A primeira sala me parecia exatamente o que imaginei. Havia uma cadeira de balanço no canto direito da sala, armários quebrados, destroços pelo chão, sangue falso pelas paredes, que eram de um papel de parede antigo e rasgado. Aparentemente nada de mais.
Uma luz fraca iluminava a sala, ela vinha de um grande abajur de chão que ficava ao lado da cadeira e piscava incomodamente a todo momento, alternando para uma grande escuridão durante alguns segundos.
Olhei o catálogo de objetos da primeira sala e me direcionei até um dos armários para procurar, o que não foi muito difícil, já que era tudo relativamente organizado. Os objetos dessa sala eram:
◆Miniatura de abajur;
◆Lâmpada azul;
◆Conjunto de velas;
◆Miniatura de tocha;
◆Lanterna amarela queimada;
◆Lâmpada vermelha;
◆Miniatura de candelabro;
◆Interruptor de tomada;
◆Lâmpada verde;
◆Miniatura de lampião;
Aparentemente o perigo da sala era a escuridão, o que não era problema, já que nunca tive medo do escuro. Mas algo me dizia que o problema não era a escuridão, e sim o que havia nela.
A charada já estava resolvida: a escuridão é combatida com a luz, especificamente branca, e para poder "destruir" esse obstáculo precisaria de uma lâmpada, mas como não dispunha de uma, precisaria das três lâmpadas que estavam na sala: Azul, vermelha e verde, para construir uma luz branca.
Mas ainda havia um problema: onde iria por as lâmpadas?
Eu tinha o interruptor do abajur onde a lâmpada piscava e um que deveria encontrar, mas ainda faltaria um. Antes de pensar nisso eu procurei os objetos e pouco a pouco conclui a busca. Deixei os objetos na caixa indicada e separei as lâmpadas para acender as luzes e passar para a próxima sala.
Quando me direcionei ao abajur para trocar as lâmpadas, ele apagou completamente, e dessa vez não voltou a funcionar. Seria mais difícil agora, mas tentei me manter calma. Tateei no escuro em busca do abajur e, quando encontrei, retirei a lâmpada e a coloquei na cadeira.
Senti um frio repentino e algo me tocando pelas costas, me virei em reflexo e vi um vulto passando e indo para trás dos armários, derrubando objetos das estantes.
É tudo um truque, são só robôs. Eu repetia para mim mesma enquanto colocava a primeira lâmpada no abajur. Quando a primeira luz acendeu, o ambiente ficou iluminado com vermelho. Droga.
Sei que é clichê associar vermelho com algo ruim, mas eu preferia muito mais ver tudo verde ou azul, seria mais confortavel.
Agora precisava conectar os fios do interruptor em alguma tomada para poder procurar o local da terceira lâmpada. Estava frio, e eu estava com medo, o que era bem ruim, mas a sombra não tornou a aparecer, porém passei a me sentir observada, e minhas mãos tremiam, o que tornava tudo pior.
Peguei a segunda lâmpada, e quando me virei eu encarei, talvéz, aquele vulto, mas agora tinha a forma de um humanóide, sem face ou detalhes corporais, mas tinha forma, ele abriu os "braços" para me segurar, mas, quando pisquei os olhos, ele sumiu.
Eu estava em pânico, e nisso a lâmpada verde caiu. Droga, droga, droga, não! Como ia iluminar a sala? Droga!
Sentia aquela criatura passando pela minha volta todos os momentos, e a lúz que iluminava a sala tornava a situação ainda pior. Apesar de tentar em fixar minha mente que era apenas um truque, eu nao conseguia me concentrar, minha respiração estava ofegante e minhas mãos tremiam cada vez mais.
A lâmpada branca do abajur.
Só poderia ser isso. Ela certamente funcionava corretamente, deveria estar mal posta.
Procurei entre as tralhas iluminadas pela luz fraca a lâmpada antiga, até encontra-la em cima da cadeira, junto aos outros objetos, peguei rapidamente e tomei folego para tirar a luz vermelha que pouco iluminava o local e encaixar a lâmpada branca.
Quando tirei, senti que aquela coisa havia ficado mais forte e agora era mais rápida e fazia zumbidos quando passava por mim.
Com as mãos tremendo, quase sem controle, coloquei a lâmpada no interruptor e girei, até que ela acendeu e permaneceu acesa.
Nisso, tudo silenciou e, aparentemente, aquela criatura havia sumido. Não podia acreditar que havia sido tão simples.
Ouvi uma voz vinda de um amplificador dizendo: Deposite os objetos na gaveta. Peguei os objetos e coloquei-os em um grande compartimento acoplado a parede, eu não tinha percebido aquilo ali antes.
Logo ao lado uma porta, que não estava lá quando entrei, ou pelo menos não percebi estar, na qual havia talhado na madeira o número 2.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Casa Sem Fim
HorrorNem todas as históras tem um final feliz, trágico, onde os mocinhos ganham ou perdem, onde o mistério é resolvido ou fica para a próxima edição... Muitas vezes as histórias simplesmente... Não tem um final.
