Capítulo 5.

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"o tiro na cabeça resolve muita coisa" — foi isso que aquela garota disse depois de tudo, tudo, o que ela fez naquela arena.

eu não sei por quanto tempo eu fiquei igual um espantalho, parado e ligeiramente boquiaberto enquanto as cenas dela matando aqueles corredores passearam na minha mente.  e apesar de tudo, eu fiquei mais impressionado ainda porque ela conseguiu viver.

— caralho, ela é boa! — junior, sobrinho do meu pai disse ao sorrir para a garota lá embaixo, puxando palmas e olhando para nós, mas como ninguém o acompanhou, ele parou as palmas lentamente.

me contive para não rir, junior ainda era um pirralho de quatorze anos, fazer ele conter algum tipo de emoção era uma coisa difícil, ainda mais vindo dele.

— ela foi arranhada, eu vi. —  katherine disse, o tom dela aumentando um pouco para que todos escutassem, antes de olhar para mim. — se seu pai souber disso, ele-

— não há como se infectar com um arranhão, você sabe disso muito bem. —  a interrompi, fazendo ela rapidamente se calar e virar a cabeça para frente novamente. — só se torna um zumbi se for mordido, é só isso.

um barulho veio de baixo enquanto a garota ainda estava sentada no chão, mas se levantou de forma cansada, só que, parecendo aliviada ao ver marta e mais dois ajudantes entrarem novamente pelo outro portão e correndo para perto dela.marta entregando uma garrafa de água a ela enquanto os outros dois checavam se ela estavam bem.

eu consigo ver ela olhar para cima novamente, os olhos dela me fitando e me pegando olhando para elaoutra vez. por acaso, engoli seco, parecia que essa mulher estava tentando olhar para minha alma.

e me senti estranho por isso.

balanço a cabeça antes de me afastar, tentando pensar em outra coisa ao não ser a situação de agora, e então, cutuco manson — já deu pra mim, vejo você depois. — eu dou um leve sorriso, batendo de leve no ombro dele ao ver ele acenar com a cabeça.

— foi gore demais para você, alex? sabia que não iria aguentar tudo isso. — ele comenta, me fazendo revirar os olhos.

eu dou um leve tapa na cabaça dele antes de sair dali, escutando a risada baixa do infeliz logo atrás.

em toda minha vida, eu nunca me senti mais estranho que agora. olhar para aquela garota foi algo que poderia estranhamente me excitar em uma ocasião diferente, e não é que eu seja tarado, é só que ela causou um efeito estranho no meu corpo.

e não, não foi só agora, foi desde que vi ela pela camera.

passei momentaneamente pela escadaria do andar debaixo, onde dava para a sala confinada que era para outros fins, mas acabou virando uma enfermaria. eu não vinha muito aqui, só uma vez quando katherine havia quebrado o pé ao tentar escapar de um zumbi mongolóide.

sim, os zumbis mais lentos e burros.

passei pelo último corredor e logo fui para a porta fechada da sala, batendo sutilmente antes de colocar só metade do corpo para dentro, o ar frio da sala  me aquecendo levemente, mesmo que eu não estivesse com calor.

— ei, tudo bem aí? — murmurei, vendo  dawson inclinar a cabeça de lado para ver quem era, fazendo eu dar um sorriso pequeno.

— ah, alex, tudo bem, entra aí. — o homem mais velho comentou, enquanto ele parecia voltar a atenção para alguém.

que eu percebi rapidamente ser aquela garota, então eu entrei rapidamente na sala.

passei rapidamente pelo corredor de prateleiras cheia de medicamentos antes de me aproximar deles, diminuindo o passo antes de intercalar o meu olhar para ele e para a garota, Dawson estava passando pomada na mão dela para tratar o ferimento que o zumbi causou, e eu me senti meio deslocado porque ela não parava de encarar.

mas quando eu ia falar algo, entreabrindo meus lábios, ela logo deu um sorriso pequeno.

— então era você que ficava me encarando direto lá de cima da arena. —  ela disse, fazendo eu fechar minha boca outra vez, ficando meio surpreso pela forma ousada que ela falou.

Limpei minha garganta, olhando para dawson, que me deu um olhar divertido antes de continuar o curativo dela.

— eu só achei interessante a forma que você matou os corredores, mas eu não sabia que era proibido olhar. — falei, encarando ela outra vez.

um silêncio se instalou da parte dela por leves segundos, antes da mesma dar uma risada nasal.

— olhar sim, encarar é mais complicado, mas tudo bem. — ela inclinou a cabeça para o lado, antes de colocar um sorriso pequeno nos lábios e estender a mão.— sou elizabeth, e você?

eu pisco levemente, meu olhar caindo entre o sorriso dela e a mão estendida. elizabeth, talvez eu devesse guardar o nome dela na minha memória, só talvez.

— Alexander, mas me chame de Alex, é mais prático. — falei de volta, logo  apertando a mão dela, o calor do corpo dela parecendo conectar e fazer um contraste com o meu.

— alex é filho do comandante, ele vai te orientar por aqui antes de te levar até o escritório do pai dele. _ dawson disse, finalmente se afastando do curativo agora feito.

eu ia? tipo, não que fosse ruim, não, mas eu e ela? tipo, só eu e ela andando pela base?

eu só percebi que os dois olhavam para mim com um olhar meio confuso nquanto eu ainda segurava a mão de elizabeth, a minha mão guiando a dela para cima e para baixo, igual aqueles cumprimentos exagerados, me fazendo logo perceber a situação que eu estava e soltar a mão dela.

— ah, sim, claro. — eu sorri nervosamente, me distanciando um pouco enquanto cruzava os braços, ficando ligeiramente quieto.

elizabeth pareceu querer rir, e eu não sei se foi impressão minha ou não, mas ela logo voltou a expressão normal, enquanto olhava para a mão com curativo.

— dawson disse que eu poderia confiar em vocês, e que também acolhem e ajudam as pessoas, mesmo elas tendo que passar por... testes. — ela disse, as últimas palavras em um tom mais tenso, antes de olhar para mim de novo. — ficarei feliz em ajudar por aqui, de qualquer forma.

eu preguejei um pouco, o estranho das palavras saindo com dificuldade antes de eu acenar com a cabeça.

— bem, você com certeza vai ser de grande ajuda. — eu disse, observando ela parecer mais calma com o meu comentário. — todos aqui temos nossas funções, mas poucos atiradores, talvez isso agora mude um pouco com você aqui.

ela deu de ombros, parecendo meio que não confiar muito no que eu disse, mas era verdade. ela era boa, muito boa.

— vamos ver. — ela sorriu, o olhar ficando em mim por mais alguns segundos antes de virar a cabeça para observar dawson, que estava mais afastado da gente agora.

ele é o nosso médico principal, e também era quem estava organizando os documentos que meu pai pedia do relatório de saúde dos pacientes. todos os dados eram bem vindos, já que aqui, a saúde e bem estar de todos era o mais importante também.

— dawson, e como está o michael? ele já demonstrou estar acordado? — Elizabeth havia perguntado em um tom mais alto para que dawson pudesse escutar, fazendo ele erguer a cabeça para olhar para nós dois.

espera, Michael? Será que era aquele grandão que estava com ela?

— Anne está monitorando ele na outra sala, ainda não tive notícias, mas a esta hora ele deve já estar acordando. — o mais velho disse, enquanto agora elizabeth parecia dar um suspiro mais aliviado.

eu estalei a língua, não querendo me intrometer em nada sobre isso, mesmo a curiosidade ficando um pouco agitada nas minhas entranhas.

— bom — comecei, chamando a atenção dela novamente. — acho que já é bom nós começarmos o nosso tour pela base.

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