Sol (Minho's pov)

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— Hyung! — Me chama em tom choroso.

Eu desvio a atenção do meu desenho para ver um Jisung com um enorme bico no meio da sala e uma poça de tinta no chão.

— Como você conseguiu fazer isso? — Pergunto tirando o pincel de sua mão e já pegando um pano para limpar o chão, me agachando.

— Eu... — Fitei seu rosto e vi que ele estava prestar a chorar. — Eu tropecei sem querer e acabei derrubando tudo. — Olha para baixo e estende sua outra mão, me mostrando uma folha. — Acabei estragando seu trabalho. — Uma lágrima brilhante escorre por sua bochecha cheinha.

— Tão desastrado... — Suspiro e continuo tentando limpar a mancha enorme.

— Me desculpa, eu não queria estragá-lo. Eu gostava tanto desse desenho. — Diz ainda mais triste, seu tom parte meu coração.

— Está tudo bem, eu posso fazer outro.

Fico de pé e ele me abraça de repente. De imediato, eu não reajo, apenas fico parado enquanto Jisung me aperta a cada soluço. Ele deita a cabeça em meu peito e meio sem jeito, eu faço um carinho em seu cabelo macio.

— Está bravo? — Ergue o rosto molhado em minha direção.

— Não, Sung. Está tudo bem, de verdade.

— Tem certeza?

— Tenho. — Sorrio pequeno. — Só é engraçado seu nível de desequilíbrio. Eu não sei como você não se machuca com frequência. — Ele funga um pouquinho antes de passar a manga da camiseta pelos olhos e sorrir levemente.

— Eu me machuco com frequência. — Confessa com manha.

— Vem, vamos descansar um pouco. — O puxo pela mão.

Nós caminhamos devagar pela praça principal, sentamos num banco e ficamos olhando a paisagem sem graça. Eu queria poder ser otimista como Jisung, queria poder conseguir ver o mínimo de beleza num mundo tão sem graça como esse. Mas eu não consigo. Não consigo aproveitar o canto das aves, a brisa leve, as famílias brincando. Acho que é por isso que me tornei artista. Eu queria poder enxergar a beleza do mundo. Mas as cores fazem falta demais.

Isso é irônico. A gente não deveria sentir falta de algo que nunca teve, que nunca experimentou, que nunca viveu. Mas sentimos, sentimos falta do amor, de tempos menos corridos e sentimos faltas das cores.

— Desculpa de novo, Hyung. Eu gostava muito daquela flor que você desenhou.

— Por que gostava dela?

— Hum... ela me lembra a minha infância... quando meu pai ainda era vivo. — Conta sorrindo triste.

— Oh, eu sinto muito, Sung.

— Tudo bem, Minho Hyung! Meu pai me ensinou a viver sem arrependimentos. É óbvio que sinto sua falta, mas ele me ensinou que a vida continua. Eu sei que ele estaria feliz me vendo progredindo assim. Eu já vejo alguns tons... — Sussurra a última parte, como se me contasse um segredo.

Anoto essa informação mentalmente para pensar nisso com calma mais tarde.

— Eu faço outra para você. Bem grande e bonita.

Ele joga seus braços ao meu redor, me puxando para perto e me apertando em seu abraço. Um calor se espalha por todo meu corpo, irradiando direto do meu peito. Jisung é tão precioso...

Eu olho para céu, vendo o sol ganhar um brilho gradativamente. Eu sei que ele sempre brilha mas esse em especial, possui cor!

Amarelo. Quente como seus raios e como o abraço aconchegante que recebo. Me solto de Jisung, vendo a cor chegar até sua pele bonita, me dando alguns indícios de como ela deve ser colorida. Deixo um beijo em sua bochecha, sentindo o calor do sol e do amarelo partir de nós.


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Colors in you - MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora