Dias neutros p. 2 (Minho's pov)

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— Calma, Lino. Seu trabalho ficou lindo, como qualquer outro. — Diz de forma acalentadora, mas nada para a fúria que sinto nesse momento.

— Eu não consigo, está bem? Eu não consigo aceitar o fato de não vê-las. Isso é tão injusto! Como posso gostar de qualquer desenho meu se eles não tem vida? São cinzas e sem graças e eu odeio isso, Hyung!

— Eu sei, saeng. Mas você precisa ter mais paciência, sabe que não funciona desse jeito. Já discutimos isso um milhão de vezes.

Chan me prende em seu abraço quando tento rasgar meu desenho e me aperta forte, não me deixando destruir mais uma decepção minha.

Suspiro derrotado quando vejo que não importa o que eu faça, Chan não vai me soltar. Sinto o nó na minha garganta se formar e me impedir de respirar fundo. Choro contra o abraço dele, completamente frustrado por não poder enxergá-las.

Eu estudei sobre elas, estudei sobre o amor, mas nada faz sentido! Nada responde as infinitas perguntas que invadem minha cabeça. Eu já amo a arte, já sou apaixonado por ela! O que mais esse mundo idiota quer de mim?!

Chan me solta quando percebe que meu choro irritado cessa por um momento, bagunçando meus cabelos e deixando um selar na minha testa.

— Como posso ser tutor de um aluno se eu não as conheço, Chan? Como posso ensinar sobre algo que eu não sei? — Questiono chateado.

— Eu sei que você vai conseguir ensinar tudo o que consegue. Sei que vai se esforçar ao máximo para passar todo seu conhecimento para esse calouro. Você é talentoso e tem uma visão obstinada sobre o que ama, sei que vai achar um jeito. — A confiança que Chan tem em mim é tão grandiosa que chega ser reconfortante.

Ele se afasta e passa as mãos por meu rosto, tirando o molhado das lágrimas.

Chan me solta e deixa a sala em seguida, eu deveria me preparar para receber o meu novo "aluno", mas ainda estava ressentido.

Olhei para alguns potes de tintas e meu interior ferveu de raiva. Peguei e comecei a arremessar as tintas pelo lugar, sujando meus trabalhos e telas, magoado por viver nesse mundo. Mas então, ouço uma voz calma no ambiente assim que jogo uma tinta espessa em direção a porta, sujando a pessoa.

Paro tudo o que estou fazendo e solto o pote no chão, logo procurando um pano e levando em direção a ele.

— E-eu sinto muito, caramba. — Me desculpo apressado e passo o pano por sua bochecha e pescoço. — Me desculpe, me desculpe, me desculpe. — Murmuro me sentindo muito culpado.

— Hum... acho que é um bom começo de aula. — Fala bem humorado.

Eu olho para ele, vendo um sorriso gentil se abrir.

— Não está bravo?

— É só tinta e, bem, eu nunca gostei dessa blusa mesmo. Ela é sem graça.

Com certeza isso não é uma reação esperada, e eu arqueio a sobrancelha, esperando que ele diga que está sim bravo e grite comigo. Mas ele não o faz, apenas pega o pano da minha mão e tira um pouco da tinta de sua camiseta enorme.

— Sinto muito. — Peço novamente e faço uma reverência.

— Não faça isso, Hyung. Está tudo bem, de verdade. — Balança as mãos exasperado. — Eu sou o Jisung, aliás. Seu calouro.

O olho surpreso e fascinado com sua pessoa, tentando entendê-lo. Jisung apenas retribui meu olhar.

— Eu sou Minho, seu veterano. — Sorrio mínimo e o vejo sorrir também.

Isso é um bom começo.

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Colors in you - MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora