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(1882 palavras)     

Terminada a sessão, vestimos as roupas e aguardamos a porta que dava para o interior da nave ser aberta. Quando as duas partes que a compunham deslizaram para os lados, vimo-nos enfim frente a frente com nossos anfitriões. Eram dois, mas quantos seriam no total? Ao menos quatro eu já sabia haver. Vestiam também seus uniformes, azul escuro. Nos forneceram um delicado aparelho, que também portavam, constituído de um fino arco de metal, preso a ele uma haste. Nas pontas, um material macio, esponjoso. Encaixava-se o arco na cabeça e duas das esponjas ficavam sobre os ouvidos, enquanto a terceira dispunha-se no ar, defronte aos lábios.

— Dois receptores auriculares e um transmissor — explicou-me Gerbius, enquanto ainda falávamos em grego para nossos ouvintes. — Com certeza este aparelho está conectado ao computador central deles, que fará a tal tradução simultânea. Essa tecnologia sem fios é muito interessante, com certeza está baseada na transmissão de ondas eletromagnéticas, nada mais que ondas de rádio. É curioso como às vezes já dominamos determinada tecnologia, mas não enxergamos rapidamente seus múltiplos usos e possibilidades. Nossos comunicadores possuem o mesmo princípio. A diferença aqui é que esses fones de ouvido estão interligados a um sistema de tradução.

Gerbius tinha uma capacidade notável e célere para a compreensão de coisas novas. Em outras palavras, ele aprendia muito rápido. Ficasse naquela nave alguns ciclos (ou dias), sairia de lá dominando tudo.

Assim que colocamos nossos aparelhos, iniciaram a conversa:

— Olá, sou a capitã Joyce Foz. E este é Atticus, nosso biofísico.

Escutávamos sua voz perfeitamente, através das pequenas esponjas sobre as orelhas e logo meu companheiro apresentou-se:

— Olá, sou Gerbius. E esse é Gautius. Fazemos parte da PkA, a agência aeroespacial de nosso mundo.

— E como chamam o planeta?

— Ares. Somos os areanos.

— O deus grego da guerra? — comentou Foz. — Interessante. Gostaria que nos seguissem até a ala de reuniões. Por aqui.

Saímos para um corredor largo e circular, que acompanhava o formato da nave em suas bordas. Logo chegamos a uma área central, acessada por um portal no corredor. Havia uma mesa redonda, que combinava materiais diversos, dentre eles o ferro, no entanto, também um material desconhecido nosso, que logo chamou a atenção de Gerbius. Atticus explicou:

— É polietileno, um polímero.

— Polímero?

— Sim, um material sintético produzido na Terra.

— Sintético? Quer dizer, não existente na Natureza?

— Isso mesmo. É industrializado e derivado do petróleo ou gás natural. Sua matéria-prima é o gás etileno.

— Feito a partir de um gás? Bem, são muitas coisas que eu desconheço e se eu for perguntar tudo que não sei, não sairemos daqui nunca.

Todos riram e o humor de Gerbius serviu para quebrar o gelo entre as partes.

— Esse polietileno... Não oxida? — perguntei.

— Não.

— Interessante...

Assim que nos sentamos, a capitã Foz tomou a palavra:

— Damos-lhes as boas-vindas e primeiramente gostaríamos de lhes mostrar nossa origem.

A pouca distância de nós, um painel fixo numa das paredes recebeu uma projeção de imagem, um mapa estelar. Foz perguntou:

— Reconhecem esse sistema?

SER CIENTE - A OrigemOnde histórias criam vida. Descubra agora