Capítulo 1.

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Cinco anos depois.

Sinto as mãos de Michael rodarem minha cintura, seu corpo se pressionando com o meu.

— acha que agora teremos tempo? — ele sussurou, chegando perto do meu pescoço e passando o nariz na pele.

Por incrível que pareça, eu não sinto nada.

— agora não é o momento, Michael. — digo, retirando suas mãos de minha cintura. — acabamos de voltar da zona lá de fora, não estamos em boa forma para pensar em sexo. — jogo minhas ferramentas na bancada ao lado, me sentando em uma cadeira pequena para conseguir me recuperar.

era cansativo, todos os dias lutando para o mínimo de sobrevivência.

a coisa toda piorou no ano passado, quando os zumbis pareceram mais avançados. Eles corriam mais, eram ágeis. e a infecção perecia mais rápida.

Faz cinco anos que minha irmã morreu, cinco anos que estamos no inferno chamado de terra.

Naquele tempo, demorou um pouco para eu saber o que realmente era aquilo, não sabia de nada, pensei que era apenas um surto.

A america do norte, sul e central, todas corrompidas pelo vírus que no começo, não tinha uma origem identificada. Com o passar dos anos, as coisas vão ficando mais sérias, e eu nunca reparei nos jornais.

Eles falavam, eu nunca dei atenção, talvez fosse verdade. Claro, olhe para nós agora.

— Baby, estamos juntos por três anos e só transamos apenas três vezes. — ele bufa, se deitando na cama de casal no fim do quarto.

— Você quer pensar nisso ao invés de tentar sobreviver? Pense um pouco! — respondo, irritada com as palavras dele.

Michael era bom, um cara legal que conheci no segundo ano do ensino médio, Mas com o passar desses anos, ele não tem se tornado muito tolerável.

No começo, eu pensei que era uma paixão, mas percebi que não tinha interesse no sexo com ele, eu fazia apenas para deixar ele satisfeito. Eu agora sei, era só uma mera atração.

Ele é mais velho que eu, tem vinte e quatro, três anos a mais, ele não fazia parte da escola, mas ele era filho do capitão do time de basquete, e eu o via com frequência.

Michael foi o único que me ajudou e que ficou comigo desde a morte da minha irmã, nunca me traiu, nunca tentou me abandonar.

Mas mesmo assim, não o amo. mas claro, eu me preocupo.

— você quer então, dormir comigo? — perguntou. — só dormir.

— essa é uma boa ideia. — sorrio, me levantando da cadeira e indo em direção a ele.

Estamos em uma casa abandonada, mas ela está em uma condição boa. Os donos, bom, eram zumbis, então eu os matei.

A água e comida são os difíceis da situação, na maioria das vezes eu e Michael vamos nos mercados e postos abandonados, mesmo sendo comidas vencidas, eram as únicas opções que tinham.

Higiene também não era fácil, mas eu nunca me mantive suja, banhos por aqui tinham que ser rápidos, ninguém sabe quem pode entrar por lá.

suspiro, hoje o dia vai ser longo, mas ainda tenho um pequeno tempo para dar um cochilo.

                               ...

— Pegou o revólver? — olho para Michael enquanto ele coloca as coisas na bolsa.

estamos saindo para pegar mantimentos, os nossos esgotaram hoje de manhã, mas não havia tempo suficiente para pegar eles por conta do enxame que rodeava o mercado.

vamos aproveitar para ver se conseguimos dar uma olhada na floresta, nunca fomos lá, mas pelo o que eu podia notar o local tem vários frutos.

Espero que sejam bons o suficiente para serem comidos.

— tudo certo. — confirmou, seguindo em direção a janela. — parece não ter muitos deles lá em baixo, vamos.

Concordei, indo com ele para fora do quarto. Descemos as escadas com agilidade, eram de madeira, mas felizmente estavam conservadas.

Chagamos na entrada e Michael destrancou a porta. Olho em volta e noto que as plantas que rodeavam o cercado estavam quase morrendo. Infelizmente não tenho como regá-las, então acabam nesse estado.

Saímos de dentro do cercado e por sorte, a rua estava limpa. Quer dizer, não totalmente, tinha alguns zumbis, mas eram bem poucos e estavam afastados.

Espero que pelo menos eles não olhem para cá, ou vamos ficar ferrados.

— eu dirijo. — Michael diz, enquanto pega as chaves do carro nos bolsos.

reviro os olhos, ele nunca me deixou dirigir.

— vamos primeiro para a floresta, se tiver mesmo os frutos a gente não vai precisar comer as coisas do mercado. — falo.

Dando partida com o carro, seguimos para o lado afastado de west wills, uma cidade pequena dos estados unidos que foi afetada logo cedo por causa de sua pequena população.

o carro facilmente chama a atenção dos zumbis, mas como tinha poucos hoje, ganhamos mais tempo para sair do carro e não dar de cara com um.

Sei que é esquisito, em uma cidade pequena, deveria ter vários rondando por aí, talvez eles encontraram outro ponto para a carnificina deles.

— cercado por arame farpado. Porque eles fizeram isso em uma floresta? — olho em volta, mas meu olhar se ergue ao ver um buraco feito ao meu lado. — parece que já entraram antes da gente.

— eu mal notei que tinha arame aqui, passamos rápidos demais.

— pelo menos agora sabemos que tem, Mas já não é um problema. — digo, analisando o círculo que fizeram. — quem vai entrar primeiro?

— eu fico por último.— Michael se distanciou.

— medroso. — rio, entrando para dentro da área da floresta.

Era imenso, tinha uma ladeira que dava para o lado de baixo, e mesmo daqui, consegui ver algumas coisas em cima das árvores, e no chão, também.

— maravilha. — com ânimo, desço a ladeira.

— espere, pode ter zumbis aí! — Michael grita, me seguindo.

— eu tenho uma arma. — digo, ignorando seus avisos.

Era comer ou esperar morrer, eu prefiro a comida.

Chego perto das árvores e noto maçãs no chão, pronto, estou realizada. Quanto tempo não como maçãs? Nem eu lembro.

A árvore estava tão farta que caiam no chão, aproveitei a oportunidade para pegá-las, já que eu não tinha nenhum equipamento para tirar elas de cima, e eu não sou muito boa em escalar.

Claro, michael muito menos. eu realmente cheguei aqui na pura sorte.

Coloquei todas que consegui na bolsa e fui mais para o fundo, até agora não notei nenhum barulho dos zumbis, o que é bom.

— tantas maçãs, porque ninguém pegou elas? — me pergunto.

E também, se tinha um buraco na entrada, alguém deveria ter entrado, né?

— Michael, o que você acha? — questionei, ainda andando. — Michael? — me viro, não encontrando ele. — Michael! — grito.

Prendo a respiração, voltando para o começo da floresta, mas acabo errando o caminho.

merda.

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