2 Meses Depois.
Meus dedos tocam a superfície do papel onde Rick Mason desenhou à lápis León sentado ao meu lado na cama, afagando o meu rosto depois de me ajudar à deitar cuidadosamente. Era mais um dos dias de recuperação das minhas costelas fraturadas. Rick tinha ido me visitar desde que soube da minha condição e estranhou minha ausência nas aulas da escola. Ele fez a ilustração em segredo e me mostrou assim que acabou.
- Por que não me contou que você é um descedente de Picasso? - brinquei com ele e em seguida elogiei - Eu amei.
- Eu fiquei inspirado por ter visto León tomando conta de você - declarou ele, esfregando a mão atrás da nuca.
- Obrigado, Rick.
Guardo o desenho realístico dentro de um porta retrato e ponho em cima da cômoda. Faz dois meses que o coloquei ali. Minha melhora tem sido gratificante, não só pela minha determinação, mas também pela dedicação que meu padrasto teve comigo. Agora, estou perfeitamente curado.
Apanho o meu celular, acesso a lista de contatos e me aproximo da janela com o aparelho encostado no ouvido após eu apertar o botão de ligar para Rick.
- Fala, Thony. Quais são as novas? Tá tudo bem, meu amigo?
- Oi. Sim, sim. Eu estou bem. E você, cara?
- Um pouco exausto. Acabei de terminar um treino da academia. Tô indo pra casa agora - ouço uma buzina de carro, passos pela calçada e vozes de pessoas no fundo. - Ligou pra dizer alguma coisa?
Respiro fundo e vou em frente.
- Olha... Eu andei pensando muito ultimamente. Tem uma coisa que eu quero que você faça. É bem simples.
- Você tem certeza de que isso vai dar certo? - questiona ele, receoso, caminhando ao meu lado na manhã seguinte de sábado. Estamos no centro da cidade. Logo chegamos na rua Smallclover.
- É aqui? - ele aponta para o prédio cor de creme à nossa frente.
- Esse mesmo - confirmo, dominado pelas palpitadas fortes do meu coração.
Sigo ele até o topo da escada de degraus da entrada. Há um sistema de interfonia instalado na parede. Ele digita o número 27 e esperamos ser atendidos.
- Alô - cumprimenta, através do microfone, a voz de uma mulher que conheço muito bem.
- Bom dia, Sra. Wilson. Quem fala é Rick Mason. Estou aqui para minha consulta com a psicóloga - ele me olha, ansioso.
- Seja bem-vindo, Sr. Mason. Pode subir. O elevador está funcionando.
- Obrigado - chamada encerrada.
A porta ao nosso lado se abre automaticamente.
- Te devo uma, Rick. Fico muito agradecido - toco o ombro dele, sorrindo de leve.
- Anthony, vai com calma. Entendo o seu lado nessa história que você me contou mês retrasado. Mas se a sua mãe ainda não estiver pronta pra te ouvir, não force - embora seja um bom conselho dele, espero que a última parte não seja verdade quando eu a ver.
Com um último aceno de cabeça, ele também me dá tapinhas de incentivo nas costas antes de ir embora. Adentro no prédio e pego o elevador até o andar onde fica o consultório da minha mãe.
As portas metálicas se encolhem para os lados e saio andando pelo corredor. Meu peito se agita e minhas mãos suam. Afinal, já faz um longo tempo que não a vejo desde que me expulsou de casa junto com León.
Minha mão se fecha entorno da maçaneta da porta 27. O nome Rose Wilson está escrito na placa de latão pendurada acima. É só eu fechar os olhos e aquelas falas são invocadas dentro da minha cabeça.
Você não é mais meu filho.
Eu não sou? Então, vamos ver se isso ainda se sustenta até hoje.
Entro no consultório esperando dar de cara com a minha mãe. De repente sou absorvido pela atmosfera de recordações cálidas. Ela costumava me trazer ali para me ajudar à se abrir, livrar-se dos meus pesos. Como eu poderia esquecer da aconchegante Poltrona Mágica, onde eu sentava e todos os meus problemas chegavam à um fim? Jamais.
É reconfortante ver tudo limpo e arrumado nos devidos lugares. Fico feliz por nada ter mudado naquela sala. No entanto, algo me afeta em silêncio. Não sei dizer o que é.
Paraliso feito estátua assim que a vejo saindo do banheiro.
- Boa tarde, Sr. Mas... - ela dá um passo para atrás e arregala os olhos ao me ver dos pés à cabeça. - Anthony...
- Oi mãe - minha voz sai quase um sussurro.
- O que tá fazendo aqui? - ela cruza os braços, desconfiada de mim.
Eu poderia ter dito que vim vê-la, mas minha resposta é:
- Consulta.
Ela balança a cabeça negativamente.
- Inacreditável.
- Antes que me mande embora, eu gostaria que a gente aproveitasse esses 57 minutos. Eu não vim para me retratar. Nem para contar como foi que tudo aconteceu entre mim e León. Não vou implorar por perdão. E muito menos que volte à confiar em mim.
"Se eu tive intenções ou não de roubar o seu homem, isso não importa mais. Tá feito. Eu assumo que foi um erro. Mas eu não me arrependo, e isso se dar por eu estar perdidamente apaixonado por ele".
"Eu estraguei tudo. Destruí seus planos. Arruinei o seu casamento. E ainda fiz você me odiar".
"Mãe, eu posso ser a sua maior decepção, mas me recuso à morrer sendo o seu inimigo".
Fecho a boca e o silêncio paira entre nós. Ela parece estar processando tudo o que eu disse. Enfim, eu a ouço se manifestando.
- Gostaria de uma xícara de chá e de se sentar na Poltrona Mágica?
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Meu Padrasto Irresistível (Romance Gay)
RomanceMorando em uma cidadezinha do Colorado, Anthony Wilson é um jovem estudante de 18 anos, rebelde, impulsivo e inexperiente, cujo a vida ainda tem muito à lhe ensinar. Sua mãe, Rose, casou-se recentemente com León Pascal, um ex-militar das forças arma...