Ar condicionado

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No meio da noite, o frio traz S/N de volta de seus sonhos. A mente nublada, ainda cheia de pensamentos ilógicos, fez escapar de seus lábios uma linha de palavras soltas, sem ligação alguma com qualquer coisa que fosse concreta.

Ela se esforçou para abrir os olhos e mover as pernas sob a coberta, até que elas fizeram contato com outras. S/N sorri e se arrasta adiante.

"Saiko," ela sussurrou contra o pescoço do corpo quente ao seu lado. Seus braços foram logo puxados para mais perto, por mãos maiores que as suas.

Ele solta um murmúrio incoerente em resposta. S/N continua, com a voz ainda recém acordada:

"Tá frio. Aumenta o grau do ar condicionado?"

Ela o ouviu respirar calmamente por alguns segundos e até pensou que ele pudesse ter voltado a dormir, mas quando estava prestes a se soltar de suas mãos, para procurar o controle do ar condicionado, ele voltou a murmurar, desta vez, algo mais compreensível:

"Fica, só."

"Oi?"

"Fica." Ele abriu os olhos, pesados, e ficou encarando S/N por uns bons segundos até conseguir se reencontrar com a racionalidade desperta. "Tá com frio?" perguntou, um pouco rouco.

Ela sussurrou que sim, e logo sentiu a coberta se movendo, a medida que Saiko chegava mais perto. Seus braços foram com familiar facilidade até a cintura de S/N, e ali encontraram repouso.

O calor, a pressão dos dedos sobre sua pele; o cheirinho suave de sabonete, que aos poucos ia ficando mais fraco; o som de sua respiração tranquila; a visão de seu rosto cansado, iluminado pela luz da lua cheia: todos os sentidos de S/N eram consumidos pela sua presença... isso é, todos menos um-o paladar.

Se remexendo até ficar com a testa colada na dele, ela esperou que ele abrisse os olhos novamente. Soprou um ar frio contra seu rosto, e quando nem isso funcionou para tomar sua atenção, ela soltou uma risada serena.

"Que foi?" ele perguntou, baixinho, descolando pela metade as pálpebras pesadas. "Ainda está com frio, é?"

Ela sorriu.

"Não."

"Então o que é?"

Apesar de ter o sono o agarrando com força, ele ainda lutava para manter os olhos abertos e os ouvidos atentos, para caso ela ainda precisasse de alguma coisa.

S/N ergueu a coluna e segurou o rosto dele em suas mãos, acariciando de leve sua bochecha com o dedão. O toque fez que um sorriso lento aparecesse em seus lábios, e os olhos novamente iam se fechando. Inclinando o rosto, sua boca se encontrou com a dele. Não houve discordância nenhuma, e logo de imediato, o morno de suas bocas entrava em contraste com o vento gelado do ar sobre eles. A barba dele coçava de leve, aspera no queixo de S/N.

O beijo, lento e carinhoso, foi finalizado com uma troca de olhares única entre eles.

"Te amo," ela sussurrou ao se aprofundar na fenda entre seu ombro e pescoço.

"Safada... Também te amo."

E então ele se prendeu aos braços dela, juntinhos debaixo das cobertas até o sol nascer na manhã seguinte.



☆•°▪︎ Euzinha tive a ideia de uma one shot que voltasse lá para época do ensino médio, já que o Saiko e o Ycaro estudavam juntos e, pelas histórias que contam, só faziam bosta, porém me empolguei e a narrativa que eu tenho na cabeça não cabe mais em uma one shot, porque é muito grande. Agora não sei se faço uma long fic, se tento simplificar a história ou se simplesmente deixo ela de lado. Socorro.

one shots • saikomene x leitorOnde histórias criam vida. Descubra agora