocês fizeram?
- Nós os matamos.
- E o que fizeram com os corpos?
Fecho a boca e engulo em seco. Meu temor é sobre qual será a reação dele quando ouvir minha resposta. Recorro ao olhar de León, que apenas assenti a cabeça para que eu prossiga respondendo o interrogatório.
- Trituramos... E jogamos tudo no esgoto.
- Aaaah. Então, foi assim. Isso é o que eu chamo de trabalho bem feito. Apesar de eu já saber como foi.
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Meu Padrasto Irresistível (Romance Gay)
RomanceMorando em uma cidadezinha do Colorado, Anthony Wilson é um jovem estudante de 18 anos, rebelde, impulsivo e inexperiente, cujo a vida ainda tem muito à lhe ensinar. Sua mãe, Rose, casou-se recentemente com León Pascal, um ex-militar das forças arma...