Prólogo

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— Devagar, filho! — Sua mãe gritou ao longe, mas o pequeno nem deu importância, continuando a correr.

Ele era tão pequenininho comparado ao enorme campo verde que o cercava, a grama alta ia até seus joelhos gordinhos, os dentes de leões faziam cócegas em seu nariz e olhos e um espirro escapou.

Se recuperou rápido, continuando a correr por entre as folhas, sentindo a brisa balançar seus fios e acariciar seu rosto.

Uma pedra em seu caminho parou abruptamente sua corrida feliz, e o pequeno se pôs a chorar, sentindo seu joelho e canela arderem.

— Meu bebê, eu pedi para você ir mais devagar. — A mãe disse com gentileza ao alcançar seu filhote ainda chorando.

O pegou no colo e carregou até o córrego que havia ali perto. Se sentou na margem com a criança sobre suas pernas, afundou os pés na água e fez uma concha com as mãos bonitas, derramando devagar sobre o lugar onde o menor havia ralado. Limpou o machucado com a água cristalina, depois passou um pouco pelo rosto do seu bebê, limpando as bochechas cheinhas e coradas das lágrimas.

— Pronto, viu? Já vai melhorar.

— Ainda dói, omma. — Reclamou choroso.

A mais velha acariciou suas mechas castanhas e deixou um beijo nas bochechas que tanto amava, confortando seu pequeno.

Jisung olhou confuso para suas pernas, estranhando. Por algum motivo, ele achava que faltava algo ali.

Sua mãe entendeu de imediato. Seu filho sempre foi uma criança esperta, e agora, no auge dos seus oito aninhos, é normal que perceba a falta delas. As pessoas geralmente demoram mais.

— O que há, meu bem?

— Omma, não está faltando algo? — Franziu a testa ao ter dificuldade de entender e olhou para sua mãe. — Parece que sim para mim. — Inflou suas bochechas.

Olhou para tudo ao seu redor e sentiu falta de algo. Se voltou para o machucado e percebeu que estava sem cores.

— Por que eu não as vejo? — Perguntou chateado ao olhar novamente para suas pernas e não ver nada além de branco e preto.

Mal sabia do que estava falando, mas já sentia falta delas.

— Eu tenho algum problema? — Ameaçou chorar de novo e sua mãe rapidamente o abraçou, negando essa hipótese.

— Lembra da história que a omma começou a te contar ontem? De um artista triste... — Jisung acenou com a cabeça, apesar de só se lembrar do comecinho. — Eu vou terminá-la agora.

— Tudo bem.

— Então, o artista era triste por que ele não via cores. — A palavra pareceu fazer sentido na cabecinha confusa do menor. — As cores são... substâncias pequeninas que quando passam pelo nosso olho, deixam tudo mais vivo. São o que dão um toque único a nossa vida, o que deixa tudo mais especial. Está entendendo? — Jisung acenou com a cabeça e ela continuou. — Elas são especiais, e ele era triste por não poder enxergá-las.

— Por que ele não via? — Murmurou tristinho pelo artista, se sentindo do mesmo jeito.

— Por que, meu filho, — O segurou mais perto. — há muito, muito tempo atrás, as pessoas se esqueceram de algo muito importante. Elas esqueceram do amor. Esqueceram das coisas boas. Todas elas se deixaram levar pelos sentimentos ruins, causando guerras e sofrimento. Agora, todos são punidos.

— Por que as pessoas fazem essas coisas?

— Eu realmente não sei, meu bebê. Só sei de uma coisa: nunca, jamais, seja igual a elas. Sempre seja otimista e tenha um bom coração. As cores são um presente do amor, você só poderá possuí-las se deixar seu coração livre para amar. Entendeu?

O menor assentiu, chateado por não poder ver as cores, pelo artista triste da história, pelas pessoas serem assim...

— Vamos voltar para o appa? Ele já deve estar preocupado.

— Omma. — Chamou quando ela se levantou com ele em seus braços. — Você vê as cores?

Ela beijou as bochechas do seu menino e o ajeitou em seu colo, sorrindo gentil quando o vento balançou seus longos fios escorridos.

— Sim, sabe por quê? — Jisung fez que não com a cabeça. — Porque eu amo você e seu appa de todo o meu coração. Todinho mesmo. Vocês são a coisa mais importante da minha vida, Jisung. E quando eu finalmente entendi isso, as cores vieram correndo me abraçar. Elas farão isso com você também, meu bebê. Nunca desista do amor.

O menor a abraçou e sorriu pequeno, logo sendo carregado pela campina até ver seu appa os esperando com um sorriso.


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Colors in you - MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora