Do completo nada ao incompleto tudo

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   Carregar o mesmo sobrenome de um duque talvez tenha sido algo legal na infância, como um presente do meu pai desconhecido ou algo assim. Me fazia perder horas imaginando que ele era um herói morto em uma batalha que tinha salvado "o mundo", ou até desaparecido em uma expedição e todos os dias lutava para voltar para a família.

   Crescer significa descobrir que o mundo não é belo e emocionante como as histórias da imaginação de uma criança. É descobrir que a Vida é como uma mãe má que tira o melhor de você, te força a viver em uma sociedade cruel que exige o cumprimento de regras tolas e sem sentido e que criam uma falsa sensação de autonomia. Ao menos posso beber e viajar, o que torna o "crescer" não tão ruim.

   No fim, crescer é uma feliz infelicidade.

   E a Vida, uma fera insaciável, não se cansa de nos reservar surpresas desestabilizantes, como um conjunto de homens vestidos com o uniforme real parados na minha porta em um fim de tarde com o emblema real dourado refletindo as últimas luzes da tarde.

   Um dos homens socava impacientemente a porta do pequeno chalé, porém não mal cuidado, que daqui a umas batidas provavelmente irá cair se eu não chegar logo. Apresso o passo, intencionalmente altos para que o grupo escute.

   O rosto nada amigável mesclado com o ar pesaroso de um enterro dos soldados indicavam uma notícia ruim, mas isso não era algo incomum pra mim.

   ㅡ Viemos desejar nossos sentimentos e noticiar a morte do seu pai...

   ㅡ Me perdoe a intromissão, mas meu pai?! Eu não tenho pai, ele foi embora a muito tempo.

   ㅡ Você é Victor Lars Cohegan? ㅡ acenei com a cabeça, franzindo a testa ㅡ Seu pai é William Cohegan, o duque de Trichetkyev.

   Senti como se meu coração tivesse parado por um momento, a Vida realmente gosta de pregar peças naqueles que desejam paz.

   ㅡ Ele nunca me procurou, que tenho haver com sua morte? ㅡ o homem respirou fundo, impaciente

   ㅡ Estou seguindo ordens, senhor Cohegan. Me mandaram informá-lo sobre a morte do duque e a parte que lhe cabe da herança. ㅡ disse o oficial enquanto desenrolava o pergaminho, como eu poderia receber qualquer coisa do homem que me abandonou? Deve ter algum engano. ㅡ A pedido do antigo duque de Trichetkyev, seu único filho e herdeiro legítimo deve receber o título de Duque de Trichetkyev, o castelo, a fortuna e todos os demais bens deixados.

   Senti uma raiva crescente, o dito "meu pai" que abandonou a mim e a minha mãe, nunca mandou uma carta ou apareceu no enterro da mulher que eu mais amei em toda a minha existência e agora quer que eu assuma algo que ele nem conseguia gerir de forma eficiente. Bastava olhar para o seu castelo, nunca vi uma construção tão cheia de trepadeiras feias que cobriam quase toda a construção, jardins mortos e poucos funcionários.

   Ele era um homem rico, foi por puro descaso que suas terras estavam neste estado.

   ㅡ Se me permite dizer, o povo está ansioso para a chegada do novo duque que ninguém sabe sua identidade. Renunciar ao título seria iniciar uma luta pelo cargo e até uma revolta.

   Me calei, obviamente o dinheiro não seria algo ruim de receber, a vida é difícil demais para recusar um punhado de dinheiro que com toda certeza facilitaria algumas dificuldades.

   O problema era o cargo que viria em conjunto a fortuna, eu não queria ser reconhecido publicamente como filho daquele homem, aceitar seria um atentado a minha honra, que já não era grande coisa.

   ㅡ Eu poderia aceitar e me manter no cargo até encontrar alguém para assumir após minha renúncia? ㅡ o homem assentiu, certamente entendia meus receios. ㅡ Então eu aceito. Que preciso fazer agora?


•○•○•


Oiii <3

Um primeiro capítulo beem curtinho pra começar kkkk

Gostaram?

Vou tentar postar um por semana, estou de mudança então não garanto uma assiduidade mas vou me esforçar por vocês <3

Espero que curtam minha primeira história publicada e desculpa qualquer coisa.

Labirinto das AlmasOnde histórias criam vida. Descubra agora