Vingança e Amor - DEGUSTAÇÃO

Capítulo 04

— Só não te beijo agora por respeito à sua mãe. Mas saiba que eu estou louco por você.

Ele se afastou de Isabel, dando uma piscadinha, tomou a mão de Vega para beijar, e se foi.

No dia seguinte Isabel ligou para Noelia e a amiga passou na casa dela para buscá-la.

— Ah, Noelia!

— É uma perguntinha básica, Bel! — Noelia riu entre os dedos — Fala a verdade! Vocês passaram esse tempo lá na Europa e não rolou…?

Perguntou Noelia, uma morena muito bonita de olhos azuis enigmáticos. Ela era a melhor amiga de Isabel desde o colégio.

— Não, não fizemos nada disso! Não nego que nos beijamos muito. E... Talvez uma mão mais ousada aqui e ali. Mas só isso! — Isabel cobriu o rosto, envergonhada.

As duas estavam no carro indo para sua cafeteria favorita.

— Estou muito feliz por você, Bel. Sério! Você não sabe quanto tempo esperei para ver esse sorriso em seus olhos!

Isabel sempre foi uma menina muito boa e meiga, porém nunca se deixou levar pelo coração. Ela tinha objetivos, apesar de ser muito romântica, às vezes Noelia brincava que parecia que Isabel não sabia amar, já que nenhum rapaz parecia bom o suficiente.

— Eu também, Noelia. Sei que é tudo recente, mas... Sinto que eu e ele temos uma ligação! — Isabel repetiu as palavras de Sebastián.

Noelia sorriu. Ela percebeu que Isabel estava feliz, e mesmo estando feliz pela amiga, ela teve uma sensação estranha. Esse tipo de coisa quando você realmente gosta de alguém, se preocupa com essa pessoa e sente que algo ruim está por vir. Como a nuvem negra antes de uma chuva torrencial.

— Bom, e no domingo, o que você vai vestir? — A morena perguntou. Noelia adorava dirigir e, desde que completou dezoito anos e ganhou um carro, dirigia para todos os lugares, mesmo quando ficava a duas quadras de sua casa. Isabel achava que ela era louquinha, mas a amava.

— Vamos comprar alguma coisa depois de comer. Eu quero estar im-pe-cá-vel. Meu pai é um pouco difícil de agradar e tenho medo que ele não goste do Sebastián!

— Bel, se esse Sebastián é tudo que você me contou e, mais importante ainda, se ele te faz feliz, duvido que o tio Edgar dificulte sua felicidade. Ele te ama tanto...

Isso era verdade. Edgar Guillén era apaixonado pela filha. Ela era a menina dos seus olhos, seu tesouro mais precioso. Se ele tivesse que arrancar o coração para garantir  bem-estar dela, ele o faria.

Isabel sorriu, pensando no pai.

— E eu o amo muito. Melhor pai do mundo! Sem ofensa ao tio Aitor!

Noelia balançou a cabeça, rindo. Aitor era o pai dela.

— Relaxa, não ofendeu — Noelia respondeu sorrindo.

Aitor Mesonero era um homem bom e trabalhador. Na verdade, ele era muito trabalhador, o que o tornava praticamente ausente da vida de Noelia e de sua mãe, Lúcia.

As duas compraram lindos vestidos e Isabel ficou muito feliz. Tudo estava indo perfeitamente bem. Sebastián até ligou para ela enquanto ela se trocava na loja. O vestido que ela estava usando era o mesmo que usou no dia em que conheceu o homem e Isabel pensou que deveria ser destino, mesmo, não se dando conta de que as palavras de Sebastián se encravam cada vez mais na mente dela.

Noelia a deixou em casa e Isabel, assim que entrou na mansão da família Guillén, deu de cara com Alejandro, que vinha dos fundos da casa, onde havia um belo jardim.

Ele a esperava com um buquê de flores, que tirou das costas para lhe oferecer.

— Senhorita Isabel! Vi essas flores e acho que combinam muito com você! — Disse o homem alto, de braços fortes, olhos escuros e sobrancelhas espessas.

Os dois praticamente cresceram juntos, mas depois de certa idade, Vega não deixou mais a filha e o garoto brincarem juntos, dizendo que cada um tinha seu lugar na casa e que seria inútil alimentar certas coisas para alguém tão diferente dele.

Isabel sorriu e pegou as flores, levando-as ao nariz.

— Muito obrigada, Alejandro! São muito lindas!

"Não tanto quanto você", foi o pensamento do trabalhador, porém, ele jamais se atreveria a falar em voz alta. Isabel era educada e agradável, porém, não lhe dava aquelas liberdades.

— Ah, a senhora Guillén está à sua espera — Ele falou, lembrando-se que a patroa lhe mandou que a avisasse assim que Isabel colocasse os pés em casa — Ela está no quarto, senhorita.

— Obrigada, Alejandro! E…— Ela moveu a mão que segurava o buquê — Obrigada pelas flores. Eu adorei!

Ela acenou com a cabeça e subiu as escadas, sorrindo.

— Você não deveria ficar se engraçando para os lados da senhorita da casa!

Alejandro franziu os lábios e se virou.

— E você não deveria meter o nariz onde não é da sua conta, Ximena! — Ele disse para a jovem de cabelos e olhos escuros. Ela era auxiliar de cozinha, filha da cozinheira. E, mais do que isso, ela era apaixonada por Alejandro, porém, ele só tinha olhos para Isabel desde que eram pequenos.

Ele ergueu a mão exasperado e foi embora. Ximena olhou para as escadas, onde  Isabel já havia desaparecido há muito.

— Maldita! —  A moça amaldiçoou Isabel.

— Mamãe? — Isabel chamou enquanto batia duas vezes, suavemente, na porta de Vega.

— Entre, meu amor! — disse a mãe, e quando Isabel abriu a porta, viu uma chuva de tecidos brancos que a confundiu.

— O que é tudo isso, mãe?

— Como assim, querida? É o vestido de noiva que encomendei para você!

Isabel olhou para a mãe, confusa.

— Vestido… de noiva? Não estou noiva, mãe...

Vega estalou a língua e fez um gesto com a mão como se estivesse espantando uma mosca.

— Em breve estará! Sebastián Alarcón disse que se casaria com você. Homens como ele não fazem essas promessas em vão. Homens como ele nem cortejam uma mulher como ele fez com você, se não estiverem com intenções sérias.

— Ele foi apenas… Muito charmoso e galante! Mãe, ele e eu nos conhecemos pouco, não tem como pularmos de conhecidos, paqueras a… Noivos!

Isabel colocou a mão no vestido e o tecido parecia seda, muito delicado.

— Ouça o que estou dizendo. Você vai se casar. Sinto isso no meu coração, Isabel!

— Tudo bem, mas qual o motivo da pressa? — Perguntou Isabel, ainda segurando o vestido — Parece que você quer se livrar de mim!

Ela fez beicinho, mas Vega sorriu e se aproximou dela, abraçando-a.

— Eu só quero o melhor para você. Vi esse vestido e achei que ficaria perfeito no seu corpo! Claro, é necessário experimentar, fazer os ajustes... Mas meu amor, vai ficar lindo!

Isabel sabia que sua mãe tinha um gosto maravilhoso e refinado para roupas. Ela não duvidou nem por um momento que o vestido seria exatamente o que se esperaria da namorada do importante Sebastián Alarcón.

— Mas de quem é esse vestido?