O sol já não esquentava mais como antes, mesmo que o outono tenha atrasado este ano, e as folhas amareladas caiam e as flores da época enfeitavam os canteiros e corredores do pequeno Castelo Cohegan.
Observei as folhas de diferentes tons quentes que contrastavam com o clima sobre o chão, bancos e qualquer coisa que estivesse em seu caminho, a beleza da estação era inigualável a qualquer outra. A porta pesada do jardim que eu me encontrava foi aberta e um Sr. Brown alegre entrou, fechando-a atrás de si.
ㅡ Victor, não sei por que mas sabia que o encontraria aqui. Deve ser porque William sempre vinha cá para descansar. ㅡ Falou de forma descontraída. Franzi a testa ao ouvir o nome do meu progenitor sair de sua boca, o jardineiro me olhou como se pedisse desculpas por falar o nome dele, sabia que eu não apreciava ser comparado a ele.
ㅡ Ótimo, terei que encontrar outro lugar para descansar após horas ouvindo o Sr. Thomas, gostaria de me acompanhar nesta jornada? ㅡ Levantei-me e bati a poeira e as folhas da calça.
ㅡ Não precisa ser rude, Victor, falei pois é uma verdade. Você não se tornará ele por ter um hábito ou dois em comum.
ㅡ Não é o que me parece, tenho sido alvo de falas como "O senhor é mesmo parecido com o antigo duque!" e "Que incrível coincidência, o Sr. Cohegan possuía o mesmo hábito!". Sabes tudo o que não tive por culpa dele, não quero ter ligações com sua pessoa.
Ele respirou pesadamente, sabia que o emocional e o racional travavam uma árdua batalha em sua mente e não poderia culpá-lo: ele fora muito próximo daquele homem.
ㅡ Perdoe-me se te ofendi, não era a intenção.
Desejei ser corajoso e humilde o suficiente para retribuir-lhe a ação mas não era, o faria com ações mesmo sabendo que uma relação, seja ela de qualquer tipo, tem a necessidade de ser conservada por gestos e palavras.
O clima pesou por uns instantes até que ouvimos risos infantis e vozes gritando "Pai! Papai, cadê você?", eram os gêmeos Brown correndo pelo labirinto. O jardineiro se dirigiu até a porta e ao abri-la ouvi um baque seco, o som característico de uma cabeça infantil batendo no chão, e um choro.
ㅡ Oh, meu Deus, Liam! Perdoe o papai.
O homem se abaixou até o garoto sentado no chão e afagou seus cabelos em uma tentativa de diminuir a dor, a pequena Hellen estalou a língua balançando a cabeça em negação.
ㅡ Vocês são dois desastrados! ㅡ A menina parecia uma pequena adulta ao falar, sr. Brown ignorou o "desaforo", coisa que não era tão comum entre os pais.
ㅡ O que vocês fazem aqui, meus amores?
ㅡ Mamãe mandou perguntar se nós poderíamos almoçar aqui, ela gostou do Sr. Victor e também disse que faz muito tempo que não vamos visitar o castelo. ㅡ Ela falou tudo em uma respiração só, não sabia como conseguiu.
O Sr. Brown me olhou como se perguntasse se podia, acenei em confirmação, as crianças pularam de alegria e acredito que o Willian tenha esquecido a dor pois engatou em uma conversa animada com o pai. Hellen se aproximou envergonhada.
ㅡ Sr. Victor, é verdade que tens uma biblioteca?
ㅡ É sim, bem grande e bonita. Gosta de ler, Hellen? ㅡ Ela enrubesceu ao ouvir seu nome.
ㅡ Ah, sim! Minha irmã me ensinou a uns anos e quero ler um bem emocionante! Alice disse que tem histórias de aventuras e de romances lá, pode me levar?
ㅡ Posso sim, quer me acompanhar? ㅡ Ofereci o braço a menina, que aceitou feliz.
Ela falou o translado inteiro sobre uma história que a Srta. Alice contou, era um romance bem fora do normal, mas parecia interessante. A garota falou tanto quanto seu pai em uma conversa e mantive minha postura de ouvinte passivo, falando pouco e procurando absorver o assunto da conversa.
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Labirinto das Almas
RomansaA morte do duque de Trichetkyev não deveria ser um problema para Victor, até que ele é declarado seu pai e o jovem precisa assumir um título que não sabia que herdaria. Agora, ele precisa mudar totalmente de vida e sair de sua casa em Chonalle pa...