Três batidas à porta me tiram do que eu esperava ter sido mais que um cochilo. Levantei confuso, vendo o recém alvorecer pela vidraça. O relógio respondia: quatro horas de sono.
— Senhor Gagnon?
— Já vou! Só um instante.
— Não é necessário! É só um recado: o comandante deseja te ver no QG assim que possível.
— Certo, certo...
— Isso é tudo, com licença.
Afastou-se a passos apressados, quem quer que fosse.
Emmett pedindo para me ver tão cedo? Em particular? Alguma coisa tem aí. Apressei-me em me arrumar, tentando afastar o sono que persistia. Na saída do quarto, alguns guardas ainda trocavam de turno pelos corredores. Os da madrugada indo descansar, enquanto outros começavam o dia.
Quando me deram o recado, já imaginei que seria algo importante, e agora que me via a sós com Emmett, tinha certeza. Eram quase sete e minha barriga roncava quando a reunião terminava.
— Às ordens, senhor. Eu o manterei informado. – Assegurei, prestando uma continência.
— Isso é tudo, James, obrigado. Eu... espero que todos nós consigamos demonstrar devidamente a importância do seu papel conosco, garoto. — Sua mão pesou sobre meu ombro. — Você é um bom rapaz, lembre-se disso.
Examinei seus olhos, um pouco desconcertado. Sempre o vi como um bom líder. Sábio, seguro, encorajador e realmente involucrado nas decisões. Ele não é daqueles que só assina papéis ou dá ordens arbitrárias, mas considera realmente as opiniões não só do Conselho, como dos mais baixos escalões.
Demorei a reagir:
— Seus elogios significam muito para mim, senh... — Corrigi — Emmett.
Um dos vícios que ganhei tendo crescido numa vila militar foi a formalidade com os superiores. Imagino que esse seria o momento adequado para quebrar esse "protocolo". Mas, ainda assim, soou-me artificial saindo da boca.
Estava para subir as escadas quando meu olhar se sustentou em uma porta específica ao final do corredor. Não faria mal aproveitar a passagem pelo subsolo para checar se a novata já havia subido ao refeitório.
Com dois toques à porta, ela não demorou a abrir. Sem precisar me anunciar, fui recebido por um sorriso confuso.
Ela vestia o uniforme de montaria, que lhe caiu bem. O cabelo estava num penteado diferente: as mechas, quase sempre amarradas num coque grosseiro, dessa vez estavam arrumadas numa trança decente. Pendurada em sua mão, um pé de bota formava par com a que levava em um dos pés.
— Achei que tinha me livrado de você na minha porta todo dia.
— Cordial como sempre. Levantou com o pé esquerdo, alteza?
— Ha-ha. Seus trocadilhos cada vez melhores.
— Só vim prevenir caso se atrasasse de propósito pra aula de hoje. Você não faz o tipo vaqueira...
— Ah, que gentileza. A propósito, acabou de dar sete horas, então, se liga, não tô atrasada.
— Não, mas quanto mais tempo levar pra calçar isso daí, menos tempo vamos ter pro café.
— Ai, fala sério. — Deu língua, jogando-se à beira da cama.
Enquanto ela calçava o pé desajeitadamente, estalei os dedos para o Bola de Pelos que se aproximava, lambendo o dorso da minha mão.
— Olha! Ele também sabe botar a língua para fora, é de família.
— Pff! Francamente. — Reprovou com um riso contido. E batendo os calcanhares devidamente calçados, devolveu: – Satisfeito?
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Herdeira da Terra e os Arqueiros da Liberdade
FantasyEm um espaço-tempo muito distante do nosso está Luna: uma garota de quase 17 anos que leva uma vida comum. Andava tudo normal, até uma devastadora noite de domingo virar seu mundo de cabeça para baixo. Sem conseguir entender o que faz ao lado de gue...