Sírius: Atro

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Atro

Nunca vai se contentar, o suficiente nunca é suficiente
O que torna confuso é que a superficialidade não condiz com a realidade
Obrigado a viver desejos impossíveis e ilusões inconvenientes
Mas não é incomum, era previsto, sabe que não é tão diferente do que acredita

Sempre escuro e agoniante e tentar controlar o medo nunca funcionou
Entende-lo nunca o desfez, aceita-lo nunca realmente mudou
É tudo sempre escuro e nada parece mudar de qualquer forma
Impossível se saciar quando a única arma contra o medo é a fome

Cada pedaço da presença do desconhecido previsível, cada tormento
Tudo parece ineficiente, de volta ao velho, nada mudaria o ressentimento
De volta ao velho; manda muda a falta de tudo
Esgotado por tudo que não tem
É crítico, não saber, não ter, não viver

Deixar de ter medo para dançar com ele
Só se deixa de temer o escuro quando se torna parte dele
Poderia resumir em angústia
O que sobraria quando sua memória começasse a falhar?
O que se tornaria se começasse a tentar?

Superatro

Ele não é feio, mas pode ficar bem rápido
Não é estúpido, mas basta abrir a boca
Porque o único lugar onde sente a complexidade, é em meio as superficialidades e os pensamentos sombrios
Parasita cruel

Tristeza e raiva continuam sendo a melhor opção contra o medo, e funcionam muito bem
Isso dizia mais do que ele imaginava
Angústia e medo, em resumo

Sentidos e sentido às vezes o deixam sem consciência, mas ele continua acordado pela falta deles
Cada minuto a menos, perto do fim de cada recomeço
Excessivo, presente e repetitivo
Pior que o pior de tudo, é nada
Não tem mais nenhuma esperança, parece continuar perdendo

Decisões, fracasso e realidade, eu os vejo por quem são
As tentativas com o tempo ficam cansativas
Estou enfrentando, fugindo e temendo.
Mas injustiça sempre fez parte, essa é a questão

Esses desejos, a culpa... No fundo sempre quer algo que todos querem, previsível sempre algo que não tem
Esvaziou de novo

E fica cada vez mais estranho
Todos os lados tem algo pra assustar
Mas ali, na hora azul, na morte, intrínseco ao crepúsculo, não há medo

Ultravioleta com visões de mundo e fatos da vida
Ultraviolência com mentes e almas que nunca pararam de procurar
A Inocência da consciência inerente aos castigos compreendidos a alguém que não consegue mais distinguir sua ignorância

Ele sempre está lá, até não estar mais
Ele às vezes queria ser ele, às vezes queria ser ela, entre a inveja e o desejo
Ele às vezes implora, outras vezes simplesmente se conforma
E o ciclo nunca para

Prazer na depressão, apaixonado pela solidão, aliado do medo: nem ele acreditava nisso
Desprezado, desconsiderado, não havia muitas alternativas
Própolis meio amargo, foguete sem combustão, probabilidade incerta
Sensível, sensível, não lhe foi permitido esse amor, nunca foi
Nem compreensão, empatia e nem mesmo vingança
A vingança negada trouxe a maior das inseguranças, nunca o vê porque está sempre escondido

Perdeu a mais importante esperança quando olharam com olhares enjoados enojados para uma pureza plena e avassaladora
Manteve o desespero, nunca esvaiu
Desde que abriu os olhos, sempre cedeu

Não é difícil, é só complexo, esses parâmetros distintos similares mas que não tem nenhum valor emocional
...não lhe foi permitido

Perdido, não consegue cumprir objetivos, depende de sorte e de restos
Tudo nunca se resume, nada nunca se resolve
Sentimentos desgastam, sensações dissolvem, é unânime
Tampas de panelas quentes, incômodo de um descuido com uma parede crua, agonia de parar, porque parado não anda, parado só para

Dias que morreu, outros que queria mas já havia gasto o estoque de angústia
Deteriorando, acorda garoto, é o preço
Embriagado de hormônios, poluentes mentais e na mente comerciais perfeitos
Sonho lúcido é etéreo quando pode beijar alguém que te esqueceu

Não o faça parar, nem o peça, ele só é uma máquina de cada faceta sua
Respeitou mas foi ignorado, engoliu e vomitou, mas já era tarde demais, fazia parte dele

Cachinhos pobres, pobres cachinhos
Cercado de prepotência explícita, recomeços negligentes
Momentos caídos no esquecimento, são os períodos de incerteza e desesperança
É o estágio mais alto, quando até o pior é melhor que nada

Mestiço, bixo, estranho
Não existe ninguém como ele porque ninguém quer ser como ele
Coadjuvante, seguindo á risca o roteiro
Ego escorrendo, inferior às senhoras e os senhores
conformação precoce
Humilhado com coniventes que sempre faziam discursos de compaixão
Frio de espinhos em cada linha do seu corpo, coberto com serra cera veneno

Seu cérebro é um novelo
Compreendeu que não há ninguém, ninguém fica
Intenso, ninguém respeita, nem mesmo repara
E ainda tentarão culpa-lo
Todas às pessoas que entram na sua vida vão embora e levam um pedaço

Atro como eu, ele e eu
Peça tudo, exceto o que quer, parecia justo pra quem não tinha nada
Atro ele era, tentando deixar um texto vazio, fúnebre
Forçando a tristeza onde havia somente um nada
Completamente paralisado
Entendeu que o mais escuro não era o previsível invisível, era o mais comum, mas tanto ignorado

Não significa nada, não vou a lugar nenhum, sem complexidade nas entrelinhas, sem ponto claros ou ares puros, negada beleza, negada inteligência, faz horas que a morte ficou insignificante

Atro, no fim, é como um transparente pesado mas impossível de enxergar através
Atro não é sobre algo ou alguma coisa
É sobre a falta de tudo
Atro é atro porque é nada

05/04/2021

Translúcido Garoto CósmicoOnde histórias criam vida. Descubra agora