VII Sala 4 † Parte I †

131 8 0
                                    

Ao entrar na sala 4 eu tinha certeza de duas coisas:

●Não era ilusão, agora eu sabia disso...
●As "pistas" sempre me levavam ao caminho errado.

Estava com o rosto afundado em meus joelhos, tentando processar aquilo tudo, tentando ter coragem para ver o que encontraria nessa sala.

Sentia um turbilhão de lagrimas escorrendo dos meus olhos, minha cabeça estava girando, não sabia nem se conseguiria levantar. Mas sabia exatamente que se eu quisesse sair dali precisaria prosseguir.

Levantei a cabeça, os olhos fechados, sequei as lagrimas com a manga do casaco e só então consegui ver o que enfrentaria agora.

Um corredor, devia ter cerca de cinco metros de largura e, talvéz, quinhentos metros de comprimento. O chão era de madeira escura com um tapete vermelho no centro, cobrindo quase 90% do espaço. Do lado direito haviam janelas de vidro alinhadas, cobrindo a parede, que era muito alta, como se fosse formada por cinco andares sem piso, todas com cortinas vermelhas que iam até o chão. no pequeno intervalo entre cada janela havia uma mesa de canto com um vaso de flores. Na outra parede haviam centenas de quadros, aparentemente de pessoas da mesma família, classificadas por geração.

Levantei me apoiando na parede atrás de mim enquanto ainda observava a sala, peguei a lista do bolso:

●Munição;
●Lista telefonica;
●Câmera;
●Faca;
●Boneca de...

O restante estava completamente ilegivel, como se alguém tivesse borrado as palavras.

Ótimo! Tava fácil demais, né?

Em um ato infantil eu revirei os olhos e bufei, como quando recebia alguma bronca do meu pai ao fazer algo errado, guardei a lista e caminhei.

Enquanto andava eu percebi que fora das janelas não estava o exterior da casa, e sim uma imensa planície coberta de pedras. Talvéz fosse apenas um painel, não queria acreditar que tinha me teletransportado ou algo assim, eu pretendia manter minha sanidade.

Olhei para o outro lado, onde estavam os quadros, e notei que realmente era uma linhagem familiar, pois haviam nomes sequenciais sob as pinturas. Me sentia observada, mesmo sabendo que estava sozinha, pelo menos eu esperava estar.

Quando já tinha percorrido cerca de cinquenta metros uma das janelas se quebrou em um estrondo seguido de uma densa cortina de poeira. Protegi os olhos com os braços, ouvia estilhaços caindo no chão junto com as bases de madeira das janelas.

Ouvi a porta de entrada batendo, me virei em reflexo e vi "meu pai" parado em pé com as mãos sangrando e segurando uma motosserra. Ele tinha uma feição que eu jamais vi antes, parecia que era feito apenas de ódio.

Ele olhou profundamente nos meus olhos, sorriu e disse enquanto ligava a motosserra:

-Você deveria respeitar seus pais, garota.

(...)

A Casa Sem FimOnde histórias criam vida. Descubra agora