Enquanto todos comiam em silêncio, fiz esforço para não parecer incomodada com esses quatro homens me encarando como se eu fosse um bicho esquisito.
Eu só queria minha cama e a nevasca.
— Darei uma festa amanhã para compensar a de ontem, então nem pensam em ir para o Ducado hoje.
Tô começando a te odiar real, velho.
Que ótimo, sem nevasca, sem cama, sem Maxi e sem roupa.
— Com todo respeito Vossa Majestade, mas o que iremos vestir amanhã? — Pergunto.
— Não se preocupem com isso. — Diz, simplesmente.
Eu que não vou contrariar, afinal se não tiver as roupas não poderemos ir.
Olho para onde o Príncipe Herdeiro e ele me encara de volta.
— Então vamos aproveitar que estamos aqui, e duelarmos? — Pergunto.
— E como pretende fazer isso, estando ferida? — Pergunta de volta.
— Isso não é nada, estou ótima, não é mesmo Asher? — Fito o Duque, que me encara surpreso mas não fala nada apenas balança a cabeça concordando.
Afasto a cadeira, e com calma me levanto.
— Bom, então eu o espero na arena Vossa Alteza.
Mesmo odiando, faço um coque no cabelo ainda molhado no topo da cabeça.
Agora todos me olham chocados, até mesmo as crianças.
O que foi agora? Dai-me paciência meu Senhor.
— A Duquesa definitivamente não é uma mulher normal. — Solta o Príncipe Levy do nada.
Seu tom de voz é quase um insulto, mas finjo ser um elogio para dar uns tapa nesse garoto.
— Pode me dizer para que lado eu vou para chegar a arena? — Ignoro sua fala complemente.
— Eu te levo. — Responde o Duque, já se levantando.
— Vamos juntos. — Diz o Imperador, pegando a todos de surpresa.
Já disse que esse velho é louco?
Não falamos mais nada, ajudo as crianças descerem das cadeiras, e seguimos todos juntos.
No meio do caminho, encontramos a Princesa Aurora, que depois de falar muito com o Príncipe, nos seguiu em silêncio.
Estou começando a me perguntar por que eu não vou com a cara dessa mulher se eu gostava dela como heroína da novel.
Depois que todos se acomodaram para ver o duelo, seguimos até as armas.
Estava procurando uma espada que não fosse muito pesada, quando o Príncipe para ao meu lado me olhando de cima a baixo.
— Aliás, só agora que percebi, você vai duelar assim? — Pergunta.
— Assim como, Alteza?
— De vestido.
— É o que parece, porque?
Antes que ele respondesse, um rugido se fez presente, seguidos de vários gritos assustados.
Olho para a entrada da arena a tempo de ver Nevasca correndo em minha direção.
Ninguém ousa ficar no caminho dela, e tão longo sinto sua língua no meu rosto.
— Nevasca? Querida, como chegou aqui? — Pergunto, fazendo carinho em sua cabeça e procurando ferimentos pelo seu corpo, ainda bem que não tem nada.
Em questão de segundos vejo nevasca mudar sua postura e encarar mortalmente algo atrás de mim.
Me viro no lugar e vejo o Imperador e seus Filhos vindo até nós, junto com o Duque e as crianças que correm para brincar com a Nevasca.
— Então essa é a famosa nevasca? — Pergunta o Imperador, com curiosidade.
— Sim, ela não estava no Ducado, Agnes? — Responde o Duque, e me pergunta em seguida.
— Sim, eu a deixei no meu quarto como sempre. — Tento controlar a raiva ao perceber sua insinuação.
— São tigres do Norte. — Diz, o Príncipe Levy e concordo com a cabeça, indo pegar qualquer espada, querendo que acabe logo.
Testo o peso da que peguei e fico satisfeita.
Peço a crianças para voltarem para seus lugares e digo o mesmo para nevasca, que logo segue até estar perto das crianças.
Vejo que todos voltaram para os seus lugares, ficando apenas um homem que não conheço, eu e o Príncipe.
Tomo a postura de luta e aguardo enquanto o Príncipe faz o mesmo.
— Em guarda! 3...2...1... Lutem!
Partimos para cima do outro e tenho que confessar que esse bastardo é bom, mas com o passar dos minutos percebo que está se contendo e fico muito irritada, e sem conseguir me segurar acabo avançando e deixando um corte bem perto de suas costelas.
— Não me trate como uma dama indefesa, Alteza. Vai acabar se machucando. — Digo.
— Essa imagem definitivamente não existe mais para mim. — Responde, com muita raiva.
Seguimos assim por um tempo, consegui acertar seu braço e ele me acertou na perna e na barriga.
A todo o tempo, escuto os rugidos de nevasca, as vezes furiosos e outros como se estivesse com dor por me ver ferida.
E quando o Príncipe vem com tudo para cima de mim, acabo me distraindo quando vejo nevasca vindo até mim, e grito para que fique.
Assim que termino de falar paraliso ao sentir a espada do Príncipe atravessando meu peito, bem próximo ao coração.
Viro a cabeça, vendo seu olhar horrorizado e percebo que foi um acidente quando me distrai.
— Puxe de volta. — Falo, o encarando.
Ele sai do transe e me encara mais horrorizado ainda.
— Precisa tirar, agora! — Digo, entredentes.
Ele me encara por segundos, tempo o suficiente para que eu veja uma nevasca furiosa correndo até nois.
Ela vai matar o Príncipe, e esse idiota não tira logo essa merda.
— Se não quiser que nevasca arranque sua cabeça é melhor tirar agora.
Ele finalmente segura firme a espada e tira de uma vez, me fazendo cabalear para frente, e ser segurada por ele.
Encosto a cabeça no seu peito por dois segundos para me acalmar, em seguida me afasto e o coloco atrás de mim.
— Calminha querida, estou bem. — Digo, quando acaba de chegar.
Ela me cheira e ruge alto, faço carinho em seus pelos até que se acalme.
Sinto meu corpo ficar pesado, e antes que caia no chão, braços fortes me seguram.
Nem preciso olhar para cima para ver quem é enquanto ele anda, o cheiro forte do Duque é irritantemente único.
Coloco a cabeça no seu peito, ouvindo seu coração batendo freneticamente.
— Eu perdi... não vou entrar na guarda. — Digo, sentindo uma tristeza horrível por falhar.
— Tsk, que seja! Se não entrar na guarda nós criaremos uma. Agora descanse um pouco, e não se preocupe com as crianças ela estão bem. — Responde o Duque.
E essa foi a primeira vez, em que me senti bem ao seu lado.
Vou esquecer tudo por hoje, e voltar a odia-lo amanhã.
— Obrigado. — Digo, quase num sussurro e me permito fechar os olhos e descansar.
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REENCARNEI COMO A MADRASTA DOS FILHOS DO PROTAGONISTA SECUNDÁRIO
RomanceDepois de perder a mãe, Hana se encontra sozinha e sua única felicidade até então é ler novels, mais unicamente as de fantasia e que envolvem famílias. Uma noite, depois de voltar do trabalho Hana adormece após terminar de ler sua novel favorita ma...