Capítulo 8

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Aquilo só podia estar errado. Eu traduzi errado, né? Um calafrio percorreu meu corpo, a sensação de estar sendo observado havia voltado com força total, fazendo eu sentir uma sensação horrível no estomago.

Eu queria vomitar. 

Não pude deixar de pensar que quem poderia ter escrito o bilhete podia ser muito bem o Bill, mas minha intuição dizia para não ser precipitado. Meu cérebro concluiu de imediato que não foi ele. Como poderia? Ele não saiu do meu quarto, e esta sem seus poderes...

Bill entra no mesmo momento, me encarando com preocupação quando me vê inquieto.

-Pinetree? Você esta se sentindo bem? Esta ficando doente de novo? Acho que consigo ir correndo pegar mais coisas para fazer o remédio.- Ele veio até mim, se agachando um pouco para ficar na altura que eu estava(visto que eu estava sentado na cadeira da minha escrivaninha). Ele tentou colocar a mão na minha testa, mas afastei ele, e já fui pegando o papel.

-Você consegue me explicar o que é isso?- Tentei não usar um tom de acusação, mas não foi o suficiente para evitar ele franzir a testa antes de pegar o papel com o código e a tradução.

-Quem escreveu essa merda? Só eu posso te chamar assim! Quem foi, Mason?- Bill parecia furioso, e, só por um momento, pude jurar ver um brilho avermelhado de baixo das lentes de contato. 

Me incomodei um pouco com o fato de ele ter usado meu nome para me questionar, e não escondi a careta.

-Se eu soubesse não tinha perguntado para você, né?- Falei ríspido, vendo que ele suavizou a expressão facial, e então suspirou. 

-Desculpa, não deveria ter te chamado assim. Eu sei que não é desculpa, mas é que eu não gostei nem um pouco de ler isso. - Ele, que ainda estava levemente abaixado, se ajoelhou e colocou uma das mãos sobre minha perna. Ok, arrepiei, mas ainda estou bravo.

-Levanta dai. Não vamos descobrir nada com você ajoelhado ai no chão.- Tentei continuar ríspido, mas ver ele ajoelhado na minha frente só me fazia ficar desconcentrado.

-Dipper, você chegou a ler as anotações que fiz no seu caderno?- Bill disse se levantando, e agora se escorando na escrivaninha.

-Não, por que?- Tentei ignorar o fato da posição deixar as coxas dele bem marcadas na calça, logo outra coisa também...

-Eu fiz umas breves anotações sobre o demônio devorador de mentes. Você não tinha se questionado de fato sobre ele, talvez nem soubesse da existência dele até então. Mas, como minha parte do acordo é compartilhar com você tudo o que eu sei, achei melhor te introduzir logo até ele.- Bill, que estava me encarando até então, começou a ficar com o olhar vago ao pensar nesse tal demônio. -Pode ser uma teoria louca, mas não é impossível que ele esteja nessa dimensão. Ele pode muito bem estar nesse exato momento nos observando. Ando tendo essa sensação dês de que despertei. Ele pode saber quem é você por minha causa. E, só talvez, ele possa tentar usar você para me atingir de alguma forma.- Eu estava tentando analisar a expressão de Bill. Era um misto de dor com raiva, medo e sei lá mais qual expressão de sofrimento que alguém poderia ter.

-E como você conhece ele?- A pergunta chamou atenção dele, e ele parecia triste agora. "Apenas" triste.

-Acho que você já imagina a resposta, garoto. Quando você passou mal foi por causa da maldição que o nome dele carrega. Só o fato de pensar demais no ruído que o nome dele é, causa tanta dor e mal estar... Mas se quiser que eu conte toda a historia de como ele destruiu tudo o que eu amava, posso contar. Mas queria pedir um tempo antes de te contar tudo. Digamos que não são memorias que eu consigo lembrar sem sentir nada.- Bill estava encarando os próprios pé agora. Ele parecia machucado.

Meu maior mistério: VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora