C a p í t u l o 6 - Parte 2

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1995 - 20 De Maio

Os dias se voltam tão fortemente com chuvas naquela região de Londres, que eu me pergunto o que vai acontecer comigo, já fazem seis dias que estou preso na cela, os meus soldados restantes foram mortos na minha frente por aquele cara esquisito, senti uma repulsa por seus crânios abertos e seus sangues escorrendo até os meus joelhos, enquanto eu tentava me manter quieto sem emitir um barulho ou som.

Após suspirar, ouvi passos de um salto andando naquele chão de pedra, fiquei girando entre os meus dedos o nome da base militar que eu fazia parte, o broche era jogado para cima e para baixo, e assim que ele caiu do lado de fora da cela, vi um salto alto pisar nele antes que caísse no buraco da água.

Logo vi a figura feminina se abaixar devagar para pegar o broche, me levantei e andei até as grades, buscando compreender o jesto, até por que, ela está grávida.

- É bonitinho - ela disse, virando o broche - O que significa essa palavra aqui embaixo?

- " Que todos os curiosos tenham uma visão drástica do mundo " - brinquei, o que fez ela me olhar e jogar o broche na minha cara - Estou brincando - declarei , virando na ponta da frase - "Com coragem em nossos corações, servimos com honra e dever."

Ela se encostou nas grades com as mãos na barriga - Pena que nem todos voltam, mesmo servindo de coração.

Suspirei, observando o broche em minhas mãos. -Às vezes, o coração é o único companheiro na guerra, mas nem sempre é suficiente para trazer todos de volta. - ela me olhou - Alguns partem e se perdem nas sombras do dever.

- A sua observação é interessante, coronel - ela cruzou os braços acima da barriga - Mas alguns sempre vão a guerra pelo o que pessoas maiores tem a dar.

- São pessoas orgulhosas que pensam em si mesmas, não tem a aptidão de cuidar da família e ser negligente a ela por toda a vida.

- E você por acaso é?

Fechei a minha cara pela pergunta dela, olhei atentamente a sua expressão antes de tomar uma palavra e ser surpreendido por dois guardas e o homem vindo girando uma arma entre os dedos.

- A conversa está boa? - ele perguntou, de maneira que causa arrepios.

Senti que a mulher, se sentia um tanto desconfortável com a presença dele ali.

- Estávamos falando sobre soldados que não voltam da guerra - ela respondeu, encarando o chão.

- Que adorável - ele deu um risinho - Tirem ela daqui - ordenou, e os guardas esperaram a mulher dar um passo a frente, e assim que ela o fez, os três saíram e eu fiquei na presença do homem que me encarava como se fosse me matar - Eu sei como você pode pagar a minha dívida, entretanto, se eu ver você de gracinha pra cima dela, eu acabo com você.

Apenas fiquei em silêncio, encarando o nada.

- Essa arma apenas têm uma bala, e vou deixar ela pra você, então já sabe. Ela é uma pessoa inocente que pertence apenas a mim, e se você tirar ela de mim... disparo essa última bala na sua testa!

- Não é da minha índole fazer isso - afirmo - O que eu tenho que fazer pra me livrar de você?

Ele riu - Quero que cuide dela nesses meses de gravidez, aquele bebê é importante pra mim, e você vai protegê-lo, nem que tenha que morrer no processo pra isso.

- Então a dívida não se refere a nada, se isso for me matar - aquilo não era um questionamento, era algo mais suicida que imaginei dizer.

- Quem se mete comigo não vive muito, Coronel - guardou a alma no coldre da cintura - Você começa amanhã, uma gracinha, eu saio do meu horário de trabalho pra vim aqui te matar.

Devil's Eyes - Simon Riley Onde histórias criam vida. Descubra agora