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Draco observou a discussão em silêncio, sem saber se deveria ou não opinar, apesar da reação de Ginny se mostrar completamente apropriada. Depois que Hermione explicou para Harry que seu pai resolveu aparecer, depois de longos meses fugindo dela, no almoço, e ele soube que não poderia vir nada de bom dali. A médica explicou também que ele não estava contente com a situação, e que ter voltado da Austrália depois de ter se acostumado com a ideia de morar lá e viver como Wendell, ao invés de sua própria vida, foi como ter sido roubado mais uma vez e ele já estava farto disso. E enquanto os amigos de Hermione demonstravam sua indignação, Draco se limitou a terminar sua taça de vinho e pensar que mesmo nas melhores pessoas, os problemas familiares também apreciam.

— Enfim, é uma droga e eu não estou nem um pouco feliz com a situação — Hermione secou mais uma taça e concluiu, suspirando — Mas vai ficar tudo bem.

— Sua mãe também vai? — Harry perguntou, seu olhar agora triste.

— Eu não poderia fazer ela escolher — a grifinória deu de ombros, e não pela primeira vez naquela noite, Draco sentiu necessidade de abraçá-la, mas se deteve — Então ela vai. Com certeza vai usar este tempo para tentar fazer com que ele mude de ideia, mas já disse a ela que isso é tempo perdido. E, honestamente, é até melhor que ele vá.

— Mione — Ginny tentou remediar, suspirando ao segurar a mão da amiga.

— De verdade. Se ele já não estava feliz aqui, é melhor que ele vá. Ele nunca mais foi o mesmo depois que revertemos o feitiço da memória, então não é como se eu estivesse muito surpresa — Hermione explicou — E ele não deixa de ter razão, sabe?

— Hermione, não — Harry interviu, agora sério — Isso não é sua culpa.

— Mas ele não mentiu quando disse que eu roubei a vida dele, Harry. A primeira vez, quando Minerva bateu na porta dele pra dizer que a filhinha dele era uma bruxa. A segunda, quando eu decidi apagar a memória deles para ir lutar numa guerra a qual eles não faziam parte — ela suspirou, e Draco segurou sua mão sob a mesa, seu polegar acariciando a pele macia de Hermione — E então quando eu resolvi trazê-los de volta. Quer dizer, o que eu deveria fazer, não é?

— Você fez o que julgou certo, como eles reagem a isso não está a seu alcance — Draco a interrompeu, olhando-a nos olhos.

— Parte de mim sabe disso — Hermione respondeu, tentando sorrir para Draco como agradecimento — Mas eu o conheço bem o suficiente para saber que é a verdade dele que importa. Eu não tiro a razão dele por ter se magoado quando eu apaguei as memórias dos dois e mandei-os para o outro lado do mundo para viver vidas diferentes, quer dizer a guerra era no nosso mundo, não era? O que eles tinham a ver com isso? Na visão dele, eu fui egoísta o suficiente para tirá-lo da vida perfeita que ele tinha aqui, com risco de morte ou não. Agora a única coisa que resta, é lidar com as consequências disso e aceitar que, na realidade, eu perdi meus pais no dia que obliviei os dois.

— Eu sinto muito, Mione — Ginny levantou e veio até a amiga, abraçando-a.

— Está tudo bem — Hermione respondeu, respirando fundo — Talvez não exatamente agora, mas vai ficar tudo bem.

Depois de agradecer o apoio dos amigos e de assegurar que a situação não era tão fim do mundo assim, Hermione suspirou e serviu mais uma taça de vinho e sorriu para Draco mudando o clima da sala ao brincar:

— Viu, eu disse que meu drama ia ser o suficiente para distrair Ginny de te fazer perguntas constrangedoras.


story of another us - dramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora