O GUARDA REAL

5 1 0
                                    

Quando os dois chegaram ao castelo, Elinor e Fergus ficaram muito aliviados por verem a filha sã e salva, já que ela tinha demorado mais do que o normal e ambos já estavam prestes a mandar os guardas à sua procura.

Merida contou tudo o que havia acontecido na floresta e fez questão de ressaltar a bravura de Eret, que permanecia calado e cuja presença tinha sido ignorada pelos monarcas até então.

Humildemente, o rapaz se aproximou e se curvou diante dos dois, que agradeceram por seu ato de coragem e o convidaram para o jantar. No início, ele ficou meio tímido, mas como queria passar mais tempo ao lado de Merida, resolveu aceitar o convite.

Durante a refeição, mesmo na presença de um estranho, Elinor não hesitou em dar uma bronca na filha, chegando a proibi-la de voltar à floresta, por achar que era um local perigoso demais para uma donzela.

Revoltada, Merida gritou com a mãe e se retirou tempestuosamente. Eret estava muito confuso e envergonhado, por isso, pediu licença para se retirar da mesa, mas nesse momento, Fergus teve uma grande ideia e pediu para o convidado esperar um pouco.

Elinor estava pronta para ir atrás de Merida, mas o rei a deteve e disse:

− Minha querida, eu sei que só está tentando proteger nossa filha, mas não podemos mantê-la presa para sempre. Ela precisa de liberdade para crescer e se tornar a grande mulher que tanto sonhamos.

− Onde está querendo chegar?

− Poderíamos arranjar um guarda para protegê-la quando ela estiver fora do castelo. Assim, Merida terá sua liberdade e não precisaremos nos preocupar com sua segurança. O que acha?

A rainha refletiu por um instante, mas desapontada, respondeu:

− Sua ideia é boa, mas ela nunca aceitará isso. Ela é tão indomável quanto você. Além do mais, quem seria esse guarda?

− Fique calma. Eu sei exatamente quem pode ser. − disse voltando-se para Eret, que parecia ainda mais confuso que antes.

− ELE? − espantou-se a rainha. − Você ficou doido? Nós mal o conhecemos! Tem noção da loucura que acabou de dizer?

Calmamente, o rei explicou os motivos que o faziam crer que o jovem era a escolha ideal, dentre os quais a bravura com que havia enfrentado Mor'du e a simpatia que Merida tinha por ele.

Ainda desconfiada, Elinor fez uma porção de perguntas a Eret, que respondeu a todas com clareza e segurança. Depois da entrevista, ela se convenceu de suas qualidades e aceitou a ideia do marido, nomeando-o como guarda pessoal de Merida.

Completamente desorientado, o rapaz demorou alguns segundos para entender o que estava acontecendo, mas quando tomou ciência da dimensão daquele anúncio, seu coração disparou e um belo sorriso ameaçou despontar em seus lábios, mas ele o conteve bem a tempo e curvando-se, disse solenemente:

− Será uma grande honra para mim, Vossas Majestades. Eu protegerei a princesa com a minha própria vida.

Elinor saiu em busca de Merida, enquanto Fergus passava algumas orientações para Eret, que mal conseguia conter a emoção por ter se tornado responsável pela segurança de sua amada.

Chegando ao quarto da filha, a rainha a encontrou afiando sua espada e ainda reclamando da bronca que havia levado. Ao ver a mãe, a jovem a encarou com frieza, mas ao contrário do que imaginava, ela falou com brandura:

‒ Merida, me desculpe por tudo aquilo. Mesmo sendo sua mãe, não tenho o direito de privá-la de sua liberdade.

‒ O quê?

‒ Não vou proibi-la de ir à floresta. Sei o quanto adora se aventurar por lá.

‒ É sério, mamãe? Obrigada! Obrigada!

‒ Mas há uma condição.

‒ Que condição?

‒ Que esteja acompanhada por um guarda real.

‒ Um guarda? Eu não preciso de guarda nenhum! Sei me defender muito bem sozinha!

‒ Sem discussão, mocinha. Já arranjamos a pessoa ideal para essa tarefa.

‒ Isso não é justo!

‒ É só para o seu bem.

Apesar dos protestos da filha, Elinor a pegou pelo braço e a levou até a sala do trono, onde Fergus ainda conversava com Eret. Ao ver Merida, o rei foi logo apresentando o rapaz como seu guarda pessoal. A princesa não conseguia acreditar no que havia acabado de ouvir e quis confirmar:

‒ O senhor e a mamãe escolheram o Eret como meu guarda pessoal?

‒ Exatamente. Qualquer homem que tenha a coragem para enfrentar Mor'du, certamente tem a minha confiança. ‒ o rei declarou com um grande sorriso.

Merida se beliscou discretamente (para ver se não estava sonhando), enquanto Eret se curvava diante dela, jurando lealdade. O coração da princesa batia tão forte, que ela teve medo que os pais pudessem escutar. Respirando fundo e escondendo uma mecha de cabelo atrás da orelha, ela falou com o máximo de solenidade que conseguiu:

‒ Senhor Eret, será uma grande honra tê-lo como meu guarda pessoal.

‒ A honra é toda minha, Alteza. ‒ ele disse, tentando conter a emoção.

Passado esse momento de formalidade, uma criada apareceu para conduzir o jovem ao alojamento dos guardas, mas para surpresa geral, ele pediu para dormir nos estábulos, juntamente com seu cavalo Guardião. Apesar da estranheza causada por essa escolha, Fergus e Elinor concordaram.

Mais tarde, quando já estava em sua cama, Merida só conseguia pensar em Eret e começou a experimentar um sentimento que jamais pensara que invadiria seu coração algum dia: paixão.

CORAÇÕES INDOMÁVEISOnde histórias criam vida. Descubra agora