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(1447 palavras)

Pouco mais de quatro períodos-luz, eis a distância que nos separa da estrela Alpha, menina de nossos olhos, a segunda mais brilhante de nosso céu, tão decantada em verso e prosa e presente em praticamente todas as nossas histórias de viagens interplanetárias. Visível a olho nu, embora tão somente um pequeno ponto luminoso no céu, mas por sua similaridade com nossos dois sóis, boas são as possibilidades de haver espaço habitável e exoplanetas em sua órbita. Quantos serão? Estima-se que haja ao menos seis, sendo que o terceiro se assemelharia muito ao nosso. Ali, o tempo de translação está em torno de 365 ciclos, muito similar ao daqui, com fases que se alternam entre a claridade do dia e a indesejável diminuição da luz à noite. Viriam dali, nossos visitantes?

*

Estimado em trinta minutos o contato da espaçonave com o solo, houve tempo suficiente para nos locomovemos até seu provável local de pouso, uma enorme clareira a cinco quilômetros de nossa agência, e distante vinte quilômetros do centro urbano.

Num misto de êxtase e desassossego, logo a avistamos. De corpo praticamente circular, com aproximadamente trinta metros de diâmetro e estendendo-se no comprimento por mais cinco metros, possuía na parte traseira quatro propulsores; e nas bordas inferiores outros quatro, utilizados no pouso. Não me parecia tão pequena assim, como haviam afirmado meus companheiros.

— Que tipo de motores são esses? — assoviou Gerbius, impressionado. — Há realmente algum tipo de combustível, embora sem nenhum sinal de tanques.

— Com certeza estão em compartimento interno — opinou Jormús. — Tecnologia que nem suspeitamos.

Minhas perquirições, porém, eram outras:

— Como serão os tripulantes?

Havia a possibilidade da nave nem ser tripulada, mas a iminência do contato com seres alienígenas deixava a todos ansiosos. Estávamos ali em cinco: eu, Jormús e Gerbius, acompanhados de dois seguranças da PkA, porém, rapidamente dez viaturas da DEA¹ cercaram o local, espalhando-se num raio aproximado de duzentos metros. Mantinham-se em nossa retaguarda e cada vez chegavam mais. Perguntei:

— Quem acionou a DEA?

Gerbius explicou:

— Faz parte dos protocolos. É para nossa segurança.

— Mas você bem sabe que os federais poderão não agir com a lisura esperada para o momento.

Gerbius apenas balançou a cabeça, dando de ombros, como quem dissesse: "Que posso fazer, protocolos são protocolos".

A nave descia lentamente e o reluzir dos sóis em sua blindagem prateada coroava o espetáculo. Os quatro propulsores a frenavam na direção do solo e o aquecer do ar sob os jatos azulados queimavam a relva em quatro circunferências equidistantes. Um bafo quente nos atingiu, envolvendo nossas roupas de proteção em calor descomunal. Quando finalmente o fundo tocou o chão, a grande massa de sua estrutura, mais de 60 toneladas, fez o piso recalcar em quase meio metro e o tremor de terra serpenteou sob nossos pés. A tensão da expectativa era grande: o que viria a seguir?

*

Dentro da Tiro Estelar 2, a tensão não se fazia menor. Em cima de uma mesa de reuniões um projetor holográfico exibia tudo o que acontecia no exterior da nave. A capitã Joyce Foz estava apreensiva, ao mesmo tempo, estupefata:

— Juro que esperava homenzinhos verdes com antenas, mas não! Estamos cercados pela 'cavalaria', composta de vários homens e o mais impressionante: se não me dissessem onde estou, eu diria que estamos na Terra.

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