II Ida †

213 16 3
                                        

     Quando acordei na manhã seguinte eu me levantei e coloquei a roupa mais confortável e quente que encontrei, uma calça cinza desbotada, uma blusa branca, um casaco xadrez fino e um outro casaco preto mais pesado, tomei café e reli as regras sentada na mesa da cozinha, até que ouvi a buzina do táxi na frente de casa.

     Sai pela porta, tranquei e guardei a chave, desci as pequenas escadas até o portão e entrei no carro. O taxista era um homem baixo e gordo, com um semblante simpático. No rádio tocava uma música que nunca havia ouvido antes e que não conseguia decifrar o que era. Talvéz jazz, não tenho certeza.

    Mal havia amanhecido, o movimento nas ruas era baixo e quase não haviam pessoas na rua. O frio estava maior, mas os ventos não eram mais tão fortes.

     -Qual o endereço, moça?- Ele perguntou automaticamente.
Entreguei o panfleto.
     -No fim da página.- Expliquei.
Ele não disse mais nada, apenas prosseguiu em silêncio durante todo o caminho até a Casa.

     O endereço dizia apenas o nome da chácara, onde ficava a casa, que não tinha número especifico nem um ponto de referência próximo, o que me fez pensar ter sido bom avisar alguém de que eu estava lá para cumprir o desafio, afinal, se algo acontecesse, o que era improvável por ser apenas uma gincana de agências sensacionalistas, alguém, hora ou outra, iria me procurar. Ou não...

     Demorou cerca de dez minutos para que chegassemos até o local. Era uma pequena chácara, não era assustadora, mas não era muito acolhedora também.

     Paguei a corrida e disse que ligaria quando precisasse dele novamente. Quando coloquei os pés no chão a lama resultante da chuva da noite anterior me fez perder o equilibrio e quase cair, quando retomei minha posição eu ouvi um passaro cantanto em uma árvore, ou melhor, gritando de um galho seco que um dia foi uma árvore.

     Depois que o táxi saiu eu senti uma terrível sensação de solidão. A neblina do inicio da manhã cobria tudo a minha volta, inclusive aquele pássaro, que eu já não conseguia ver.

     Olhei para os lados sem razão e caminhei até a entrada da casa.

A Casa Sem FimOnde histórias criam vida. Descubra agora