Céu (Minho's pov)

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Eu só precisava estar em minha sala, rodeado de pincéis e desenhos não terminados, tintas que eu não sei de que cor são e Jisung. Era só disso que eu precisava. Por isso, corri pela cidade horrorosa e cinzenta, desviando de carros e ouvindo buzinadas em meu ouvido. Argh, logo pela manhã.

Entrei na faculdade e fui direto para minha sala, destranquei a porta e respirei fundo, adentrei o ambiente e fechei rapidamente, escorregando pela parede até estar sentado no chão.

Meu coração batia rápido contra minhas costelas e minhas mãos tremiam levemente. Eu não poderia estar rodeado de pessoas mais amarguradas.

Deixei uma lágrima escorrer por meu rosto. Fazia tanto tempo que eu não chorava, mas esse é um bom motivo, então só deixo que elas caem e molhem minha blusa.

Após vinte minutos sentado no chão de madeira, ouço três toques na porta e sei que são dele. Eu não sei porque, mas tê-lo por perto é... bom.

Abro a porta e me dirijo ao cavalete mais próximo, evitando que ele veja meu rosto. Sei que não fará diferença, ele vai saber do mesmo jeito e talvez, mas só talvez, eu queira que ele saiba.

— Bom dia, Hyung. — Disse alegre, eu apenas acenei com a cabeça, ainda evitando o olhar. — Está tudo bem? — Sinto sua mão em meu ombro e ele para em minha frente, sua testa franzida em confusão. — O que foi?

O abraço antes de pensar em responder, eu não quero falar sobre isso agora, eu só quero me sentir acolhido por alguém. E Jisung é quem melhor faz isso, me abraçando rapidamente e deixando um carinho no meu cabelo.

Nos soltamos depois de um tempo e ele me segura pela mão, nos guiando para fora da sala. Não rejeito seu toque, apenas o sigo em silêncio. Ele nos leva para fora da faculdade, até uma cafeteria simples mas aconchegante aqui do lado. Eu tento ignorar a cidade descolorida, isso me magoa ainda mais.

Nós entramos no ambiente pequeno e sentamos em uma mesa com uma janela ao lado. Faz nossos pedidos e olha para mim com gentileza, fazendo um carinho em minha mão. Depois que nosso café com sanduíche chega ele me olha com expectativa, esperando que eu fale o que aconteceu.

— Minha mãe voltou. — Digo num suspiro. Jisung continua em silêncio. — Eu não a via a uns cinco anos, eu acho.

Desvio de seu olhos, fitando meu pão intocado. Por que ela tinha que voltar agora? Agora que meu pai e eu estávamos bem, agora que superamos sua partida, seu sumiço silencioso...

— Nós discutimos. Eu não sei como ela consegue nos olhar depois de tanto tempo, depois de ter nos deixado. Foi ela que causou tudo isso, por que ela voltou? Eu não quero perdoá-la. — Digo rápido, me atropelando nas palavras e deixando mais umas pequenas lágrimas caírem.

Ele segura em minha mão com força e eu olho em seu rosto, e por algum motivo, eu enxergo todas as respostas de que eu preciso.

— Imagino quão difícil tenha sido para você, Hyung, mas talvez ela queira uma chance. Mesmo que você julgue que ela não mereça, pelo menos a escute. O mundo já é horrível assim, não se permita ficar igual a todas essas pessoas amarguradas. — Diz com um sorriso mínimo, me passando toda a confiança de que preciso.

Encarar minha mãe vai ser a coisa mais difícil que eu terei que fazer, mais difícil que superá-la, mais difícil que cuidar de meu pai, mais difícil que superar o fato de que cresci num mundo punitivo e não enxergo as cores. Mas Jisung está aqui, e esse fato me traz a coragem e bom senso de que preciso.

— Acho que está certo. — Abro um sorriso mínimo ao ver sua expressão convencida.

— É claro que estou.

— Bobo. — Meu sorriso aumenta ao ver seu rosto sorrindo para mim, e eu respiro fundo.

Olho para fora e me levanto ao ver aquela cor naquele lugar.

O céu está... está azul.

Um tom tão vibrante e sincero quanto o que estou sentindo agora. E vivo. Não hesito antes de olhar para Jisung e limpar meu rosto, saindo do ambiente e sendo seguido por ele. Eu preciso ir para minha sala.


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Colors in you - MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora