Magia (Jisung's pov)

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Eu tentava me concentrar na minha tarefa, mas a precipitação forte da chuva me tirava a atenção. Eu não gosto de barulhos altos.

Observei Minho de esguelha, vendo ele esparramado no chão com vários papéis já desenhados. No momento ele esboçava uma pessoa pela forma do desenho. Já era o quarto somente hoje, ou ele está inspirado ou também não é um grande fã de tempestades.

Suspirei e na hora um raio partiu o céu, causando uma queda de luz eminente. Silenciosamente me dirigi a Minho, sentando ao seu lado e o agarrando sem pensar quando um trovão estrondoso soou no céu.

Ótimo, agora estávamos presos na faculdade pela chuva e ainda sem luz, somente com um pouquinho que entrava pela janela por ser três da tarde.

— Você tem medo? — Perguntou se virando em minha direção e abrindo um sorriso maldoso.

— Não é medo. — Percebi que ainda segurava em seu braço e o soltei, me aprumando ao seu lado. — É só que... Eu não gosto de barulhos altos, e trovão é o primeiro dessa lista.

Tomo mais um susto quando outro trovão decide quase me matar do coração pelo seu som exageradamente alto. Ouço a risada do Lino e olho feio para ele, esperando que ele enxergue minha carranca.

— Vamos fazer algo para te distrair, eu não consigo ver o suficiente para continuar desenhando de qualquer forma.

Assinto e ele fica de pé, estende a mão e eu a seguro, vendo somente pela pouca luz que entra pela única e enorme janela que tem em sua sala.

Ele nos guia para um armário enferrujado que tem bem no canto do ambiente.

— Há um tempo atrás, muito tempo atrás — Começa rindo. — esse lugar foi a sala da turma de teatro.

Minho abriu o armário e eu vi muitas, mas muitas fantasias engraçadas e diferentes.

— Por algum motivo — Continua. — Eles nunca voltaram para buscá-las, e elas permanecem aqui comigo.

Dei uma olhada e peguei uma, vendo que poderia ser um bobo da corte... cinza. Ela devia ser mais interessante colorida mas, é melhor que nada. A vesti por cima das minhas roupas e Lino gargalhou quando me viu, escolhendo sua própria e a vestindo. Quando me deparei com o que ele vestia, a risada histérica explodiu de minha garganta sem controle algum, fazendo minha barriga doer.

— Do que está rindo, ein?

— Por que está vestido de coelho gigante? — Perguntei ainda rindo, ele estava tão bonitinho.

— Porque coelhos são legais.

Ele fez umas poses engraçadas, uma dancinha esquisita e depois se permitiu rir junto comigo. Começamos uma corrida pela sala cheia de cavaletes por que eu gargalhei ainda mais ao perceber que sua fantasia possuía um pompom em forma de rabinho.

Corríamos meio que tentando desviar das coisas e não derrubar ou sujar nada, mas quando eu pensei em olhar para trás para ver se ele me alcançava, acabei tropeçando em um cavalete e sentando em cima de algo nada macio. Me levantei para ver o que era e percebi que havia caído em cima de um pincel com tinta que estava disposto ali. A risada do Lino ecoou pela sala escura quando percebemos a mancha engraçada que havia pintado a minha bunda de alguma cor.

Nos olhamos cúmplices após o ataque de riso cessar e retiramos as fantasias. Eu dei uma boa olhada no borrão que agora fazia parte do tecido. Aos poucos ele ganhava cor, e essa constatação não me deixou menos confuso. Era um tom escuro e se destacava do que eu achava que era a cor da fantasia. Fiquei o encarando enquanto Minho buscava um pano para limpar a pequena bagunça que eu fiz. Parecia... roxo.

Sorri involuntariamente ao olhar para a sala e ver em um dos trabalhos do Lino, essa cor rasgando o meio da folha.

Guardei a fantasia e o ajudei a limpar o chão.

— Obrigado por ter me distraído. — O abracei feliz por nem ter prestado atenção na chuva e só agora perceber que ela havia parado.

— De nada, Jisung.

Não contei nada para ele sobre a cor, primeiro iria confirmar com minha mãe para ver se eu estava realmente certo.

Eu não sabia por que esse fenômeno estava acontecendo. Tudo estava rodeado de magia e mistério, e agora de roxo.


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Colors in you - MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora