Toda a estrutura do motel em frente ao posto Overstone é mais ou menos precária, mas muito famosa por servir quartos à pessoas em aventuras de sexo, o que está perfeitamente relacionado com o pai dos irmãos Pascal, junto com o grupo de amigos, que estão bebendo, rindo e dançando com uma prostituta mais nova que eles no quarto número 5. Um deles, um cara grisalho corpulento, rasga a própria camisa de botões. Outro começa a tirar a calça, mostrando o traseiro. Logo as cortinas se fecham e toda a imagem fica lá dentro.
Apoiado no capo do carro de Quinn, León devora mais um disco de frango frito, que por sinal, estão deliciosos e crocantes. Os copos de Grape Soda dão uma combinação perfeita com o gosto da comida. Jeffrey e Quinn combinam de voltarem mais vezes ao House's Kitchen. Ou podemos passar lá na volta para a cabana.
Estudo o semblante misterioso do meu padrasto, intrigado. Ele não para de fitar a janela daquele quarto do motel. É como se à qualquer instante ele fosse correr disparado e atravessasse a vidraça. Noto a tensidade no maxilar dele. Até agora, ele vem sendo muito paciente.
Uma grande nuvem branca ofusca o sol das quatro e o rosto de León adquire um contraste mais sombrio.
- Já pensou no que vai fazer depois que passarmos por aquela porta? - pergunto à ele.
Ele não olha para mim, mas me responde com cautela.
- Vou dar à ele uma coisa que ele não se lembra a muito tempo atrás.
Terminamos de comer e beber e descartamos todas as embalagens na lata de lixo. Lado a lado, atravessamos a pista asfaltada até a entrada do quarto 5. Os risos dos velhos, gemidos femininos e xingamentos são ouvidos, e morrem em silêncio, pois León não avisou à ninguém o segundo em que arrombaria a porta com um espantoso chute.
Entramos, deparando-se com cinco velhos pelados ao redor da mulher seminua sobre a cama. Quinn não aguenta e explode numa longa gargalhada esparrenta, apontando para a prostituta, que encara nós quatro sobressaltada, segurando duas pirocas meio bombadas. Jeffrey tenta não quebrar a seriedade no rosto, mas desliza. Sobra León e eu, os únicos que ainda mantém a postura.
- Caralho. Quem foi que chamou esses caras? Alguém me explica? - manifesta-se um deles, com a mente emaranhada.
- Vai ver esses porras erraram de quarto - diz outro.
- Não, não, vovô. É esse aqui sim. Nós viemos pegar esse homem bem aí - León suspende o dedo, direcionando ao mais magro deles, de bigode branco cheio e traços faciais ásperos. É um senhor desgastado, que tem um pouco das semelhanças dos três filhos. - Quem te viu, quem te vê, Fred Pascal. Vem dar um abraço nos seus meninos. Viemos porque estamos morrendo de saudade, papai.
O sarcasmo do primogênito faz com que o pai congele. Ele já deve ter adivinhado. Os três filhos, que também trouxeram um rapaz, pretendem puni-lo por ter agredido a mãe deles. Outra coisa não é. Não adianta ele tentar fugir.
- Saiam todos - ordena Fred, trêmulo, aos amigos e a mulher.
- Tá falando sério, chapa? - questiona um.
León saca um calibre do cós do jeans, plantando pavor neles.
- Vão melar esses biscoitos moles e fedidos em outro lugar. A festa acabou. Dão o fora, porra! Ou a bala vai comer no cú de cada um.
Os velhos, junto com a acompanhante, recolhem os pertences dentre si e vão saindo um após outro.
- Seus filhos são loucos, Fred - fala o último ao fechar a porta.
Com o fim da diversão, vem o começo da tensão. León se curva para catar as roupas do pai e joga as peças para o homem apanhar, ordenando-o que vista-se. Fred obedece.
- Jeffrey, tá com a corda? - pergunta León e Jeffrey lhe passa uns dez metros de corda de sisal grossa. - Quinn, coloca o pai sentado naquela cadeira - assim faz o outro irmão, auxiliando o mais velho a dar voltas e voltas com a corda entorno de Fred, prendendo-o com um nó bem dado.
- O que pensam que estão fazendo?!
- Você sabe, pai! Não banque o inocente! Eu já tô muito puto e com vontade de enfiar a mão na tua cara! - esbraveja León, cuspindo saliva à cada palavra.
- Se não tivesse tocado o dedo na mamãe, o senhor ainda estaria se divertindo com aquele cardume de velhos comendo aquela mulher - diz Quinn, separando as pernas e cruzando os braços.
- Você nos ensinou que lições são aprendidas pela dor. Então, acho justo que também passe por isso. Afinal, funciona - comenta Jeffrey, acocando-se perto do pai. - Ou não?
- Por que o senhor atacou uma mulher indefesa? - pergunto, esperando que Fred seja honesto.
O suor escorre aos montes pela testa dele. Ele endurece o olhar. Respirando desreguladamente, a resposta é solta:
- As mulheres tem que obedecer os seus maridos. Pensei que tivessem entendido isso. Mas já vi que meus filhos não passam de maricas.
Quinn dá uma risada irônica.
- Ele ainda vai ser o mesmo até seus últimos dias. León, toca o play.
León tira de bolso da calça uma caixinha preta, que contém um par de fones intra-auriculares. Ele inseri um em cada ouvido do pai. Fred não entende absolutamente nada, mas o filho sabe o que está fazendo. Depois que ele conecta o celular aos fones, uma onda de surto súbita se apodera daquele senhor, que arregala os olhos e implora para que não continue.
- Não, não, não. Por favor. Tira isso. León, seu desgraçado! Pare com isso! SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA! - o horror emerge junto com as lágrimas dele.
- O que é isso? - pergunto ao meu padrasto, assustado.
- Ele está revivendo o maior trauma da vida dele com apenas uma música.
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Meu Padrasto Irresistível (Romance Gay)
RomansaMorando em uma cidadezinha do Colorado, Anthony Wilson é um jovem estudante de 18 anos, rebelde, impulsivo e inexperiente, cujo a vida ainda tem muito à lhe ensinar. Sua mãe, Rose, casou-se recentemente com León Pascal, um ex-militar das forças arma...