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Ao deixarmos a grandiosa construção que Josh identificou como a Casa Grande, uma sensação de confusão ainda pairava sobre mim. No entanto, à medida que caminhávamos, uma crescente curiosidade começava a surgir, impulsionando meu desejo de desvendar mais sobre aquele lugar peculiar e, é claro, sobre minha suposta herança divina.

A cada passo que avançávamos, uma visão mais ampla do local se revelava diante dos meus olhos. Do terraço da Casa Grande, a grandiosidade do acampamento era impossível de ser totalmente apreciada, mas aqui, no solo, eu podia absorver plenamente sua magnificência. O espaço era vasto, e o primeiro ponto que Josh escolheu para me apresentar eram os campos de morangos.

Cultivados ali, estendiam-se os morangos mais belos e suculentos que eu já havia visto. Josh colheu um de uma das plantas e me entregou, compartilhando comigo que o acampamento costumava vender essas deliciosas frutas para restaurantes em Nova York e até mesmo para o Olimpo. E enquanto saboreava o morango, percebi, pela primeira vez, a fome que estava sentindo.

O próximo ponto que Josh decidiu me apresentar foi o lago, onde alguns campistas treinavam canoagem ou nadavam, aproveitando o dia ensolarado. Após o lago, seguimos para os armazéns, onde eram guardadas as armas e diversos equipamentos. Josh mencionou que eu provavelmente encontraria a minha arma ali. Na sequência, nos dirigimos à arena e, posteriormente, ao pavilhão. Josh explicou que no pavilhão eram realizadas as refeições, com treze mesas dispostas ao longo do local. Cada uma representava um dos treze deuses olímpicos principais, que tinham seus chalés no acampamento.

Após o pavilhão, Josh decidiu me mostrar a área de treinamento, onde os campistas aprendiam a se defender. Comecei a sentir uma animação crescente, pois essa era uma das coisas que mais estava ansiosa para ver, logo após os treze chalés.

Ao chegarmos na área de treinamentos, percebi que era a maior de tudo que eu havia visto até então no acampamento, e estava lotada naquele momento. Campistas se envolviam em duelos com espadas, lanças, chicotes e facas. Além disso, outros praticavam com arcos e diversas armas cujos nomes eu ainda não conhecia, mas que eram fascinantes.

Era extraordinário testemunhar jovens da minha idade, e até mais jovens, demonstrando tamanha habilidade com as armas de maneira tão envolvente.

Observava atentamente os campistas praticando arco e flecha quando Josh segurou levemente meu braço, começando a me guiar.

— Ei, vem comigo, tem algo que eu acho que você vai gostar... — ele disse, sua voz de repente carregada de entusiasmo, enquanto me conduzia em direção a um grupo considerável de campistas que cercavam algo ainda fora de minha visão, mas que era acompanhado pelos sons vibrantes de gritos de guerra.

Navegando entre os campistas, que curvavam seus pescoços para espiar o que estava acontecendo, Josh nos levou até a linha de frente, e então pude testemunhar o espetáculo diante de mim.

Dois campistas estavam engajados em um treinamento, um empunhando uma espada e a outra – notei pela estatura, uma garota – manejando uma lança única, duelando com uma habilidade extraordinária. Ambos empunhavam escudos, protegendo-se e atacando com uma agilidade surpreendente. Era um espetáculo tão fantástico que eu simplesmente não conseguia desviar os olhos.

A destreza de ambos tornava difícil escolher para quem torcer, embora, secretamente, eu estivesse mais inclinada a apoiar a garota. Em um momento de desatenção do rapaz com o escudo, a garota acertou seu braço com a lança. Mesmo sendo apenas um golpe de raspão, foi o suficiente para fazê-lo cair para trás como se a lança dela estivesse carregada de eletricidade. Observando mais de perto, percebi que as fagulhas que emanavam da arma davam a entender alguma peculiaridade elétrica.

𝐓𝐇𝐄 𝐋𝐄𝐆𝐀𝐂𝐘 • Clarisse la Rue.Onde histórias criam vida. Descubra agora