Mel do amor.

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Meu único pensamento enquanto eu corria desesperada era:

"Se eu for lenta de mais ela vai me pegar e eu não consigo imaginar do que ela seria capaz de fazer."

Eu continuo correndo, até meus pulmões doerem, a floresta estava escura e sombria, eu apenas escutava os barulhos que as cigarras faziam enquanto eu tentava recuperar meu fôlego o mais rápido possível.

E o mais desesperador, era que eu escutava Alcina atrás de mim, correndo cada vez mais rápido, sem nem se quer demonstrar um sinal de cansaço ou fraqueza.

Eu começo a me questionar enquanto continuo a correr o mais rápido que consigo.

Se todas as pessoas que tiveram experiência com o cadou dentro de seu corpo tiveram alguma mutação... Por que eu não tive?

Por que nada mudou? Eu apenas mudei um pouco na aparência, porém não ganhei garras, poderes e muito menos controle sobre mim mesma.

Escuto os passos e risadas de Alcina se aproximarem de mim cada vez mais, eu tento correr mais rápido, mas não tinha forças.

Eu sentia alguns galhos me arranhando por culpa de eu correr de forma tão agressiva e nem se quer me preocupar por onde eu estava passando.

Porém, depois de alguns minutos correndo, a única coisa que eu consiguia escutar era minha própria respiração e meus próprios passos, mais nada além disso.

Eu me viro para trás enquanto ainda tento correr.

Aonde Alcina havia ido?

O desespero toma conta de mim.

Eu ficaria muito mais aliviada se ela ainda estivesse correndo atrás de mim... Pelo menos eu saberia aonde ela estaria.

Depois de um tempo eu caio no chão, por pura fraqueza e cansaço, estava ofegante e meus pulmões doíam, eu parecia sentir minha garganta fechar, eu sentia um desespero enorme. Eu olhava ao meu redor, tentava enxergar alguma coisa, mas a única coisa que eu via era a mais pura escuridão.

E quando a gente encara o abismo, o abismo encara a gente de volta.

Eu escutava as corujas, as cigarras, minha respiração ofegante e o barulho de uma cachoeira um pouco distante, porém ainda sim eu consiguia escutar.

Nada mais, nada menos. Nenhum passo de Alcina, nenhuma gargalhada, nada.

Eu me deito no chão, estava exausta e com muita falta de ar, mesmo o inverno já passado a algum tempo ainda fazia um pouco de frio de madrugada.

Aonde estava minhas meninas? Aonde estava Miranda? Por que Miranda saiu com elas e não me avisou?! Será que minhas meninas estão bem?

Eu só consigo pensar nas minhas filhas, o quão decepcionada elas ficariam ao saber que minha relação com Alcina estava desgastando aos poucos, principalmente Bela, que sempre foi mais chegada em Alcina.

Eu começo a escutar alguns gravetos se estalando e me levanto em alerta, me sinto atordoada, tonta.

Eu tento enxergar alguma coisa, começo a querer chorar, eu não consiguia ver nada.

Era como se o barulho estivesse vindo de todos os lugares.

Eu estava sem rumo, sem direção. Oque fazer? Pra onde ir?

Da mesma forma que poderia ser Alcina também poderia ser lobos, Miranda, licans ou até coisa pior.

Mas sinceramente, acho que eu preferia qualquer uma dessas opções do que alcina.

Por que eu sabia que ela poderia me estraçalhar como um lobo, poderia mentir como miranda e ter a raiva de um lican.

Eu sinto lágrimas brotarem em meus olhos, eu só queria ir pra casa e ver minhas meninas novamente.

O diabo em forma de mulher. Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora