𝟎𝟑 : treinos, planos e mentira.

206 23 3
                                    


DOZE SEMANAS ATÉ AS FÉRIAS, TERÇA-FEIRA.

Senti o impacto na minha barriga quando Giulio jogou a bola de basquete na minha direção.

── Ontem você queria desistir, hoje não quer parar. O que foi? ── O observei sorrir igual idiota, e invés de me responder dar de ombros.

Estávamos treinando a horas, Danielle, Michele e Isabel estavam guardando suas coisas enquanto eu observava Giulio acertar a cesta mais algumas vezes, não querendo ir embora, até ele tentar me acertar com a bola.

── Fiz um acordo com a Arianna, se a gente ganhar, talvez ela ande de barco comigo. ── Revirei os olhos quando começamos a andar pela quadra, nos afastando dos outros próximos aos bancos.

── Você é muito idiota, tudo que faz é pensando na Arianna. ── Segurei a bola entre os meus braços, os cruzando.

Desde que conheço Giulio, ele é obcecado por ela. Mas Arianna nunca gostou dele, e mesmo assim ele nunca para de tentar.

Eu não consigo entender.

── Pelo menos eu me esforço. ── Tirou a bola de basquete dos meus braços como se tivesse ganhado a palavra final. ── Você não tá fazendo nada, nem com a Matilda.

── Eu falei que estamos próximos. ── Coloquei as mãos nos bolsos enquanto falava mais baixo, e observei Isabel e Danielle passarem ao nosso lado. ── Não se preocupa, tenho um plano.

Na verdade, a minha estratégia era a competição de BMX. Mas ela foi por água a baixo quando Matilda não pareceu interessada. Então não, eu não tenho uma plano.

Mas Giulio não precisa saber disso.

𓇼

QUARTA-FEIRA.

Tirando as brigas dos meus pais, a revanche de basquete e Matilda, eu também tinha que ter tempo para pensar no meu trabalho de informática. A tarefa era criar um aplicativo que contribuísse com a escola.

Um aplicativo que dá respostas para as provas não vale, eu perguntei.

Então, a minha segunda ideia era criar um anuário online. Era uma coisa fácil de se fazer. Principalmente com a ideia que eu tive de como conquistar a Matilda. Então, por quê não matar dois coelhos com uma cajadada só? Essa aposta já tá ganha.

── Matilda! ── A observei de longe, com um suéter branco, calças jeans e uma blusa verde de flanela amarrada na sua cintura. Tinha chovido a não muito tempo, e ela estava sem guarda-chuva. Os cabelos curtos pouco molhados balançaram quando ela se virou para trás, olhando na minha direção.

Levantei o celular e tirei uma foto.

── O que você tá fazendo? ── Ela falou um pouco mais alto do que o comum, e observei seu rosto bravo pela tela do meu telefone.

── Você não vai sorrir pra foto? ── Mesmo que eu estivesse a poucos passos longe dela consegui ouvir o suspiro irritado que ela deu. A conheço o suficiente para saber que quando ela suspira assim está prestes a me dar um soco. Aconteceu uma vez, pode acontecer de novo. ── Sorte a sua que é bonita.

Corri um pouco para alcançá-la quando ela se virou com a bicicleta, entrando no pátio da escola.

── É melhor você apagar. ── Nos cobri com o guarda-chuva enquanto íamos em direção ao estacionamento.

── Não posso, é meu trabalho de informática. ── Guardei o telefone no bolso da calça por precaução.

── O seu trabalho de informática é uma foto? ── Ela se virou para mim quando colocou a bicicleta numa vaga, estiquei o guarda-chuva sobre sua cabeça, e senti alguns pingos escorregarem pela minha bochecha.

𝐃𝐄𝐒𝟒𝐅𝟏𝟎 | 𝐏𝐈𝐄𝐓𝐑𝐎 𝐌𝐀𝐆𝐆𝐈. Onde histórias criam vida. Descubra agora