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(2266 palavras)   

Zander e Lina chegaram ao prédio da PkA e depararam-se com uma construção de arquitetura bem diferente das que habitualmente viam na Terra.

— Ao menos isso eles não copiaram de nós — comentou o imediato.

Numa exuberante pirâmide invertida, toda em aço e com janelas em vidros fixos, instalava-se a PkA. As vidraças permitiam apenas a entrada de luz, sem aberturas para o ar.

"Será que esse pessoal não respira"?, pensou Lina. Se Lina tivesse conhecimento da conversa que vinha sendo travada na Tiro 1, saberia que a resposta para sua pergunta seria: 'Sim, os habitantes de Exo-4 não respiram e nem se alimentam, precisam apenas da luz do Sol para a obtenção de energia'. Semelhante ao processo de fotossíntese, a "energossíntese¹, um tipo de conversão fotoelétrica, fornecia a energia vital de que precisavam.

Assim, evidenciava-se na atmosfera uma quantidade "x" de oxigênio, a manter-se praticamente inalterada ao longo do tempo, embora alguns óxidos surgissem naturalmente, como o óxido de ferro e o óxido de cobre, além das cominações com o enxofre. Uma colônia humana, entretanto, extinguiria o oxigênio em pouco tempo, ao consumi-lo pela respiração, ao mesmo tempo que inundaria a atmosfera com dióxido de carbono. O gás carbônico não processado em oxigênio, devido à ausência de vida vegetal, tornaria o ar irrespirável e o efeito estufa tornaria o planeta inabitável até para os exoquartianos, uma vez que suas estruturas corporais resistiam somente a temperaturas variando entre -20 a 90 graus Celsius

A coexistência das duas raças seria inviável, a menos que fosse possível trazer para Exo-4 o reino vegetal. O grande desafio, no entanto, dava-se não só pela inexistência de água, mas também pela falta no solo de minerais essenciais à vida orgânica, como fósforo, potássio, cálcio e magnésio, apesar de haver grandes reservas de ferro, cobre, zinco, silício, enxofre e calcário. Exo-4 também possuía em sua crosta muitos minerais não conhecidos na Terra, como o "ankdero", material que Zander julgaria, mais à frente, ser o próprio ferro.

Foram colocados numa cela, uma sala na qual um vidro espesso servia de opção à costumeira grade que se via em seu planeta de origem.

— Quanto tempo será que vamos ficar aqui?

— Não sei, Lina. Estamos servindo de moeda de troca e só quando liberarem os dois 'exos', vão nos liberar.

Havia duas cadeiras de ankdero. Sentaram-se e pacientemente esperaram.

— Deve haver muito ferro neste planeta, é um material utilizado em quase tudo. Ferreiro é o que não deve faltar por aqui — comentou Zander.

Passadas duas horas, Alphas "A" e "B" se puseram. Pelas esquadrias fixas de ankdero e vidro, caiu a noite e surgiram as estrelas. O sol terrestre fixava-se no céu como um pequeno ponto luminoso, só menor que Alpha "C", mas não havia qualquer 'lua', a conferir nostalgicamente sua luz, furtando de Lina a possibilidade de uma vez mais se sentir em casa. Mesmo assim, ela agora oscilava o corpo tal qual um pêndulo, indo de um lado ao outro no balanço do ipê roxo da Penha. Zander despertou-a:

— Naturalmente que esses vidros não devem ser do mesmo tipo fabricado na Terra. Nem sei se essas cadeiras são de ferro mesmo.

— Ei, olhe, Zander... — Lina apontou para uma porta, por onde entravam Gautius e Gerbius. Os dois dirigiram-se à cela e passaram à dupla um comunicador. Gerbius indicou que Zander acionasse um pequeno botão.

[— Zander? Aqui é Foz.]

— Ah, olá, capitã. Pensei que havia nos largado aqui.

[— Estão bem?]

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