𝟎𝟓 : melhores amigos, inscrição e sangue.

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DEZ SEMANAS ATÉ AS FÉRIAS, SEGUNDA-FEIRA.

Eu odeio segundas-feiras. Odeio meus pais, e odeio as mensagens da Arianna.

Durante todo o café da manhã, minha mãe ficou reclamando sobre meu pai enquanto eu fingia ouvir. E durante todo o fim de semana, ainda tive que aturar Arianna enchendo meu saco.

Eu só a beijei por causa da aposta, e agora, faltava Matilda. Mas eu não sei o que fazer com a Miss Rebeldia, ela não me dá uma brecha. Ainda mais agora, que falei que gosto dela. Parece que isso só a fez tentar ficar o mais longe de mim possível. Mas agora já não tem mais o que fazer, a não ser continuar com essa mentira, claro, até eu conseguir um beijo.

Já eram sete e cinquenta quando entrei pelo portão principal. Logo a vi com Lívia, conversando num canto.

Talvez fazer ciúme nela ajude.

Acima da escada, Arianna e suas seguidoras estavam analisando todos os meus passos, o que significa que ela já tinha contado que passamos a tarde de sábado juntos.

Saca só.

── Oi, Pietro. ── A loira desceu alguns degraus, continuando mais alta que eu. ── Você viu minhas mensagens?

── Vi, você é uma boa fotógrafa. ── Ela agradeceu, mexendo no cabelo. Será que a Matilda tá olhando? ── Vamos pra aula? ── Forcei uma risada quando perguntamos ao mesmo tempo. ── Falamos juntos. ── E de novo.

── Roubei sua sorte. ── Ela encostou na ponta do meu nariz, o que automaticamente o fez coçar.

Ainda estávamos sorrindo no corredor, suas amigas atrás de nós. Arianna falava algo sobre as compras que fez no domingo, e por um segundo eu senti como se estivesse com a minha mãe, fingindo ouvir. Antes de entrarmos na sala, as três foram ao banheiro juntas e eu finalmente pude respirar.

Coloquei a minha mochila sob a mesa, a procura do meu caderno de matemática. De canto de olho, vi Lívia passar por mim, mas sem sinal de Matilda.

── Silvério, troca de lugar comigo. ── Giulio nem olhou para a minha cara enquanto conversava com Silvério.

Além de me ignorar pelo telefone, ele ia me ignorar na sala de aula, também?

Silvério colocou suas coisas ao meu lado, dando de ombros quando o interroguei.

── É sério isso? ── Giulio fingiu não me ouvir enquanto tirava os livros da bolsa. ── Ei, você tá louco? ── Quis lembrá-lo que a ideia havia sido dele, mas não podia fazer isso na frente da sala toda.

── Eu? ── Ele veio para a minha frente, falando mais alto que o comum. ── Eu to louco? ── Empurrou meu ombro com os dedos e me olhou de cima a baixo.

Tudo isso por causa da Arianna?

Inacreditável.

── Não me empurra. ── Eu já estava perdendo a paciência. Não queria ter que dar um murro no meu melhor amigo, mas ele estava me obrigando.

── Senão o quê? ── Ele falou com calma enquanto empurrava meu ombro de novo. Giulio sempre foi tão irritante?

── Quer que eu te mostre? ── Dei um passo à frente e a diferença de tamanho entre nós ficou mais evidente.

Giulio bateu no meu peito, fazendo eu colidir com a mesa atrás de mim. E essa foi a gota d'água. Entramos numa competição de quem desistia primeiro, com um monte de cotoveladas e empurrões. A multidão se formou a nossa volta antes que percebêssemos. Logo depois, o professor de inglês entrou correndo.

𝐃𝐄𝐒𝟒𝐅𝟏𝟎 | 𝐏𝐈𝐄𝐓𝐑𝐎 𝐌𝐀𝐆𝐆𝐈. Onde histórias criam vida. Descubra agora