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— Você está brincando, não é?

— É claro que não. Por que eu brincaria com uma coisa dessas, Nott? — Draco respondeu, revirando os olhos pela décima vez — Ela mesma declarou que é amiga do Scorp, e por isso, deve isso a ele.

— E então, você vai aproveitar para passar um dia inteiro sozinho com a princesinha da Grifinória — Nott riu, pegando o copo de firewhisky na mão — Como esse mundo dá voltas, meu amigo.

— Não vamos estar sozinhos, caso você tenha sofrido alguma lesão auditiva que está lhe impedindo de ouvir as coisas que eu falo — Draco bufou e deu a volta na mesa de mogno, indo até o minibar e enchendo seu copo mais uma vez — E não é como se eu tivesse muita escolha além de ir. Nós trabalhamos no mesmo hospital, se eu não for, vai se tornar estranho passar por ela nos corredores ou conversar sobre algum paciente.

— Ah, claro, porque a boa convivência com Hermione Granger sempre foi muito importante para você, Malfoy — Theo riu com gosto, secando o copo — Você contou isso para Zabini? Cara, ele vai pirar quando descobrir.

Eles estavam no escritório de Draco desde o anoitecer, quando ele voltou da visita de duas das três escolas que tinha separado para conhecer. Malfoy tinha conseguido uma folga naquela tarde, e Nott estava aproveitando os últimos dias de férias, passando a tarde com Scorpius no mundo bruxo e no campo que usava para voar atrás de sua própria casa, curtindo o afilhado o máximo que podia agora que eles estavam de volta a Londres. Desde que tinham voltado, Nott era o único dos amigos que haviam visitado Draco na Londre Trouxa, em primeiro lugar porque era o único que sabia do retorno do amigo, e em segundo, porque era em quem Draco confiava para interagir com os trouxas como se fossem um deles - de todos os seus amigos, Theo ainda era o único que havia mudado de bom grado após a guerra, e não somente por obrigação, e esse havia sido um dos motivos pelos quais Malfoy havia eleito-o padrinho de seu filho ao invés de Blaise.

— Ele não precisa saber disso, Nott, espero não precisar repetir — Malfoy cortou a ideia ainda sem conclusão — Se Zabini souber, com certeza vai deixar escapar para Pansy, que vai contar para Daphne, e ela com certeza vai voltar para arruinar o resto da minha vida que ela não conseguiu depois que Astoria... Ele só não precisa saber, ok?

— Drake.

— Não. Isso é uma fase do Scorp — o loiro explicou, secando o copo em seguida — Ele vai começar a escola logo, vai fazer amigos, amigos da idade dele, e vai esquecer dela. Eles quase nem vão se ver, e tudo vai voltar ao planejado, exatamente como tinha que ser.

— Se você diz, meu caro amigo — Theo deu de ombros, largando o copo sobre a mesa e sorrindo em seguida — Mas você tem um encontro com Hermione Granger. Me diga, como ela está? Crescida o suficiente para fazer sua paixonite por ela voltar?

— Hora de ir embora, Nott — Draco revirou os olhos, expulsando o amigo que apenas riu, despedindo em seguida e entrando na lareira ligada pelo flu.

Malfoy aproveitou que o filho já estava dormindo para organizar os pensamentos, jogando-se na poltrona ao lado da janela e bagunçando os cabelos antes perfeitamente alinhados. Não era um encontro com Hermione Granger, ela queria apenas se desculpar com seu filho. Até porque, em mundo nenhum ela se aproximaria dele por livre e espontânea vontade, não com todo o histórico que eles tinham de todos os anos de Hogwarts. Lembrava-se muito bem que esse foi um dos motivos dele não ter se aproximado pessoalmente para pedir desculpas para ela depois da guerra, e por isso mandou um bilhete, assim como fez com Ginny Weasley. E daí que dois terços do trio de ouro tinham deposto a seu favor durante o julgamento na Wizengamot após a guerra e o livrado de Azkaban, isso ainda não mudava o fato de que Hermione odiava ou, no mínimo, o desprezava. Ela sabia ser cordial no ambiente de trabalho deles e por causa de Scorpius, e isso já estava ótimo.

story of another us - dramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora